sábado, 24 de setembro de 2011

MUNDO DAS APARÊNCIAS

Quando estamos no plano do ‘eu’, 
o que os outros dizem a nosso respeito tem grande poder

Joaquin Torres García,
pintor uruguaio, 1874-1949
Concluí neste domingo, 18 de setembro de 2011, a leitura de algo precioso, a obra do monge indiano Sakyong Mipham “Governe seu Mundo”, sobre a qual terei muito a citar também em artigos futuros. Despertando para a sabedoria de grandes filósofos, é surpreendente como passamos a dar sentido a tudo o que nos acontece. “A genuína apreciação de cada momento, desde a maneira como bebemos uma xícara de chá até como vestimos nossas roupas. Há um sentido uniforme e fluente em tudo o que vivenciamos”, revela o mestre. Uma curiosidade: Sakyong é adepto da prática de corrida.

Explorar leituras provocativas, que suscitem reflexões, é o propósito deste veículo de comunicação. Porque é gratificante compartilhar com o leitor sabedorias de notáveis seres humanos que venho colecionando, como uma contribuição genuína para a qualidade de vida. Isto me leva a Osho, líder espiritual indiano: “Tudo deveria ser registrado, nem uma única palavra deveria ser omitida, porque, quem sabe, essa única palavra pode dar a iluminação a alguém”.

De acordo com o monge Sakyong, quando somos enganados pelo mundo das aparências, não vemos além da superfície. “A mente mutável nos mantém aprisionados no sofrimento, em detalhes pequenos e sem importância. Perdemos a vontade de nos aprofundar e passamos a considerar importantes as menores coisas, as coisas mais irrelevantes. A contemplar a verdade, preferimos ouvir uma fofoca sobre uma celebridade que nunca encontraremos. Ficamos mais interessados em escutar uma nova canção no rádio do que em ouvir instruções que nos ensinem a conferir sentido à vida. Se alguém tenta nos dar um conselho, partimos para o ataque”.

Para o mestre, quando estamos no plano do ‘eu’, o que os outros dizem a nosso respeito tem grande poder. Ele explica: “Um amigo diz que estamos com uma boa aparência – nossa mente vai às alturas. Um colega diz que não estamos nos esforçando no trabalho – nossa mente afunda. Parecemos crianças, rindo em um minuto e chorando no seguinte. Na realidade, elogios e críticas são como ecos – não têm substância, não têm duração. Porém, quando perseguimos nossas projeções como um cão que corre para apanhar um bastão, até mesmo as palavras têm o poder de desestabilizar a mente. Ficamos pensando naquilo que tal pessoa disse e deixamos que isso estrague nosso dia”.

Quando ia para um de seus primeiros retiros de meditação, o monge Sakyong pediu a seu pai, Chögyam Trungpa Rinpoche, algum conselho. Então ele disse: “A maneira como você age quando está sozinho afeta o restante da sua vida”.

A virtude é prática, não moralista, escreve o autor. “Ela consiste no cultivo de pensamentos, palavras e ações que nos ajudam a sair do plano do ‘eu’. Quando mudamos nossos hábitos – o que fazemos e o que não fazemos -, estamos mudando de fora para dentro. Ao mesmo tempo, o que está dentro começa a sair. Temos mais espaço na mente, e nossa visão se torna mais ampla. Começamos a reconhecer nossa riqueza inerente, o brilho que se esconde por trás das nuvens da tensão e da ansiedade. A natureza da mente é pura, assim como o céu. Como o espaço, ela tem a propriedade de acomodar. Como a água, ela é clara e límpida, sem obstruções ou opiniões. Essa é a bondade fundamental, a natureza indestrutível de nosso ser”.
MAGNETISMO


Já escrevi sobre isto, algo do próprio autor, mas rever bons ensinamentos fortalece o aprendizado: “Quando nos alinhamos com a bondade fundamental, o ambiente começa a refletir nossa abertura. Sem esforço, e como que por mágica, atraímos o que precisamos. Sem a capacidade de governar os pensamentos, cada capricho que entra por nossa porta nos seduz ou sequestra. Somente quando temos um plano para trazer significado à vida podemos realmente progredir”.

E então observa o monge indiano: “Quando nos livramos da mente mesquinha, surge uma energia magnética natural. Existe algo carismático em nós. Não apenas parecemos bem exteriormente; é de dentro para fora que irradiamos. Nosso campo de poder é puro e sem impedimentos”.

Em “Consciência é a Resposta”, que li em fevereiro de 2008, Robert Happé escreve: “Ao nos tornarmos mais sábios, tornamo-nos também mais simples, até o dia em que passamos a perceber conscientemente a amplitude do nosso próprio saber, não mais turvado pelo que os outros dizem. No momento em que abrimos nosso próprio olho interior e passamos a enxergar com os olhos claros e cristalinos da inocência, faremos contato imediato com a força divina dentro de nós, que tudo renova”.

Não há nada de nobre em ser superior a outra pessoa. A verdadeira nobreza consiste em ser superior ao seu eu anterior. Se você quiser melhorar a sua vida e vivenciar tudo o que merece, precisa disputar sua própria corrida. Não interessa o que as outras pessoas vão falar de você. O importante é o que você fala para si mesmo. Não se preocupe com o julgamento dos outros, contanto que você saiba que está fazendo o que é certo”, observa Robin Sharma, um dos autores de maior renome no campo da gestão e do desenvolvimento pessoal nos Estados Unidos.


Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

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