segunda-feira, 28 de julho de 2008

Mendigos: eles também nos ensinam muito

Naquela tarde, algo me chamou a atenção: um homem dividindo a comida com o seu animal. Qual dos dois estaria mais faminto? Pensei nessa coisa do amor correspondido. Em relação àquele homem, o sentimento do cão é o exemplo perfeito de amor desinteressado. Desencantado, é o animal que lhe empresta algum sentido à vida, alguma compensação. O cão, quem sabe, representa um filho, um amigo. Representa talvez um resgate da sensação de utilidade, da construção de uma relação simbiótica.

A fidelidade do animal é inquestionável. Talvez o cão represente para o homem-mendigo: um objetivo de vida, manter o bicho alimentado; uma prova de amor, indispensável para a sobrevivência humana; e uma oportunidade de se sentir útil, recompensado.

Constantemente, cenas com mendigos me obrigam a parar para pensar. Muitos andam acompanhados por cães. Imagino se há dificuldade para essas pessoas dividirem o escasso alimento com seus bichos. Só não fico mais angustiado por acreditar que a grandeza do ato do mendigo é resposta à fidelidade do animal. Por acreditar que a reciprocidade é que dá dignidade à vida desse homem.

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