segunda-feira, 28 de julho de 2008

Caso Isabella Nardoni


(síntese dos artigos “Escravos do Sistema”, de autoria de Clóvis de Barros Filho, e “Gênese do Filicídio”, de Rubens Hirsel Bergel, publicados na revista “Discutindo Filosofia”, ano 3, nº 13) 

Segundo Clóvis, a impressão é que não se falava em outra coisa. Para ele, qualquer momento era (e ainda é) propício para interagir sobre a morte de Isabella Nardoni. “A presença do tema na agenda pública é garantida por uma cobertura jornalística exaustiva. A chamada “agenda-setting” pelos sociólogos dos meios de comunicação de massa é

a teoria científica que verifica essa relação, que investiga o efeito da mídia sobre as interações sociais”, diz.  

Clóvis explica que, de acordo com a agenda-setting, os temas mais vinculados na telinha, na imprensa e na web também são os mais debatidos pela sociedade. Sem conspiração ou manipulações necessariamente conscientes, observa o autor, afinal, toda a produção da mídia é coletiva, social. 

No artigo “Gênese do Filicídio”, publicado nessa mesma edição de “Discutindo Filosofia”, Rubens Hirsel Bergel escreve que a menina Isabella poderia não ter sido efetivamente jogada, mas sofrido uma agressão de menor monta – talvez com a mesma ferocidade. E seria mais uma das inúmeras situações que ocorrem todos os dias e que não são se tornam notícia. 

Rubens Bergel revela que, segundo notícia recente, no interior de Pernambuco, a menina Gabriela, de 12 anos, foi morta depois de estuprada e enterrada clandestinamente. O assassino, ao que parece, teria sido o pai, diz; apesar da brutalidade, o caso não ganhou maior espaço na mídia. 

Para Bergel, corriqueiramente, crianças e jovens são maltratados por seus parentes mais próximos, especialmente pelos pais. No ocorrido com Isabella, sustenta o autor, o que poderia ter sido mais uma agressão raivosa por parte de pais ou similares – e que freqüentemente termina sem maiores conseqüências físicas imediatas -, quis o destino que a fatalidade se consumasse. 

Para sintetizar, Rubens Bergel descreve que os elementos pequeno-burgueses dos Nardoni os credenciam como personagens desse cenário macabro – conluio de mídia mercantilista e público ávido pela sensação imediata da visão online indecente das vísceras do novo hit midiático, reality show espontâneo e natural. 

Para Clóvis de Barros Filho, o caso de Isabella Nardoni é típico da agenda-setting jornalística, na qual se elege o que informar à sociedade e se manipula a audiência da forma que lhe convier. 

Discutindo Filosofia 

É com prazer que transcrevo os propósitos da revista “Discutindo Filosofia”, que entra em seu terceiro ano. Para o seu editor, estar no meio de campo entre um grande público leigo, mas interessado, e especialistas sedentos pelo debate filosófico é uma tarefa prazerosa, porém extremamente árdua. 



Não é exagerada a afirmação, observa o editor. Para ele, se na intimidade de casa ou na descontração da mesa de bar todos  defendem espontaneamente, por exemplo, sua “filosofia de vida”, nos grupos de trabalho da academia ou nos congressos internacionais, é circunstancial uma boa análise que diferencie o conceito de “vida” do de “existência”. Por isso, arremata, o trabalho de estabelecer as diversas pontes entre esses universos é complexo; ainda mais em tempos de expansão da filosofia, quando ela volta aos currículos escolares e ao horário nobre da TV com a mesma facilidade que transita pelas universidades.

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