domingo, 30 de maio de 2021

‘TERCEIRA IDADE’: A DENOMINAÇÃO NÃO CONDIZ COM A VANGUARDA DOS ‘MODERNOS VELHOS’


Tom Simões, 72, jornalista, maio 2021, Santos (SP)

 

         ·        O título original deste artigo é “Nova Faixa de Idade”, atribuído a Sandra Pujol - sobre a qual não encontrei referências mais esclarecedoras. Considero muito adequada, realista e oportuna a sua descrição sobre os ‘modernos velhos’...

   

“SE OBSERVARMOS com cuidado, poderemos detectar a aparição de uma faixa social que não existia antes: pessoas que hoje têm entre setenta e oitenta anos.

A esse grupo pertence uma geração que expulsou de sua terminologia a palavra ‘envelhecer’, porque simplesmente não tem em seus planos atuais a possibilidade de fazê-lo.

É uma verdadeira novidade demográfica semelhante à aparência da ‘adolescência’: que também era uma nova faixa social que surgiu em meados do século XX para dar identidade a uma massa de crianças desabrochando, em corpos adultos, que não sabiam até então para onde ir ou como se vestir.

Este novo grupo humano - que hoje tem cerca de 60, 70 ou 80 anos, levou uma vida razoavelmente satisfatória. São homens e mulheres independentes que trabalham durante muito tempo e conseguiram mudar o significado sombrio que tanta literatura latino-americana deu por décadas ao conceito de trabalho. Longe dos tristes escritórios, muitos deles procuraram e encontraram, há muito tempo, a atividade que mais gostavam e da qual ganham a vida. Supostamente é por isso que eles se sentem plenos; alguns nem sonham em se aposentar.

Aqueles que já se aposentaram desfrutam plenamente de seus dias sem medo do ócio ou solidão, crescem internamente. Eles desfrutam do ócio, porque depois de anos de trabalho, criação do filhos, carências, esforços e eventos fortuitos, vale bem a pena contemplar o mar. Mas algumas coisas já sabemos, por exemplo: não são pessoas paradas no tempo. Pessoas entre 60 e 80 anos, homens e mulheres, operam o computador como se tivessem feito isso durante toda a vida. Escrevem e veem os filhos que estão longe e até esquecem o antigo telefone para entrar em contato com os seus amigos, aos quais escrevem um e-mail ou um WhatsApp.



“Valeu, Tomzão! Nossa, falo de você direto, direto, direto. Noutro dia, conversando com um amigo sobre meu ciclo de amizades: ‘Pô, cara, eu tenho amigos com mais de 70 anos’. ‘Ai, nossa!’ É, eu tenho sim! Às vezes também coloco alguma roupa e alguém elogia: ‘Olha que roupa bonita!’ Ganhei do meu amigo Tom (72), ele cansou dela! Risos... Nossa! Direto, direto, eu falo de você para os outros”... 

Breno Terzariol, 27

 

Hoje, pessoas de 60, 70 ou 80 anos, como é seu costume, estão lançando uma idade que ainda NÃO TEM NOME. Antes, os que tinham essa idade eram velhos e hoje não são mais, hoje estão física e intelectualmente plenos, lembram da sua juventude - mas sem nostalgia, porque a juventude também é cheia de quedas e nostalgias e os ‘modernos velhos’ bem sabem disso.

Hoje, as pessoas de 60, 70 e 80 anos celebram o Sol todas as manhãs e sorriem para si mesmas com muita frequência. Elas fazem planos para suas próprias vidas, não com a vida dos demais.

Talvez por algum motivo secreto que apenas essas pessoas do século XXI conheçam, a juventude é carregada internamente. A diferença entre uma criança e um adulto é simplesmente o preço de seus brinquedos”. 

5 comentários:

  1. Adorei!!Muito bem escrito e descrito! Estava pensando agora, sincronicamente, porque não reconhecem nosso direito de sermos plenos no que construímos em nós e fora de nóse insistem em nós atribuir papeis fixos e estereotipados, muitas vezes. Não importa - seremos plenos e sorridentes, mesmo assim. Talvez possamos servir como estímulo ou exemplo - algures e alhures! Grande abraço, amigo Tom!

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    1. Eu vivo a sim, muito juventude como fosse adolescente, procurando fazer e ler tudo por isso que descobri essa escrita.ok

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    2. são os Novelhos!

      Agora, dizer que a maioria das pessoas com 70 e 80 anos usa computador tranquilamente... acho que foi levemente otimista.

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  2. Ainda não tem nome.
    Então sugiro que nos denominemos "Os Resilientes"

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