quarta-feira, 31 de março de 2010

Os “velhos” não são mais os mesmos. Que saudável mudança de mentalidade!

Textos que levam à reflexão e favorecem o autoconhecimento têm mais é que ser compartilhados. Que saudável mudança de mentalidade! Os “velhos” já não são mais os mesmos. Pessoas física, intelectual e profissionalmente ativas, após atravessarem a meia-idade, são os melhores exemplos. Segundo Kathlyn Hotynski, do “The New York Times” (textos selecionados para a Folha de S.Paulo de 15 de março de 2010), muitos “baby boomers” (americanos hoje na faixa de 55 a 64 anos) estão percebendo que a vida pós-aposentadoria não é apenas um lento declínio. Ainda há sabedoria a ser conquistada, escreve a colunista, trabalho a ser feito, aventura a ser vivida.
 
Para Kathlyn, o espectro do envelhecimento é nefasto: perda de memória, mortalidade. “Mas o medo do inevitável pode obscurecer o lado positivo de ficar mais velho: estar no auge”. Ela conta também que muita gente prospera em suas carreiras enquanto os colegas se aposentam. “Plácido Domingo, 69, ainda rege, canta e dirige duas grandes óperas [...] e Anthony Mancinelli, 98, foi declarado pelo ‘Guiness’ como o barbeiro mais velho do mundo – e ainda corta o próprio cabelo, relatou Vincent Malozzi no ‘The New York Times’. “Não estou nem considerando a aposentadoria”, disse Mancinelli, “porque vir trabalhar é o que me mantém ativo”.
 
A articulista americana relata que novas pesquisas mostram que a mente continua se desenvolvendo até o final da vida adulta. “O cérebro, ao atravessar a meia-idade, melhora no reconhecimento da ideia central”, escreve Barbara Strauch no “Times”. “Se mantido em boa forma, o cérebro pode continuar a construir caminhos que ajudam seu dono a reconhecer padrões e, como consequência, ver significado e até soluções muito mais rapidamente do que um jovem consegue”.
 
Para o psiquiatra Marc Agronin, em artigo no “Times”, sentir pena do idoso, mesmo num asilo, é um equívoco. “Vemos nossa própria idade como o mais normal dos tempos, como toda vida deveria ser. Aos 18, os cinquentões parecem velhos, mas aos 50 anos somos aptos a dizer o mesmo dos octogenários”, revela Kathlyn Hotynski.
 
E quanto aos centenários?, pergunta a articulista. “Eu esqueci que era tão velha”, disse uma paciente centenária ao psiquiatra Agronin. E dali ela foi para o bingo, finaliza Kathlyn.
 
Velhos que não se reinventam
 
Marcelo Coelho, articulista do jornal “Folha de S.Paulo”, aborda o lado convencional da velhice, em seu artigo “Cada um na sua tribo” (Folha Ilustrada, 16/12/2009): “Haveria muito a dizer, sem dúvida, sobre ‘os velhos’. Ou sobre ‘o velho’ nos dias de hoje. Uma lista de defeitos ou, para dourar a pílula, de ‘problemas’ pode ser rapidamente elaborada. O velho, ou o adulto em geral, reúne-se apenas em restaurantes e, na maior parte do tempo, só fala em comida. Assiste à televisão demais e costuma ler pouco. Raras vezes admite ter algum problema com excesso de trabalho, de sedentarismo, de bebida. Não costuma, aliás, falar de seus problemas com os mais jovens”.
 
Ignora qualquer conselho dos filhos, escreve Marcelo. “É arrogante o tempo todo. Não tem um décimo da consciência ecológica de uma criança do pré-primário. É individualista, consumista, frustrado e ressentido. Perdeu qualquer senso de aventura e novidade na vida. Sua indisposição para o aprendizado é alarmante, e não só em frente a um computador”.
 
“Acredita ter todo tipo de direitos – perante o Estado, a comunidade, os empregados, os vizinhos – e reage mal se lhe disserem que não retribui o bastante quando se entrega a um trabalho rotineiro, sonega impostos e prefere ficar em casa a participar de qualquer movimento pela melhoria da situação. O velho é chato. Não escuta. Não tem imaginação. Não conversa. Não ri. Não presta atenção em nada”, comenta o articulista.
 
Para Marcelo, existe o declínio natural da idade, claro. Ele complementa que, antes mesmo de chegar à senectude, o adulto já fareja as vantagens que pode auferir desse estado terminal. Relativamente cedo, passa a exigir respeito e tolerância pelos defeitos que sempre teve. Pode até se orgulhar quando diz: ‘Já não tenho paciência para esse tipo de coisa...’. Ou repetir o mesmo tipo de frase que condenaria no filho ou neto adolescente: ‘Não me interesso minimamente por isso, ora bolas’.
 
Mas Marcelo reconhece as exceções. “Há velhos que se reinventam, adultos que admitem seus erros, pais que não se refugiam na mesmice”.
 
Para mim, o importante mesmo são os sinais alentadores das novas tendências, quando não raramente passamos a nos surpreender com alguns  “baby boomers” se relacionando tão produtivamente com a juventude, tornando-se amigos “do peito” de jovens que valorizam a sensibilidade e a sabedoria de pessoas experientes. Eis uma troca de valor incalculável: compartilhar a sabedoria e a juventude, esse estímulo indescritível proporcionado pelo jovem. Nessa relação, o benefício é recíproco. Isto eu (61) posso afirmar por experiência própria, através do meu relacionamento com João (17), http://jonesbasketball.blogspot.come com Lineu (na faixa dos 30), http://www.blogdolineu.blogspot.com, por exemplo, que conheci na academia de ginástica, sem contar vários outros jovens amigos.

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