quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Psiquiatra aborda treinamento da emoção

Faça uma pausa em algum momento e leia este texto na íntegra, com absoluta atenção. Tenho certeza que lhe fará muito bem! Textos desta natureza podem ser lidos em um canto particular: na cama, antes de dormir; no jardim, no terraço, em uma viagem... Certamente há pessoas que, após mergulhar em uma leitura especial, sentem-se outras, descobrindo respostas a perguntas que fazem ao mundo e valores com os quais se identificam. Bom que isto aconteça, pois representa um "upgrade" em seu crescimento pessoal.
"Treinando a emoção para ser feliz". Está aqui uma obra de Augusto Jorge Cury, psiquiatra, psicoterapeuta, escritor e cientista, que pode beneficiar muita gente, sobretudo pessoas inseguras e sem esperança. Uma boa sugestão de presente, pelo custo acessível do livro.


Para esse escritor, segundo  www.pensador.info/autor/Augusto_Cury/ ,  "A maior aventura de um ser humano é viajar. E a maior viagem que alguém pode empreender é para dentro de si mesmo. E o modo mais emocionante de realizá-la é ler um livro. Pois um livro revela que a vida é o maior de todos os livros. Mas é pouco útil para quem não souber ler nas entrelinhas. E descobrir o que as palavras não disseram..."
Tenho o hábito de sublinhar trechos de livros que leio. Depois faço uma síntese, pensando em dirigi-la principalmente a pessoas que não têm o hábito da leitura. Eis o que sublinhei em "Treinando a emoção para ser feliz": 
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... A felicidade tem muitas filhas e filhos: o amor, a tranqüilidade, a sabedoria, a alegria, a paciência, a tolerância, a solidariedade, o perdão, a perseverança, o domínio próprio, a bondade, a auto-estima. Nunca se viu uma família tão unida! Se você maltratar alguns dos seus membros, tem grande chance de perder a família toda. Se ferir o amor, perderá a tranqüilidade; se a tranqüilidade abandoná-lo, perderá a perseverança; se a perseverança partir, perderá a sabedoria; se a sabedoria se for, a auto-estima dirá adeus.

Treinar a emoção é desenvolver as funções mais importantes da inteligência, tais como: aprender a gerenciar os pensamentos, proteger a emoção nos focos de tensão, pensar antes de reagir, se colocar no lugar dos outros, seguir os sonhos, valorizar o espetáculo da vida. Por que a solidão, a baixa auto-estima, a ansiedade, a fadiga e a irritabilidade têm sido companheiras de jovens e adultos? Porque eles nunca treinaram suas emoções para mudar os pilares de sua história.

... Toda vez que pensamos num obstáculo e o consideramos intransponível, ele nos paralisa. Ficamos engessados pelo medo. Pensar com lucidez é necessário, mas pensar excessivamente nas dificuldades que atravessamos trava a inteligência e rouba a esperança.

Não é possível apagar nossas histórias, só é possível reescrevê-las.

... Costumo brincar dizendo que os melhores filhos para ser educados são os dos outros e não os nossos. É fácil educar os filhos dos outros, pois não temos vínculos nem dificuldades com eles. Sem vínculo, o amor não cresce, mas onde há vínculos sempre há problemas e atritos. Não creia em manuais mágicos de educação. Creia na sua sensibilidade.

... Qual é a maior fonte de entretenimento humano? Não é o esporte, a TV, a literatura nem a sexualidade, como Freud pensava. A maior fonte é o mundo das idéias. Quantos pensamentos nós produzimos diariamente? Milhares e milhares. Pensamos sobre os fatos passados e futuros, sobre as circunstâncias da vida, sobre as tarefas do dia-a-dia, sobre as pessoas com as quais vivemos. Tente parar de pensar. Você não conseguirá. Pensar é o destino do homem.

Existimos para escalar o topo das montanhas, ainda que tenhamos que passar pelos vales da ansiedade e das frustrações.

... Infelizmente nossa espécie está adoecendo coletivamente. Adoecendo nem sempre por doenças clássicas, como a depressão, a síndrome do pânico, as fobias, mas pela solidão, pela falta de solidariedade, pela crise de diálogo, pela incapacidade de contemplação do belo, pela vida estressante, pelo individualismo.

O homem moderno nunca foi tão capaz para atuar no mundo de fora e nunca foi tão frágil para atuar no mundo de suas emoções e de seus pensamentos. A ciência produziu gigantes no mundo físico e meninos no território da emoção. Eles são eloqüentes para falar do mundo que os rodeia, mas se emudecem diante dos seus sentimentos. São competentes para realizar tarefas objetivas, mas não sabem lidar com suas perdas e frustrações.

... O homem do terceiro milênio tem mais conhecimento e menos alegria, tem mais informação e menos tranqüilidade.
... A tolerância é um atributo dos fortes e não dos fracos. A tolerância produz profunda estabilidade no campo da energia emocional. Só se constrói a tolerância se primeiro se construir a capacidade de compreender as limitações dos outros.

O mesmo princípio ocorre com a capacidade de perdoar. Perdoar não é sinal de fraqueza, mas de grandeza. Só fortes perdoam, só eles conseguem ver o que está por detrás do comportamento dos outros. A arte do perdão protege a emoção.

A capacidade de perdoar e de ser tolerante depende de um treinamento.


... Embora a tendência humana seja diminuir a intensidade do prazer ao longo da vida, o envelhecimento da emoção não acompanha o envelhecimento das células. É possível ser jovem no corpo de um velho e um velho no corpo de um jovem. Alguns jovens têm vinte anos de idade biológica, mas cem de idade emocional. Nada os satisfaz, tornam-se especialistas em reclamar, em ser irritados e tensos.

Alguns idosos têm oitenta anos de idade biológica, mas são jovens na idade emocional. Eles vivem com aventura, estão sempre bem humorados e dispostos. Sorriem, brincam e sonham com facilidade, apesar dos problemas e das marcas do passado. São jovens no corpo de velhos e conviver com eles é uma lição de vida.

... Apesar da epidemia do envelhecimento precoce da emoção, gostaria de dar uma excelente notícia: a emoção pode ser rejuvenescida. É possível resgatar o prazer de viver, é possível treinar a emoção para ser jovem, desprendida, livre, feliz.

... Os sonhos animam a alma, renovam as forças. Quem nunca sonhou não correu riscos na vida, nunca lutou por algo que amou.

... O mundo psíquico tem capacidade de atuar no mundo físico mais do que imaginamos. Grande parte das doenças físicas é desencadeada por fatores emocionais. Faça um favor ao seu corpo, ande pelas veredas da felicidade.

... Os jovens em especial são vítimas da SPA (Síndrome do Pensamento Acelerado), que descobri ao longo de minhas pesquisas. Os professores não sabem por que os atuais estudantes cada vez se concentram menos em sala de aula e estão mais irritadiços e inquietos. A SPA é um dos grandes motivos.

Essa síndrome os leva a ter baixa capacidade de pensar antes de reagir e a procurar desesperadamente novos estímulos para excitar sua emoção insatisfeita, por isso tumultuam o ambiente.

A transmissão fria do conhecimento em sala de aula virou um canteiro de tédio para os estudantes. Não estamos formando jovens emocionalmente saudáveis. Não estamos produzindo pensadores, mas reprodutores do conhecimento.

Os jovens passam por uma crise existencial. São vítimas de um mundo alucinante, veloz, ansioso, que nós criamos. Eles têm acesso ao mundo do prazer propiciado pela poderosa indústria de entretenimento, mas têm sido tristes, solitários, irritadiços. Se fosse possível comparar as ondas cerebrais dos alunos de há um século com os da atualidade confirmaríamos a mudança no ritmo cerebral deles. A velocidade de produção dos pensamentos hiperacelerou-se na maioria dos jovens e adultos.

... Lembre-se de que alguns quiseram cultivar a felicidade em laboratório. Isolaram-se do mundo e dos problemas da vida, mas a felicidade enviou um claro recado dizendo que ela apreciava o cheiro de gente e crescia no meio das dificuldades. É no deserto dessa sociedade alucinante que nós devemos encontrar o oásis.

INTELIGÊNCIA MULTIFOCAL

Por pensar excessivamente e não qualitativamente, fazemos dos pequenos problemas grandes obstáculos. Devemos treinar pensar multifocalmente e usar nossas dificuldades como desafios. Precisamos desenvolver as funções mais importantes da inteligência. No livro "Inteligência Multifocal", enumerei cinqüenta delas, mas aqui gostaria de destacar apenas dez:
1 – A arte de amar a vida e tudo que a promove;

2 – A arte de contemplar o belo;

3 – A arte da serenidade: pensar antes de reagir;

4 – A arte de expor e não impor as idéias;

5 – A arte da solidariedade;

6 – A arte de gerenciar os pensamentos dentro e fora dos focos de
tensão;

7 – Colocar-se no lugar dos outros;

8 – Ter espírito empreendedor;

9 – Trabalhar perdas e frustrações;

10 – Trabalhar em equipe.

Se você tem cinco dessas características bem trabalhadas em sua personalidade, sua maturidade emocional está bem acima da média. Infelizmente, a grande maioria das pessoas não tem constituída na colcha de retalhos da personalidade sequer duas dessas dez características.
É fundamental investir nossas vidas naquilo que o dinheiro não compra e o "status" não propicia.

... Quando o "stress" se torna doentio? Quando fabricamos inimigos que não existem, quando nossos colegas de trabalho e nossos familiares se tornam um problema; quando vivemos em função de necessidades sociais não prioritárias; quando gravitamos em função de nossas dúvidas e compromissos financeiros; quando não conseguimos aquietar os pensamentos nos finais de semana.

Nós esperamos retorno das pessoas, por isso sofremos. Os mais íntimos são os que mais nos decepcionam, pois não correspondem às nossas expectativas.
Treine gastar tempo com aquilo que lhe traz paz. Não tenha medo de falar de si mesmo. Se a sua visão for curta, seu problema será enorme. Não espere dias melhores, transforme seus dias ruins.
Você nem imagina o quanto é bom transformar pessoas distantes em pessoas próximas.

Vença a paranóia de ser o número um em todas as atividades humanas. Aceite suas limitações com naturalidade. Não coloque um peso sobre você acima do que possa suportar. Seja o número um em ser fiel à sua consciência e em fazer tudo que estiver ao seu alcance para ter dignidade e eficiência, mas não para que o mundo esteja aos seus pés.

Desaprendemos uma das mais belas e importantes linguagens humanas, a das lágrimas. Tornamo-nos adultos inteligentes e reprimidos. Aprendemos a representar e a esconder nossos sentimentos atrás dos nossos diplomas e da nossa eloqüência.

... Gostaria de encorajar os leitores deste livro, sobretudo os médicos, psicólogos, professores, educadores religiosos, profissionais de recursos humanos e mesmo os jovens, a proferir palestras sobre o treinamento da emoção e o resgate da auto-estima. Precisamos fazer uma psicologia preventiva. Há mais pessoas sofrendo do que imaginamos. Aprender a nos doar sem esperar a contrapartida do retorno traz dignidade à vida e saúde para a emoção.

... Precisamos descomplicar nossas vidas e não ser escravos de nossas preocupações. Com a idade, perdemos a singeleza e a capacidade de aprender da infância e nos tornamos mais complicados, exigentes e rígidos. Por isso é mais prazeroso conversar com um jardineiro do que com um intelectual.

... As pessoas podem passar anos a fio pensando que nos conhecem na intimidade, mas conhecem no máximo a sala de visitas do nosso mundo consciente e nada dos espaços inconscientes. Nem nós mesmos conhecemos grande parte das causas de nossa insegurança, momentos de hesitação, intranqüilidade e sentimentos mais ocultos.

Cada ser humano é uma fonte de perguntas em busca de grandes respostas. A ciência responde a milhões de perguntas, mas não sabe responder às perguntas mais básicas da vida.

... Os políticos se preocupam com índices de popularidade. A sociologia lida com estatísticas. Os diretores e apresentadores de programas de TV se preocupam com índices de audiência. Somos cada vez mais um número de identidade, uma conta bancária, um título acadêmico, um consumidor em potencial e não um ser humano ímpar, inigualável.
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