sábado, 28 de fevereiro de 2009

Semáforos: esmolas, venda de guloseimas, deficientes físicos, crianças equilibrando objetos...

Ao me defrontar nas ruas com alguém pedindo esmola, ou alguém vendendo algo no semáforo, sinto-me sempre angustiado. Como hoje, 29 de julho de 2003. Em dois semáforos na avenida Washington Luiz, em Santos, em lados opostos, dois portadores de deficiência física, em cadeiras de rodas, vendiam guloseimas. Se a gente é sensível a essa realidade, fica difícil passar ileso. Fica a tristeza, a reflexão sobre se colocar no lugar do outro, ou então, a quem toca o coração, o ato da doação ou então de um sorriso espontâneo. Quem observa com o coração os excluídos nas ruas tem já, certamente, algum tipo de compromisso com essas pessoas. Ainda que seja um simples “bom dia”, que significa a percepção do outro.

“Toda a humildade de que se precisa para pedir ajuda converte-se em humilhação quando se pede esmola. A humilhação rebaixa o homem no que toca a sua condição de humanidade, e não ao seu status social. Torna-o um ser humano menor, de segunda classe, que não pode jamais arcar sequer com a própria sobrevivência”, escreve Dulce Critelli, professora de filosofia da PUC-SP (Folha de S.Paulo, Equilíbrio, 17/7/2003). 


Para Dulce. “Tudo vale por dinheiro, comida, um olhar ou apenas uma palavra. A moral da humilhação sedimenta a exclusão social. Uma exclusão existencial. Uma exclusão da nossa própria humanidade. Uma exclusão alimentada por todos nós quando nem percebemos que é a humilhação dos outros que vale uma moeda”.


Diante de um semáforo instalado em uma movimentada avenida da cidade de São Paulo, uma senhora, aparentando idade acima dos 60 anos, vende jujubas. Passo por ali semanalmente, logo pela manhã. A imagem que guardo da vendedora é de um sorriso aberto ao oferecer as jujubas, como que desejando um dia feliz a todos que a observam. 


Geralmente as pessoas se enchem de razões para justificar a indiferença e insensibilidade em relação aos excluídos. Quem somos nós para julgar o resultado da vida de um ser humano, alicerçada sabe lá sobre o quê? Podemos não entender, não concordar, não se interessar. Mas o que importa a nossa maneira de enxergar o mundo, senão para viver verdadeiramente em paz?


“Dar de coração é uma das melhores coisas que você pode fazer, e a lei da atração irá captar esse sinal e conduzir ainda mais para a sua vida. Quando pensar que não tem o bastante para dar, comece a dar. Quando demonstrar fé partilhando, a lei da atração dará a você mais para dar. Você precisa primeiramente buscar a alegria interior, a paz interior, a visão interior, e depois todas as coisas externas aparecem” (Marci Shimoff, citado por Rhonda Byrne em “O Segredo”).


Citando “Paradoxo do nosso tempo” (de autor desconhecido), recebido do meu amigo Lineu: “É um tempo em que há muito na vitrine e nada no estoque. Um tempo em que a tecnologia pode levar-lhe estas palavras e você pode escolher entre fazer alguma diferença ou, simplesmente, apertar a tecla del”.

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