quinta-feira, 13 de outubro de 2011

“COINCIDÊNCIAS AUSPICIOSAS”

Como estamos em sintonia com o ambiente, ele se torna reflexivo em cada decisão que tomamos...

Coincidências... Quando a gente se dispõe a prestar atenção no que transcende à experiência humana, não raramente se surpreende com este pensamento de William Shakespeare: “Há mais mistérios entre o Céu e a Terra do que sonha a nossa vã filosofia”.

Às vezes tenho vontade de compartilhar algumas coisas inacreditáveis que acontecem comigo, mas sobre isso só consigo conversar com uma ou duas pessoas muito amigas. Não falo sobre essas coisas, talvez por receio de não entenderem minhas crenças.

Quem, por exemplo, nunca se surpreendeu ao reencontrar um amigo lembrado recentemente e que há muito tempo não via... Como se ele tivesse ouvido um chamado!

Creio também que o acaso não existe. Tudo no Universo está determinado, interligado, segundo a relação de causa e efeito.

Fazia tempo que eu não encontrava certo amigo. Nesse reencontro, em uma mercearia distante de casa, ele me disse que sofreria uma cirurgia dali a duas semanas. Dias antes da intervenção, ele cruzou novamente comigo, quando eu atravessava uma rua em outro ponto da cidade, e me chamou de seu automóvel. Dois encontros aparentemente casuais, que originaram a troca de conversa e e-mails, por eu desejar estar junto do amigo numa circunstância como essa. Boa notícia: a cirurgia correu muito bem, e ele já até promete um reencontro para tomarmos uma cerveja.

CORAGEM PARA SE DECLARAR MÍSTICO

Imagem: http://oventilador.org, Mundano, grafiteiro
“É preciso muita coragem para se declarar um homem de Deus. Você sabe que o mundo o aceitará muito mais rapidamente como tudo, menos um homem de Deus? Um autêntico mensageiro? Todos os Meus mensageiros foram desonrados. Em vez de terem glória, tudo que conseguiram ter foi uma tristeza profunda”, conta Neale Donald Walsch em seu livro “Conversando com Deus, livro I”, que li há alguns anos.

Diz o autor: “Eu gostaria que o objetivo da minha vida fosse a evolução da minha alma, expressar e experimentar a parte de mim que aprecio mais, a que me faz ter compaixão, paciência e sabedoria, dar e ajudar, perdoar e... amar”. Para Walsch, você pode simplesmente concordar que em algumas das questões da vida o mistério é grande demais para resolver? “E por que não permitir ao sagrado ser sagrado, e deixá-lo em paz?”, indaga.

“COINCIDÊNCIAS AUSPICIOSAS”

Acabo de ler “Governe seu Mundo”, do monge indiano Sakyong Mipham. Não raramente há livros que caem do Céu em minhas mãos. Alguns surgem para reforçar essas minhas ideias “malucas“, apaixonantes.

Sobre “coincidências”, revela o monge: “A mente que conhece sua profundidade é capaz de reconhecer a radiante magia elementar do mundo. Ficamos sensíveis às energias sutis do ambiente, e elas se tornam sensíveis a nós, pois nossos sentidos estão abertos a todos os domínios. Como estamos em sintonia com o ambiente, ele se torna reflexivo em cada decisão que tomamos, fechando a porta na nossa cara ou fornecendo o que precisamos para seguir em frente.”

Segundo Sakyong, o Buda ensinou que todas as coisas são interdependentes; nada acontece por iniciativa própria. Quanto mais nos conduzimos com sabedoria e compaixão, mais auspiciosa se torna a vida. É como se os “dralas” (a energia que confere bênçãos; manifesta-se quando superamos a agressão) estivessem nos oferecendo um presente. Agindo de modo virtuoso, empenhando-nos em servir outras pessoas, recebemos, em troca, harmonia e boa sorte. 

Para o monge, coincidências auspiciosas levam-nos rumo à alegria e à liberdade ao apresentar-nos circunstâncias que promoverão nossa realização e nosso entendimento. Elas podem nos levar até um mestre espiritual, um amante ou um novo amigo que mudará nossa vida. Por exemplo, o poeta Allen Ginsberg encontrou o pai de Mipham, que se tornou seu mestre, enquanto tentavam chamar o mesmo táxi em uma rua de Manhattan.

“À medida que avançamos no treinamento para exercer a governança, “tashi tendrel” – a coincidência auspiciosa – aumenta. A mente que conhece sua profundidade é capaz de reconhecer a radiante magia elementar do mundo. O mundo comunica-se conosco porque estamos disponíveis, como uma flor na primavera. As condições estão maduras, e a flor se abre. Sabedoria e compaixão sintonizam-nos com a vida, e o ambiente responde.

As causas e condições reúnem-se de maneira tal que sabemos quando é hora de agir – ou não. Quando estamos suficientemente despertos para reconhecer o que o mundo está nos apresentando, as condições podem nos mostrar o tempo certo para construir uma casa, começar um curso ou expandir nosso negócio”, explica o monge.

Nesta era de trevas, todos precisamos do máximo de energia dos “dralas” que pudermos obter, observa o autor. Para ele, às vezes, o simples ato de limpar o quarto, a escrivaninha ou o carro é um modo de atrair os “dralas”. Remover a desordem do ambiente e deixá-lo reluzente nos alegra. Uma situação trivial como essa pode ser o bastante para convidar os “dralas”. De um ponto de vista convencional, isso parece muito exorbitante. Mas o governante sabe que enriquecer o mundo com cuidado e apreciação é o caminho para viver uma vida de contínuo progresso, acredita o monge indiano.


A terra é onde vivemos, e o céu dá-nos a capacidade de viver com significado”, eis algo de Sakyong Mipham que me identifico plenamente.

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Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

Um comentário:

  1. Eu precisava ler isso, acho que algo me trouxe aqui! Amei Tom, palavras muito especiais e importantes. Vai me ajudar bastante!

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