domingo, 25 de junho de 2023

"PORQUE SER NEGRO NO BRASIL É CRIMINALIZADO. SER NEGRO É PROIBIDO"

Com o escritor Geovani Martins, Marcelo Tas nos leva a uma jornada de reflexão profunda E OBRIGATÓRIA sobre as desigualdades raciais presentes em nossa sociedade

 

Assista à entrevista:


 

 Tom Simões, 23 de junho de 2023   

 

Na terça-feira (20/6/2023), no programa “Provoca, TV Cultura de São Paulo”, Marcelo Tas conversou com o escritor Geovani Martins, 32, autor do livro ‘O sol na cabeça’ – finalista do Prêmio Jabuti – e do romance ‘Via Ápia’, ambos publicados pela Companhia das Letras.

Geovani nasceu em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Estudou apenas até a oitava série, trabalhando em seguida como homem-placa e atendente de lanchonete e de barraca de praia, antes de se tornar escritor. Morou nas favelas da Rocinha e Barreira do Vasco, antes de ir para o Vidigal. Na entrevista, ele dá detalhes de sua escrita, infância e vivência na zona sul do Rio de Janeiro, além de outros assuntos.



Ao relembrar sua infância, Geovani compartilha sua experiência com a escola, afirmando que era um lugar que o aprisionava, apesar de proporcionar uma sociabilidade interessante. E menciona o dia em que um professor disse aos alunos que eles estudavam para se tornarem empregados dos alunos que frequentavam escolas particulares. “Isso me deixou com muito medo. Acho que o maior medo da minha vida era isso: viver a minha vida inteira servindo, sendo subvalorizado, sendo explorado”, completa.

Ao ser questionado pelo apresentador sobre a realidade das comunidades cariocas com a chegada das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), fundada em 2008, ele diz: "Foi muito louco esse período. Porque ser negro no Brasil é criminalizado, eu costumo dizer isso. As pessoas falam “Ah, a maconha é proibida. Não, a maconha não é proibida. Ser negro é proibido. Porque as pessoas brancas, de classe média, usam drogas na maior tranquilidade, sem nenhum medo". 

“O inconsciente tem um sistema de radar bem afinado, inacessível à mente consciente. Isso acontece totalmente fora da consciência”. Escreve Lori Gottlieb, escritora e terapeuta americana, em seu livro “Talvez você deva conversar com alguém”, que leio atualmente.

Eu alinho a essa ideia ‘o preconceito racial inconsciente’ que se encontra velado na maioria dos não negros, por conta de terem sido criados numa realidade preconceituosa, que hoje prenuncia sinais de mudança. As crianças do novo tempo já vivem num ambiente onde não se tolera mais qualquer tipo de preconceito. A educação integral passa por esse processo.

 

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