sexta-feira, 8 de abril de 2011

CASAL INDEPENDENTE (Não deixem de ler)


Até quando perdurará o controle insensato, desumano, de um pelo outro? Que insegurança é essa? A gente prefere alguém a nosso lado por livre e espontânea vontade ou por pura insegurança de nossa parte? É o medo de perder o(a) parceiro(a)?

A lógica pode ser: ainda que se esteja muito envolvido emocionalmente com alguém, não dá para impor normas. Há momentos em que a pessoa deseja estar só ou com amigo(s), mesmo que por algum tempo, em uma viagem por exemplo. E isto, quando admitido naturalmente por um e pelo outro, sim, porque os dois têm de estar amadurecidos nesse sentido, e quem ganha, o que se fortalece, é o relacionamento a dois.

Estar ausente fisicamente não significa estar desinteressado da relação a dois. E se, de verdade, estar desinteressado for o caso, melhor o casal optar pela separação, sem mágoas. Porque hoje já se veem casais separados convivendo como bons amigos, como pessoas sensatas.

Há casos em que, ainda que a pessoa tome a iniciativa da separação por conta do difícil temperamento do outro, irresponsabilidade ou outra razão, ela compreende e respeita o ex-cônjuge, dispondo-se a contribuir para o seu crescimento. Este é o procedimento natural que se espera no desenlace do matrimônio, sobretudo quando o casal tem filhos.

INDEPENDÊNCIA

O que originou o presente artigo foi a crônica “Casais de duas culturas”, escrita pelo jornalista americano Michael Kepp, publicada na Folha de S.Paulo, caderno Equilíbrio, de 5 de abril de 2011. Kepp está radicado no Brasil há 28 anos.

Segundo o autor, quando se mudou dos arredores de San Francisco, a cidade mais progressista dos EUA, para o Rio de Janeiro, o feminismo já havia tornado as mulheres americanas mais autônomas socialmente. “Lá, mulheres casadas podiam passar finais de semana com as amigas em spas campestres, trocando confidências em poços de águas termais, sem que seus maridos se queixassem”, revela o jornalista. 

Kepp conta que casais de San Francisco continuam a passar parte considerável de seu tempo de lazer separados, porque precisam de “espaço” – gíria para independência social. Um amigo seu, americano, faz viagens anuais de uma semana com um amigo, para criar “espaço” entre ele e a mulher, ainda que os dois tirem férias juntos. 

E tem mais: um amigo carioca de Kepp se queixa à mulher de que as viagens de negócios de um mês de duração que ela realiza lhe causam sensação de abandono. “Nos EUA, não apenas em San Francisco, alguns casais passam muito mais tempo separados do que juntos, devido às demandas de suas respectivas profissões”. 

RELAÇÂO EQUILIBRADA

Para complementar este meu artigo, busco ainda inspiração no livro presenteado recentemente pelo amigo Lineu, “A morada da paz”, de Rabindranath Tagore, que escreve: “O amor, porém, é liberdade, é o próprio oposto de qualquer forma de escravidão. É ao amor que apelamos com todo o nosso ser. Ora, o amor nasce apenas onde se equilibram as forças de diferenciação e as forças de unificação, onde a individualidade não prejudica a união e onde a união não destrói a individualidade. Quando esses aparentes opostos coexistem sem conflito, eles se desabrocham, um por meio do outro”.

Para Rabindranath, cada um procura ao mesmo tempo a realização de sua própria pessoa e a comunhão com o próximo. Não estamos prontos para renunciar nem a uma coisa nem à outra. Nossos esforços e nossas criações não têm outro fim senão permitir uma coesão entre essas tendências complementares, a fim de que cada um possa ligar-se a todos sem nada perder de si mesmo, revela o escritor. 

Minha filha Ana Flávia casa-se no próximo sábado, dia 9 de abril de 2011. É a ela e ao Fábio que dedico esta reflexão. 

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Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

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