domingo, 12 de março de 2023

Tudo tem o seu tempo. Grandes amizades também.

É compreensivo amigos se afastarem um do outro à medida que vão se desenvolvendo, cada qual à sua maneira


 Tom Simões, 12 de março de 2023

  

Há algo que diz: a amizade é o conforto indescritível de nos sentirmos seguros com uma pessoa, sem ser preciso pesar o que se pensa, nem medir o que se diz.

É compreensível que cada pessoa tenha o tempo certo para ficar na nossa vida, com algo a nos ensinar. Depois vá embora, permanecendo o carinho e as boas lembranças. Porém, nem sempre a reciprocidade permanece ao longo do tempo, por conta do desenvolvimento de cada um. Outras pessoas aparecem e nos cativam e alguns que considerávamos grandes amigos já não se fazem tão presentes como outrora.


Vive-se intensamente uma amizade quando ambos frequentam o mesmo ambiente durante muito tempo. Mas ao se afastarem de tal ritual, por força natural dos acontecimentos, a amizade pode não ser mais a mesma, intensa, após eventuais reencontros ou comunicações virtuais. Os amigos podem continuar se comunicando, mas não mais com a mesma regularidade de outrora; então vão se habituando com a distância. E não mais se experimenta a liga de outrora. Mas também pode acontecer de um antigo relacionamento comum de outrora passar a ser mais correspondido na atualidade, mesmo em raros reencontros. 

 

Há velhos amigos se comunicando pela rede social: “Precisamos nos encontrar...” É comum dizer um ao outro. E o encontro ficar na promessa! Isto me leva à máxima de Vinicius de Moraes: “Que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure...”

 

Vinicius dizia ser capaz de viver sem todos seus amores, referindo-se às muitas mulheres que teve, mas não sobreviveria sem seus amigos. “Os amigos são os amores do ‘coração que ama as histórias’, que ama ‘com-versar’; são testemunhas de nossa vida, como nossos cúmplices, e carregam nosso coração em suas mãos em alguns momentos, nas noites mais escuras da alma”.

 

Há algo que também acontece. Alguém que se faz de bom amigo durante muito tempo, por necessidade de apoio numa determinada circunstância, e um dia nos surpreende, após suceder-se bem na vida. Na vida, todos nós enfrentamos desilusões. Nos decepcionamos com amigos, parentes e até conosco mesmo. Importa como saber lidar com tudo isso. Importa não alimentar mágoas. A vida é uma grande jornada de aprendizados.

É triste quando um amigo se torna um desconhecido, como uma página virada em nossa vida. Sobra a indiferença. Mas ainda que o ‘então presumível amigo’ não tenha mantido fidelidade ao longo do tempo, a experiência foi certamente produtiva para ambos os lados.      

Mas eis que existe aquele tipo de ‘amigo’ que a Bíblia (Provérbios 18:24) cita como ´mais apegado que um irmão´, um confidente. “Ele ora pela sua vida e está sempre disposto a ouvi-lo com toda liberdade, esse tipo de pessoa que não desiste de você e incapaz de lhe abandonar”. Este é o amigo esculpido no tempo da dor e da frustração que nos sobrevêm em determinadas circunstâncias. Como lembra o monge budista Dalai Lama, líder espiritual do Tibete: “Amigos, amigos verdadeiros, têm muito mais a ver com o fato de que temos um coração quente, não o dinheiro ou poder”.

Todos os amigos são necessários e têm o seu lugar no nosso coração. Interessante observar na atualidade velhos amigos sem interesse de se comunicar, ainda que distantes geograficamente, apesar de toda facilidade proporcionada pela internet. Eu já tive oportunidade de localizar um e outro, comunicar-me e me surpreender: nada a festejar. Nesse caso minha expectativa gerou uma grande frustração.

 *  Leia também: https://www.ijba.com.br/blog/o-coracao-resiliente/

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