Tom Simões, jornalista, 12 de setembro de 2022
Parabéns,
leitor (a), pelo interesse nesta área de leitura, o que revela ter a chama
espiritual em seu interior. A chama é a alma do fogo. Significa purificação,
iluminação, amor espiritual e representa o espírito, bem como a transcendência.
No Budismo, a chama simboliza a sabedoria e o ato de queimar a ignorância.
A abordagem aqui referida não se trata de simples teoria; ela é fruto da minha vivência nestes 74 anos e expressa uma espécie de celebração da minha existência. Quem é capaz de não temer a morte? Consciente da responsabilidade com minhas circunstâncias, sinto-me gratificado com a paz interior, a pura felicidade que ora experimento. “O primeiro dos bens, depois da saúde, é a paz interior”, escreve François de La Rochefoucauld. Um autor desconhecido complementa: “Quem faz o bem conquista paz interior”. E não há nada que comprometa esse estado de calma e estabilidade emocional. Só quem amadurece consciente de sua missão na Terra e se alinha a ela não teme a morte. Daí a importância de nos libertarmos de padrões comprometedores de comportamento, observando a própria existência sob um novo olhar, uma nova perspectiva. A ignorância é o mal da Humanidade.
“O
despertar da consciência é um processo transformador que a gente pode
experimentar em diferentes fases da vida. Basicamente, envolve adquirir a
consciência de que se é muito mais do que apenas um corpo e uma mente, e que
dentro de cada um existe um espírito - princípio animador e vital que dá vida aos organismos físicos
e transcende a matéria”, cita https://jrmcoaching.com.br/blog/o-que-e-o-despertar-espiritual/ Aquele
que vivencia essa experiência adquire uma percepção especial que causa grandes
mudanças de comportamento na sua forma de se relacionar com suas circunstâncias
e conceber o Universo como uma totalidade ordenada e dotada de sentido.
Como
se lê em https://luzdaserra.com.br/artigos/32-dicas-para-evolucao-espiritual-na-pratica, desenvolver a
espiritualidade é assumir e cumprir compromissos com a nossa própria essência.
Quem não encontrar tempo para sua evolução inegavelmente vai se tornar solo
fértil para desequilíbrios de qualquer ordem por simples negligência. “Somos
Deus em essência, criados à Sua imagem e semelhança. Isso quer dizer que temos
a capacidade de vibrar, gerar e emanar as mesmas bênçãos que Ele possui, seja
quem Ele for. Não precisamos de religião para nos espiritualizarmos. A
consciência do coração é o nosso maior guia. Na verdade, o que mais importa é
viver de acordo com princípios divinos de amor, amor e amor”.
Sou
fiel à máxima de Sócrates, o
filósofo: “Só é útil o conhecimento que
nos torna melhores”, que depois de tantos séculos continua tão atual. Amar
e mudar o que está ao meu alcance é essencial para mim. Porque a vida só tem
sentido se for realmente para fazer o bem.
Os
verdadeiros ensinamentos sempre chegam até nós. Não deixemos que passem
despercebidos. É preciso despertar nesse sentido. Como revela a médica
antroposófica Michaela Glöckler, “Quanto
mais temos conhecimento de ‘si’ mesmo, tanto mais perguntamos como empregá-lo
no mundo”. É muito produtiva a reunião de saberes com pessoas esclarecidas.
“A
Humanidade ainda é bruta no empenho dos seus poderes. Mas em algum momento a
sua educação para a Comunidade Maior precisa começar”, cita um autor
desconhecido. Para termos as leis universais a nosso favor é necessário
praticarmos a auto-observação, de momento a momento, a fim de verificar se
nosso estado interno e nossas atitudes estão ou não a favor da vida, do amor,
do respeito e da consciência. Assim, poderemos traçar o nosso destino de uma
forma mais positiva e viver com paz, leveza e sabedoria.
O despertar da
consciência é algo essencial que dá sentido à vida. Ainda são raras as criaturas espiritualizadas,
aquelas que conduzem sua vida no caminho do bem em todos os sentidos,
esforçam-se para corrigir suas limitações e beneficiam direta e
desinteressadamente suas circunstâncias. É preciso criar condições para acessar
o despertamento.
A partir do despertar
tudo muda. A gente passa a se sentir ‘responsável’ pelos pensamentos, palavras
e ações. Uma vez despertada a
consciência, não há regresso: a transformação é permanente com foco no amor
incondicional. Até ao fazer uma crítica desnecessária sobre alguém, por
exemplo, imediatamente arrependo-me, corrigindo-me. Consciente no momento imediatamente
pronuncio: Perdoai-me Senhor! É
lembrar Buda: “Se te propões a falar,
pergunta sempre a ti mesmo: É verdade? É necessário? É gentil”?
O despertar consciente
possibilita experimentar naturalmente momentos de plenitude e solitude. Certa
vez alguém proferiu sabiamente: “Precisamos de tão pouco para ser felizes. O problema é que precisamos de muita
experiência para compreender isso”.
Apesar de séculos de esforços voltados para a elevação do bem-estar material, parece não estarmos alcançando a felicidade pura - a segurança e a paz de espírito que trazem satisfação duradoura.
“Como agimos o tempo todo no piloto automático
repetindo padrões na rotina de comportamento, estamos muito distantes de uma
conexão com o mundo espiritual, por isso nos sabotamos. Daí a importância de
conceber a espiritualidade como um pilar na nossa vida diária”, escreve a
terapeuta holística Francine Schemer,
https://editoradufaux.com.br/blog/como-me-conectar-com-a-minha-espiritualidade/
“O primeiro fato a considerar é que todas as coisas irradiam influência no meio em que se acham, e que o meio, por sua vez, lhes está sempre retribuindo a influência. Literalmente, todas as coisas – o sol, a lua, as estrelas, os anjos, os homens, os animais, as árvores, as pedras – tudo emite uma incessante corrente de vibrações”, escreve C.W. Leadbeater, em ‘O Lado Oculto das Coisas’, obra essencial no meu progresso espiritual, que eu li há 38 anos.
· Autor desconhecido
Para Osho, filósofo indiano, “a espiritualidade não lhe será revelada por outra pessoa. Ela surgirá naturalmente no seu próprio ser. Fique apenas em silêncio”. Cada pessoa tem sua forma de se conectar com o Divino dentro de si. Espiritualidade tem a ver com o propósito e sentido que a pessoa encontra para sua vida. Algumas encontram essa conexão com a religião, outras com elas mesmas através da leitura ou convivência com pessoas espiritualmente evoluídas, por exemplo. Mas até então prevalece ainda a disposição espontânea de o indivíduo despertar para a religiosidade. Cada indivíduo é o maior mestre da sua existência e o responsável por sua evolução. Pessoas mais sábias com as quais convivemos podem nos ajudar a compreender melhor os nossos papéis; no entanto, jamais executá-los por nós. Por outro lado, até então, raras pessoas são conscientes o bastante para reconhecer Deus dentro de si mesmas.
OM SHANTI OM
(Eu pronuncio
diariamente este mantra, agradecendo por algo. O mantra é um instrumento de
pensamento elevado)
OM é o som primordial, que tudo criou; o som do
Absoluto
SHANTI significa Paz
A espiritualidade nada mais é do que a reconexão com a nossa essência, acreditando-se sermos amparados por uma energia superior, ‘Deus’, como a gente o concebe. Daí a expressão: o ‘Deus’ interior. Ele se encontra adormecido em nosso interior. Deus é o homem acordado quando o ilusório poder religioso é superado pelo autêntico poder espiritual. Cada ser humano carrega latente em seu íntimo toda a sabedoria do Universo. Deus não tem como se identificar com nossas incoerências, injustiças, infrações, egoísmo, insensibilidade... À medida que nos elevamos espiritualmente, Deus vai se manifestando em nosso interior e se exteriorizando generosamente.
O que significa o eu interior?
Ele é mais do que nossa alma, nosso ego,
nossa individualidade. O eu interior se encontra em outra
vibração e dimensão, estando em contato contínuo com o mundo espiritual. É através
dele que nos ligamos a essa outra dimensão do ser.
O processo de autoconhecimento nunca acaba, já que o ser humano está em constante processo de mudança. Em vez de encarar o eu interior como algo que a gente descobre e passa a conhecer para sempre, é preciso olhar para dentro e aprender mais sobre si mesmo o tempo todo.
Observemos:
Ninguém se torna bom tentando ser bom, mas sim encontrando a bondade que já existe dentro de si mesmo e permitindo que ela sobressaia. No entanto, essa qualidade só se distingue quando algo fundamental muda no estado de consciência da pessoa. Buda e Jesus foram capazes de entender que essa identificação com o que é temporal e condicionado obscurece a luz do que é eterno e não condicionado e que brilha em cada ser humano.
“Mais do que em qualquer outra
época de sua história, a Humanidade tem hoje a chance de criar um mundo novo -
mais evoluído espiritualmente, mais pleno de amor e sanidade. Estamos vivendo
um momento único e maravilhoso: o do despertar de uma nova consciência. Ele
nos mostra que o salto para essa nova realidade depende de uma mudança interna
radical em cada um de nós. Precisamos nos livrar do controle do ego, pois essa
é a fonte de todo sofrimento humano. Sob seu domínio, somos incapazes de ver a
dor que infligimos a nós mesmos e aos outros. QUANDO DESPERTAMOS, o pensamento
perde a ascendência sobre nós e se torna o servo da consciência, que é a
ligação com a inteligência universal”. Este é um trecho da obra “Um Novo Mundo – O Despertar de uma Nova
Consciência”, escrita por Eckhart Tolle, pesquisador da
Universidade de Cambridge, que li em 2014.
A essência divina que há em cada um de nós
Lúcia Helena Galvão, professora de filosofia e membro da Nova Acrópole Brasil, que muito admiro, diz sabiamente: “Os homens nasceram para ser humanos, para chegar o máximo possível do ápice da condição humana. Ser o melhor que puder ser. Ver o horizonte para além daquele tamanho. O homem tem duas opções: ou ele sacraliza a vida ou ele banaliza a vida. O sagrado é a função de dar sentido a momentos da vida. Toda vez que sacralizamos um momento na vida, ele dura para sempre. A ideia é transformar todos os momentos do dia em ritos sagrados”.
·
Autor
desconhecido
Na concepção de Eckhart Tolle,
quando entramos em contato com essa dimensão que trazemos dentro de nós, e isso
é nosso estado natural e não uma conquista milagrosa, todas as ações que
praticamos e os relacionamentos que criamos refletem
o estado de unificação com a Vida Única que sentimos em nosso interior. Isso é
amor. Leis, mandamentos, normas e regulamentos são necessários para aqueles que
estão separados de quem eles são, da sua verdade interna. Essas regras
destinam-se a evitar os piores excessos do ego, porém, em geral, não são
capazes de sequer fazer isso. “AME E FAÇA O QUE QUISER”, palavras de Santo Agostinho. As palavras não
conseguem chegar mais perto da verdade do que isso. Quando entramos em contato
com a essência divina emana uma paz que não é ‘deste mundo’, porque este mundo é forma,
enquanto ‘paz’ é espaço. Essa é a paz de
Deus. O surgimento da consciência do espaço é o próximo estágio da evolução da
nossa espécie.
Considerado um dos maiores sábios de todos os tempos, Ramana Maharshi tornou-se conhecido no
Ocidente especialmente através do livro ‘A Índia Secreta’, de
autoria do jornalista e escritor inglês Paul
Brunton, que retratou os ensinamentos de Ramana, transmitidos na maioria das vezes em silêncio absoluto aos
seus discípulos. Brunton se destaca por seu ardor e imparcialidade no trato
dos problemas da cultura e do espírito.
De acordo com o escritor, o Oriente é o mostrador donde provém toda a luz que ilumina o mundo: luz do Sol e luz do Espírito. Não é sem significação que dali vieram para o Ocidente as grandes religiões e filosofias, e mesmo a ciência, que depois enriqueceram a cultura de suas nações.
“Mas o país oriental mais especialmente apontado como a
pátria da verdadeira espiritualidade e mistérios é a Índia, berço dos maiores
pensadores da Antiguidade. Mercê de seus antepassados gloriosos, ainda hoje
tudo ali respira e transpira religiosidade, misticismo e filosofia”, lembra Brunton.
“Todo mundo tem dentro de si o potencial da consciência
desperta, o potencial da autorrealização. Quando você exerce a consciência do
que é, você pode começar a despertar para a verdade. Ela passa por muitos
nomes, como a consciência cósmica e a autorrealização, por exemplo. Quando o
coração espiritual está aberto, o amor flui de um lado para outro. Você está no
paraíso, diz-se: ‘você experimenta momentos de plenitude’. O corpo físico ainda
expressará qualidades emocionais e mentais, mas suas energias vão em direção à
sua elevação”, orienta Ramana Maharshi,
1879-1950. Ele é citado em https://jardimdomundo.com/despertar-da-cosciencia-o-segredo-da-felicidade-plena/#:~:text=O%20Despertar%20n%C3%A3o%20%C3%A9%20um,de%20dentro%20de%20sua%20consci%C3%AAncia.
“Quando você começa a despertar espiritualmente, o Divino dentro de você começa a afastar as ilusões de dentro da sua consciência. Ele afasta seus pensamentos falsos, suas imagens falsas e todos os outros pontos de referência terrena que você aceitou como ‘você’. Quando a gente aprende quem é o ‘verdadeiro eu’, as ilusões desaparecem. A pessoa que você pensou que era, a filosofia que pensou que acreditava, já não servem mais”, professa Ramana.
Como escreve Eckhart
Tolle, a transformação da consciência está surgindo, em grande parte, fora
das estruturas das religiões institucionalizadas. Sempre houve bolsões de
espiritualidade, até mesmo nas religiões dominadas pela mente, embora as
hierarquias formais tentassem eliminá-los por considerá-los uma ameaça. O fato
de a espiritualidade estar aparecendo em larga escala fora das estruturas
religiosas é algo inteiramente novo. Em parte, como resultado dos ensinamentos
espirituais que surgiram fora das religiões estabelecidas, mas também em
decorrência da influência da antiga sabedoria do Oriente, um número cada vez
maior de seguidores das religiões tradicionais tem sido capaz de deixar de lado
a identificação com a forma, o dogma e um sistema de crenças rígido. Essas
pessoas têm descoberto a profundidade original que está oculta em sua própria tradição
espiritual, ao mesmo tempo que encontram a profundidade dentro de si mesmas. Elas compreendem que seu ‘grau de
espiritualidade’ não está absolutamente relacionado com aquilo em que
acreditam, mas tem tudo a ver com seu estado de consciência. Isso, por sua vez,
determina como alguém age no mundo e interage com os outros.
Tolle crê que uma parte significativa da população do
Planeta logo entenderá, se é que isso já não aconteceu, que nossa espécie está
diante de uma escolha radical: evoluir ou morrer. Uma porcentagem ainda
relativamente pequena da Humanidade – mas que cresce com rapidez – já está
vivenciando o rompimento com os antigos padrões mentais egoicos e sentindo a
emergência de uma nova dimensão de consciência. A mudança é mais profunda do
que o conteúdo dos nossos pensamentos. Na verdade, na essência da nova
consciência está a transcendência do pensamento, a recém-descoberta capacidade
de nos elevarmos ao pensamento, de compreendermos uma dimensão dentro de nós
que é infinitamente mais vasta do que a mente.
“Não estou no Mundo, o
Mundo está em mim.
Não estou no Corpo, o
Corpo está em mim.
Não estou na Mente, a
Mente está em mim.
À medida que me
desenvolvo, vou conhecendo cada vez mais meu ‘EU’ Superior”.
· Autor desconhecido
O que está surgindo agora não é um sistema
inédito de crenças, não é uma religião diferente, não é uma ideologia
espiritual nem uma mitologia. Estamos chegando ao fim não só das mitologias
como também das ideologias e dos sistemas de crenças. É que, se as estruturas
da mente humana permanecerem imutáveis, vamos sempre terminar recriando
fundamentalmente o mesmo mundo, os mesmos males, o mesmo distúrbio, argumenta o
escritor.
Confira outras
reflexões de Eckhart Tolle:
“[...] Existe um
hábito compulsivo de encontrarmos defeitos nas pessoas e nos queixarmos delas.
‘Porque quando critico ou condeno o outro, sinto-me maior, superior’.
Em determinadas
ocasiões, talvez precisemos tomar providências práticas para nos proteger de
pessoas profundamente inconscientes. Isso é algo que temos condições de fazer
sem torná-las nossas inimigas. Nossa maior defesa, contudo, é sermos
conscientes. O ego implica inconsciência. Ele e a consciência não conseguem
coexistir. O velho padrão mental, ou hábito mental, pode sobreviver e se
manifestar por um tempo porque tem o impulso de milhares de anos de
inconsciência humana coletiva atrás de si. No entanto, toda vez que é
reconhecido, ele se enfraquece.
No caso da maioria das pessoas, quase todos os
pensamentos costumam ser involuntários, automáticos e repetitivos. Não são mais
do que uma espécie de estática mental e não satisfazem nenhum propósito
verdadeiro. Num sentido estrito, não pensamos – o pensamento acontece em nós. NÃO CONSEGUIMOS NOS TORNAR CONSCIENTES DE NÓS MESMOS PORQUE ESTAMOS
SEMPRE CONSCIENTES DE OUTRA COISA QUALQUER. PERMANECEMOS DISTRAÍDOS PELA FORMA,
DE MODO PERMANENTE.
À
medida que a nova consciência for surgindo,
algumas pessoas se sentirão motivadas a formar grupos de relacionamentos que
a reflitam. E eles não serão egos coletivos. Seus membros não terão necessidade
de estabelecer sua identidade por meio deles, pois já não estarão procurando
nenhuma forma para definir quem são. Ainda que essas pessoas não estejam
totalmente livres do ego, elas terão consciência bastante para reconhecê-lo em
si mesmas ou nos outros tão logo ele se manifeste. No entanto, será preciso
estar sempre alerta, uma vez que o ego tentará assumir o controle e se
reafirmar de qualquer maneira. Dissolver o ego humano trazendo-o à luz da
consciência – esse será um dos principais propósitos desses grupos formados por
pessoas esclarecidas, sejam eles empresas, instituições de caridade, escolas ou
comunidades. Essas coletividades vão cumprir uma função importante no
surgimento da nova consciência. Enquanto os grupos egoicos pressionam no
sentido da inconsciência e do sofrimento, as agremiações esclarecidas podem ser
um vórtice para a consciência que irá acelerar a mudança planetária.
Se não gastamos todo o
nosso tempo com descontentamento, preocupação, ansiedade, depressão, desespero
nem nos deixamos consumir por outros estados negativos; se temos a capacidade
de desfrutar as coisas simples, como ouvir o som da chuva ou do vento; se
conseguimos ver a beleza das nuvens passando pelo céu; se temos condições de
ficar sozinhos de tempos em tempos sem nos sentir solitários nem carentes do
estímulo mental de um entretenimento; se somos capazes de nos ver tratando um
estranho com bondade sincera sem esperar nada em troca, isso significa que se
abriu um espaço – não importa que seja curto – no fluxo incessante de
pensamentos que é a mente humana. Quando
isso acontece, experimentamos uma sensação de bem-estar, de paz viva, ainda que
sutil. A intensidade pode variar de um sentimento quase imperceptível de
contentamento em segundo plano que os antigos sábios da Índia chamavam de
‘ananda’ – a alegria do Ser.
Como fomos condicionados
a prestar atenção na forma, provavelmente não temos consciência dela, a não ser
de modo indireto. Por exemplo, existe um elemento comum na capacidade de vermos
a beleza, de valorizarmos as coisas simples, de gostar de ficar sozinhos e de
nos relacionarmos com as pessoas com benevolência. Esse elemento comum é um
sentimento de contentamento, de paz e de vivacidade que é o pano de fundo
invisível sem o qual essas experiências não seriam possíveis. Ele é como o céu
sem nuvens. Não tem forma. É espaço – é silêncio, a doçura do Ser e
infinitamente mais do que estas palavras, que podem apenas sugerir o que ele é.
Quando você for capaz de senti-lo diretamente em seu interior, ele se
aprofundará. Então, toda vez que você valorizar algo simples – um som, uma
imagem, um toque -, nos momentos em que vir a beleza e sempre que tiver um
sentimento de benevolência em relação ao outro, sentirá a amplitude, a grandeza interior que é a fonte e o pano de
fundo dessas vivências.
Será que as
emoções positivas têm o efeito oposto sobre o corpo físico? Será que fortalecem
o sistema imunológico, revigoram e curam o corpo? Sim, com certeza, mas
precisamos diferenciar as emoções positivas que são produzidas pelo ego das
emoções mais profundas que emanam do estado natural de ligação com o Ser. As
emoções produzidas pelo ego decorrem da identificação da mente com fatores
externos que são, é claro, instáveis e sujeitos a mudanças a qualquer momento.
As emoções mais profundas não são emoções de maneira nenhuma, e sim estados do
Ser. Elas existem dentro do âmbito dos opostos. Os estados do Ser podem ser
obscurecidos, porém não têm opostos. Eles emanam de dentro de nós, como o amor,
a alegria e a paz, que são aspectos da nossa verdadeira natureza.
Um rancor é uma forte emoção negativa ligada a um
acontecimento ocorrido no passado, algumas vezes distante, que é mantido vivo
pelo pensamento compulsivo que reconta a história, na cabeça ou em voz alta,
‘do que alguém me fez’ ou ‘do que alguém nos fez’. Esse sentimento também é
capaz de contaminar outras áreas da vida. Por exemplo, enquanto pensamos sobre
o rancor e o sentimos, sua energia emocional nefasta pode distorcer nossa
percepção de um acontecimento que está ocorrendo naquele momento ou influenciar
a maneira como falamos com alguém no presente ou nosso comportamento em relação
a essa pessoa. Um rancor profundo é suficiente para afetar vários aspectos da
vida e nos manter nas garras do ego. Compreender
é libertar-se. O passado não tem força para nos impedir de viver no estado
de presença agora. Apenas o rancor em relação ao passado pode fazer isso. E o
que é o rancor? A bagagem de velhos pensamentos e antigas emoções.
Queixar-se dá-nos uma sensação de superioridade
que faz o ego se expandir. Talvez não fique claro de imediato de que modo as
queixas – por exemplo, sobre trânsito, políticos, cobiça, incompetência,
colegas de trabalho ou ex-cônjuge – podem nos proporcionar esse sentimento de
superioridade. E há uma explicação para isso. Quando nos queixamos,
subentende-se que estamos certos, enquanto a pessoa ou situação da qual
reclamamos ou à qual reagimos está errada. Em outras palavras: precisamos fazer
com que os outros estejam equivocados para nos sentir mais fortes do que somos.
A Igreja Católica e outras religiões estão certas
quando apontam o relativismo como um dos demônios do nosso tempo. No entanto, não encontraremos a verdade absoluta se a
procurarmos onde ela não está: em doutrinas, ideologias, conjuntos de leis ou
histórias. O que todas essas coisas têm em comum? Elas se constituem de
pensamentos. Na melhor das hipóteses, o pensamento indica a verdade, contudo
nunca é a verdade. Se acreditarmos que apenas nossa religião é a verdade, nós a
estamos utilizando em prol do ego. Empregado dessa maneira, o credo torna-se
uma ideologia e cria uma sensação ilusória de superioridade assim como de
divisão e conflito entre as pessoas. Quando trabalham para a verdade, os
ensinamentos religiosos representam pontos de sinalização ou mapas que pessoas
conscientes deixam no caminho para nos ajudar a despertar espiritualmente, isto
é, a nos tornar livres da identificação com a forma. A ação humana pode refletir a verdade ou a ilusão.
Podemos dizer:
‘Que dia horrível’! Sem atentarmos para o fato de que o frio, o vento e a chuva
ou qualquer elemento ao qual estejamos reagindo não são horríveis. Eles são
como são. O que é horrível é nossa reação, a resistência subjetiva a eles e a
emoção que é criada por essa resistência. Lembrando Shakespeare: ‘Nada existe de bom nem de mau, o pensamento é o que o
torna assim’.
Paz, acima de tudo, é o fim do ego. Como ficar em paz agora? Fazendo as
pazes com o momento presente. Esse momento é o campo em que o jogo da vida
acontece. Não há nenhum outro lugar em que ele possa existir. Uma vez que
tenhamos nos reconciliado com o momento presente, devemos observar o que
ocorre, o que podemos fazer ou escolher fazer ou, em vez disso, o que a vida
faz por nosso intermédio. Há uma expressão que revela o segredo da arte de
viver, a chave de todo sucesso e de toda felicidade: nossa unificação com a
vida. Quando formamos um todo com ela, formamos um todo com o Agora. Nesse
instante, compreendemos que não vivemos a vida, é ela que nos vive.
É possível
vislumbrar algo que se encontra em nosso interior. No zen, esse lampejo é
chamado de ‘satori’. O ‘satori’ é um momento de presença, um breve afastamento
da voz na nossa cabeça, dos processos do pensamento e do seu reflexo sobre o
corpo como emoção. É o despertar da dimensão interior onde antes estavam o
emaranhado de pensamentos e o turbilhão das emoções [...]”.
Poema, como uma verdadeira prece: Fernando Pessoa, o mais universal poeta português
“Senhor, que és o céu e a terra, que és a vida e a morte! O sol és tu e
a lua és tu e o vento és tu! Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso
amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo está - (o teu templo)
- eis o teu corpo.
Dá-me alma para te servir e alma para te amar. Dá-me vista para te ver
sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para
trabalhar em teu nome.
Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas
estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos.
Faze com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai.
[...]
Minha vida seja digna da tua presença. Meu corpo seja digno da terra,
tua cama. Minha alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao
lar.
Torna-me grande como o Sol, para que eu te possa adorar em mim; e me
torna puro como a lua, para que eu te possa rezar em mim; e me torna claro como
o dia para que eu te possa ver sempre em mim e rezar-te e adorar-te.
Senhor, protege-me e me ampara. Dá-me que eu me sinta teu. Senhor, livra-me de mim”.
Sintetizando,
eis o que um autor proclama sabiamente: “No sermão da montanha, Jesus faz uma
profecia que até hoje é entendida por poucos. Ele diz: ‘Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra’. Nas versões
modernas da Bíblia, a palavra ‘mansos’ é traduzida como ‘humildes’. Quem são os
mansos, ou os humildes, e o que significa o fato de que eles possuirão a Terra?
Os mansos são os que não têm ego. Aqueles que despertaram para sua verdadeira
natureza essencial como consciência e a reconhecem em todos os ‘outros’, em
todas as formas de vida. Vivem no estado de rendição e, assim, sentem que são
um só com o todo e com a Origem. Eles incorporam a consciência desperta que
está mudando todos os aspectos da vida no nosso planeta, incluindo a natureza,
porque a vida na Terra é inseparável da consciência humana que percebe e
interage com ela. Esse é o sentido de ‘os mansos possuirão a Terra’. Uma nova
espécie está surgindo no planeta. Ela está surgindo agora, e você faz parte
dela”!
AMÉM!
·
Referências
https://luzdaserra.com.br/artigos/32-dicas-para-evolucao-espiritual-na-pratica
http://ctdom.com.br/mensagens-semanais/so-e-util-o-conhecimento-que-nos-torna-melhores/
http://www.tomsimoes.com/2014/04/o-lado-oculto-das-coisas.html
https://jrmcoaching.com.br/blog/o-que-e-o-despertar-espiritual/
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