quarta-feira, 31 de março de 2010

Jornal x internet

Sou absolutamente fiel nas transcrições que faço para o meu blog, indicando o nome do veículo consultado e do autor do artigo. Ao ser entrevistado por Ubiratan Brasil (jornal “O Estado de S. Paulo, 13/3/2010), o autor de “O Nome da Rosa”, Umberto Eco, considera que o problema básico da internet é que os conteúdos lá depositados nem sempre são seguros, dependendo sempre da capacidade e honestidade de quem os produz.
 
Jornais, livros e outros veículos impressos são, ainda para mim, os meios mais seguros para eu utilizar como fonte de referência em meus artigos. Como este texto que selecionei agora: “Jornal x internet”, de autoria de José Sarney, publicado no jornal “Folha de S. Paulo” (Opinião) de 26 de março de 2010.
 
Segundo Sarney, o professor de jornalismo Philip Meyer, citado por José Luís Barberia (“El País”), depois de examinar o fechamento de jornais, a diminuição de leitores, a migração de anúncios para a web, profetizou a data de 2044 para o desaparecimento do último leitor de jornal.
 
Sarney concorda com Elio Gaspari, que há alguns anos afirmou que o livro e o jornal jamais acabarão; eles resistirão às novas tecnologias. Mas, acrescenta Sarney: “... com algumas mudanças importantes. Bill Keller, do ‘New York Times’, talvez tenha sintetizado essas mudanças com o conceito de ‘união objetiva’: a sobrevivência do jornal está em ser sério, pensar na sociedade, alicerçar sua credibilidade na precisão da informação, deixando de lado velocidade e sensação, terreno em que não tem como competir com as outras mídias, principalmente a internet”.
 
Para Sarney, a vitória do jornal será o bom jornalismo, bem feito, com grandes jornalistas, sobre o mau jornalismo de profissionais medíocres e conteúdo duvidoso ou irresponsável. “Esse será o embate, menos tecnológico e mais de recursos humanos. A diferenciação entre o internauta descompromissado e o jornalista sério. Entre o jornalismo de sensação e em tempo real e a análise da notícia, bem construída. Isso também pode se fazer na internet, mas, se o jornal não fizer melhor, se não morrer, será mídia marginal”.
 
“O problema na internet é que o volume de informação que ela nos oferece é tão grande que é impossível saber onde está a verdade. Mas, se ‘não foi a internet’ que inventou a mentira, tornou-se difícil viver tendo de procurar onde está a verdade. Hoje os acessos a alguns sites e blogs, a algumas ‘comunidades’ são muito maiores que a tiragem dos grandes jornais”, observa o escritor.
 
Finalmente, conforme acredita José Sarney, como o rádio e a TV não mataram o jornal, a internet não o matará. “Só quem pode matá-lo é ele mesmo, querendo ser internet ou fazendo mau jornalismo”.
 
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Foto: Renato Weil, ilustrando interessante artigo sobre jornais populares e formação de leitores em Belo Horizonte, http://www.letras.ufmg.br/atelaeotexto/entrevista_aqui.html

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