quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

SOBRE ESSE HÁBITO DE JULGAR OS OUTROS

Ilustração: http://anespbmovimento.blogspot.com
É comum sonharmos com mudanças pessoais e, por acomodação ou falta de coragem, adiarmos alguns projetos essenciais a uma existência de paz, que culminam necessariamente com a capacidade de nos tornarmos menos individualistas e mais solidários.

Um exemplo? Evitar prevalecer alguns de nossos argumentos, ainda que consistentes, para criticar o outro, mesmo que se trate de alguém insensato e intolerante. Ou deixar essa tendência de fazer especulações e julgamentos desnecessários sobre o outro, que, certamente, servem apenas para preencher nossas lacunas existenciais.
Segundo um texto taoísta que aborda a sabedoria do interno, cada vez que julgamos alguém, a única coisa que fazemos é expressar nossa opinião pessoal, e isso é uma perda de energia, é puro ruído. “Julgar é uma maneira de esconder tuas próprias fraquezas. O sábio tudo tolera, sem dizer uma palavra”, diz o texto, traduzido por Stela Lecocq.

Cita também o texto: “Recorda que tudo que te incomoda nos outros é uma projeção de tudo que não vences em ti mesmo. Deixa que cada um resolva seus problemas e concentre tua energia em tua própria vida. Ocupa-te de ti mesmo, não te defendas. Quando tentas defender-te, na realidade estás dando demasiada importância às palavras dos outros, dando mais força à agressão deles”.

É preciso refletir sobre: quando julgo, coloco-me numa posição de “dono de certas verdades”, ignorando, inconscientemente, tudo o que também faço de errado. Trata-se daquela necessidade de se colocar no lugar do outro, que raras pessoas conseguem praticar.

Quem não comete uma pequena falha no trânsito? Mas, ai daquele que eu presenciar cometendo! Quem não se distrai e quebra um objeto? Entretanto, é sempre o outro que é distraído!...

“Por que tantas pessoas são cegas para os próprios defeitos?”, indaga o jornalista Michael Kepp em seu artigo “O pior cego...”, publicado na Folha de S. Paulo, caderno Equilíbrio, de 14 de setembro de 2010. E mais: “Estaríamos todos, como disse Nietzsche, condenados a ver o mundo e a nós mesmos a partir de nossa perspectiva parcial e distorcida?”

Kepp revela que a maioria se recusa a aceitar opiniões sobre si mesma que contradigam aquilo em que acredita. “Alguns se recusam a ouvir a voz interior que, ao contrário da voz falada, não mente”, diz.

O jornalista fala sobre um de seus defeitos que se suavizou: criticava, sem aceitar bem críticas. Quando amigos lhe diziam isso, gritava com eles, o que tendia a reforçar o argumento. Hoje, ele aceita melhor as críticas, porque revelam tanto sobre quem critica quanto sobre quem é criticado.

Culpar e reclamar

Em sua obra “O Aleph”, Paulo Coelho revela: “Não somos aquilo que as pessoas desejavam que fôssemos. Somos quem decidimos ser. Culpar os outros sempre é fácil. Você pode passar sua vida culpando o mundo, mas seus sucessos ou suas derrotas são de sua inteira responsabilidade. Você pode tentar parar o tempo, mas estará desperdiçando sua energia”.

Em “A viagem da sabedoria”, Andy Andrews cita Anne Frank: “Papai diz que reclamar é uma atividade, igual a pular corda ou ouvir rádio. Podemos escolher ligar o rádio e podemos escolher não ligar o rádio. Podemos escolher reclamar e podemos escolher não reclamar. Eu prefiro não reclamar”.

Andy Andrews recorre também a Abraham Lincoln: “Quando você se tornar alguém que os outros querem por perto, terá se tornado uma pessoa influente. Mas você nunca irá agradar a todos, e seu objetivo não deve ser esse. Buscar a aprovação de alguém preguiçoso ou invejoso é o mesmo que dar pérolas aos porcos”.

Para complementar, pesquisando o blog: http://stelalecocq.blogspot.com,  achei isto: “Fale apenas quando for necessário. Pense no que vai dizer antes de abrir a boca. Seja breve e preciso, já que cada vez que deixas sair uma palavra, deixas sair ao mesmo tempo uma parte de seu Chi (energia). Desta maneira, aprenderás a desenvolver a arte de falar sem perder energia”.

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