segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Amsterdã

No dia anterior, 12 de fevereiro, eu estava um tanto cansado. Havia enfrentado duas filas no Correio, na esperança de encontrar a carteira com os documentos de minha esposa, roubados de sua bolsa, na escola que trabalha, no dia 8 de fevereiro. Também estava tentando falar, já por três vezes, com minha filha (27), em viagem de trabalho aos Estados Unidos, a respeito do depósito do aluguel de seu apartamento, em São Paulo (Capital), e não conseguindo. Depois fiquei sabendo que a filha seguia viagem para Amsterdã, Holanda.

Passei então o dia 12 de fevereiro bastante conturbado. À noite, antes de dormir, pensei até em não fazer a habitual oração noturna. Relaxei na cama, e então falei com Ele: "Senhor! Amanhã é outro dia, não vou alimentar esta ansiedade. Não posso mudar o rumo natural de minha existência, devo respeitar a lei universal de causa e efeito. Ficarei agora tranqüilo, imaginando amanhã como um novo dia, um recomeçar!" 

Lembrei então de um trecho da obra "Um pássaro em vôo", de Osho, que li durante o Carnaval: "... Pela manhã, quando você está fresco e o sono o deixou e a consciência está surgindo novamente, o primeiro pensamento, a oração, a meditação, a lembrança, fixará o padrão para todo o dia. Esta se tornará a porta... porque as coisas se movem em cadeia... À noite também, quando você for dormir, o último pensamento torna-se o padrão para todo o sono. Se o último pensamento é meditativo, o sono inteiro se tornará meditação..."

No dia seguinte, 14 de fevereiro, logo cedo, ao sair de casa para trabalhar em São Paulo, busquei um livro, na estante do quarto de meu filho (18), para ler durante a viagem. Já com pressa, olhei direto para a capa azul de um deles; li o título, "Consciência é a resposta", de Robert Happé, e logo me interessei pelo tema. Com o livro às mãos, estranhei desconhecer que ali se encontrava tal obra, de meu interesse. Ao folheá-la, imaginei pertencer a minha filha, por haver várias anotações que lembravam a sua letra. 

Durante a viagem, apaixonei-me pelo conteúdo do livro, que tinha tudo a ver com algumas obras de Osho, que lera ultimamente.
Ao chegar a São Paulo, logo cedo, andando no Parque da Água Branca, onde trabalho, minha esposa ligou-me de seu celular. Ela desejava simplesmente tranqüilizar-me, pois a filha havia telefonado, naquele instante, de Amsterdã, após uma longa viagem dos Estados Unidos para a Holanda. Daí a razão de ela não ter atendido meus telefonemas no dia anterior. A esposa dizia-me para não me preocupar, pois a filha havia efetuado o depósito do aluguel.

Foi então que não pude conter a emoção. Aquela era verdadeiramente uma resposta a algumas reflexões existenciais.
Por que escolher aquele livro de minha filha, naquele dia, justo de um autor nascido em Amsterdã, no dia em que ela desembarcava em Amsterdã? Por que justo aquele livro escolhido para me aquietar e que tanto me surpreendeu, por revelar tudo o que eu precisava saber naquele dia?

Ao concluir, escolho uma das citações que grifei na obra de Robert Happé: "O que todos, como humanidade, precisamos fazer é soltar a programação e iniciar a conexão com o divino inerente a cada um de nós. Contudo, só conseguiremos contatá-lo quando fizermos uso de nossa capacidade intuitiva. Para que possamos ouvir o som da paz que mora dentro de nós, é preciso que nos aquietemos verdadeiramente. Enquanto a mente prosseguir ruidosa a tomar espaços, esse som é fugidio e incerto."

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