Em memória de minha mãe, neste ‘Dia das Mães’
Tom Simões, jornalista, 9 de maio de 2021
Sensibilidade. Quem a tem, naturalmente? A gente pode nascer com essa característica ou despertá-la ao longo da vida. O que é uma pessoa muito sensível? É essa pessoa que percebe e administra mais informações, o que a leva a viver os estímulos de modo mais intenso. Pessoas muito sensíveis têm consciência de detalhes muito sutis em seu entorno. Também são muito propensas a emoções, intensas, reflexivas, intuitivas, criativas, empáticas e cuidadosas. Costumam sentir tudo de forma mais profunda.
Se essas coisas parecem lhe descrever, talvez você seja uma pessoa extremamente sensível. Esse traço de personalidade – que foi pesquisado por Elaine N. Aron (1), PhD em psicologia clínica, no começo da década de 90 – é bastante comum, sendo que até uma em cada cinco pessoas possui essa característica.
Pessoas sensíveis são muitos intensas. "Quando acontece algum problema, elas mergulham na sua intimidade e passam muito tempo pensando naquilo. Vivem de uma maneira quase intuitiva", descreve a psicóloga.
Ter sensibilidade significa a tendência natural de sentir compaixão pelo sofrimento alheio. De forma mais ampla, significa ser capaz de sentir simpatia pela humanidade. Piedade, empatia, ternura, apreciação, delicadeza e suscetibilidade são sinônimos. Quem naturalmente é sensível às misérias da vida? Capaz de captar e assimilar os diferentes sentimentos de outras pessoas? Quem se deixa comover e fica impressionado com facilidade? Quem é capaz de presenciar um morador em situação de rua e sentir aperto no coração e vontade de chorar? Quem é capaz de imaginar que o funcionário do prédio onde reside pode estar com fome, oferecendo-lhe algo a comer uma vez ou outra? Quem costuma beneficiar regularmente uma instituição filantrópica? Quem, quem, quem propicia desinteressadamente algo significativo ao mundo? Enfim, quem se identifica com tudo isto? Mas, e quem é insensível a essa realidade?
Esse estado de espírito é natural em raras pessoas, infelizmente. Eu herdei-o de minha mãe. Sensibilizo-me com frequência, meus olhos marejados denunciam minhas emoções. Até mesmo quando raramente assisto ao noticiário televisivo.
“OS FILHOS são como as
águias, ensinarás a voar, mas não voarão o teu voo. Ensinarás a sonhar, mas não
sonharão os teus sonhos. Ensinarás a viver, mas não viverão a tua vida. Mas, em
cada voo, em cada sonho e em cada vida permanecerá para sempre a marca dos
ensinamentos recebidos.”
·
Madre Teresa de Calcutá (1910-1997)
Herdei-o de conviver com uma mãe tão generosa! ‘Assunção de Jesus’ é o seu nome. Que veio a propósito, aliás, providencialmente! Minhas irmãs também herdaram a sua generosidade. Sim, Dona Assunção tinha essa virtude capaz de levá-la à excelência, ao que há de melhor na condição humana.
Quanto mais a gente se doa desinteressadamente, mais recebe aqueles valores que realmente importam na existência humana. Ao vivenciar o Divino dentro de si, o ser generoso simplesmente dá. Não porque ele queira receber algo dos outros. Os outros não têm nada para lhe dar, ensina Osho (2), filósofo indiano. “O que você tem para lhe dar? O ser naturalmente generoso dá porque tem muito a dar, porque está sobrecarregado. Ele dá porque é como uma nuvem de chuva, tão cheia de chuva que tem de chover. Não importa onde, sobre o quê – sobre rochas, sobre o solo bom, sobre jardins, sobre o oceano. Isso não tem a menor importância. A nuvem simplesmente quer se descarregar. O homem iluminado é simplesmente uma nuvem de chuva. Ele lhe dá amor, mas não para receber de volta. Ele o compartilha e fica agradecido porque você lhe deu essa oportunidade; porque você estava suficientemente aberto, disponível, vulnerável; porque não o rejeitou quando ele estava pronto para despejar todas as suas bênçãos sobre você; porque você abriu o seu coração e recebeu tanto quanto estava dentro da sua capacidade."
Marcelo Estraviz (3), empreendedor do terceiro setor e fundador da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), cria uma reflexão nas pessoas sobre o consumo e o ato de doar.
Para ele, a gente tem muito a imagem de que o beneficiário da doação é o que mais ganha com isso, quem recebeu a doação. Mas tem um efeito muito importante em quem doa, na verdade. “O doador é um grande beneficiário também. Ele se sente bem. É uma situação muito prazerosa para quem doa. No consumo, você tem aquela tarefa de estar querendo suprir alguma necessidade, alguma carência. ‘Quero comprar o carro do ano, o computador, a roupa’. E é sempre uma sensação de escassez, sempre está faltando algo. A lógica da doação é interessante por ser o oposto disso. Os maiores doadores no mundo inteiro, e não só aqui no Brasil, são as pessoas com poucas posses. Elas fazem muito mais doação, tanto percentualmente em relação a seus salários, quanto à frequência do ato de doar. Isso é, por um lado, porque veem a miséria muito próxima a elas. E também porque o humilde é mais engajado, está mais envolvido com sua própria comunidade, tem um sentido maior de pertencimento, a lógica é outra. A gente vai ficando com mais poder e mais dinheiro e vai se fechando em nosso ‘castelinho’. Eu acho que a ideia da doação tem uma característica muito interessante do bem-estar que se faz. É uma forma egoísta de dizer, mas acho que é quase como uma provocação, que há um enorme benefício para o doador. Essa sensação de prazer é muito interessante, porque faz com que o doador repita a ação. Vai muito além do simples ato de ajudar o próximo.”
Essa é a imagem mais forte que guardo de minha mãe: a luminosa generosidade. Mesmo tendo ela experimentado muitas dificuldades em sua vida.
Todas as mães do mundo têm algo essencial: o amor incondicional aos filhos. Mas é importante também que esse amor que se manifesta na sua forma mais simples, pura e sincera seja expandido de alguma forma a desconhecidos com carência de bens e serviços essenciais. Todos os dias recebemos dádivas divinas de alguma forma. Mas elas passam despercebidas. Quando a doação representa um ato de pura generosidade, aí sim há uma conexão divina. É preciso então não estranhar quando passamos a experimentar: sabe aquelas intuições e coincidências que a gente não sabe como explicar?
Com base em WeMystic Brasil (4), “O Universo é um lugar mágico e extremamente extenso, tão extenso que se faz infinito. Assim, os seus segredos também se mostram infinitos e, portanto, misteriosos. Jamais será possível que uma vida humana os desvende a todos. A sincronicidade, conhecida pelo nome vulgar de ‘coincidência’, é um deles”.
Sempre há tempo para a solidariedade, para um ato de amor incondicional. Algum sábio escreveu: “Nascemos para amar. O amor é o princípio da existência e o seu único fim”.
Referências:
(1)
https://exame.com/casual/16-sinais-de-que-voce-e-uma-pessoa-extremamente-sensivel/
(2)
http://www.tomsimoes.com/2019/12/amor-incondicional-compendio.html#more
(3)
(4)
https://www.wemystic.com.br/coincidencia-principios-da-sincronicidade/
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