terça-feira, 3 de abril de 2018

Simone de Beauvoir, 1908-1986


Escritora, intelectual, filósofa existencialista, ativista política, militante feminista e teórica social francesa. Simone revolucionou a academia e tornou-se ícone da luta pela emancipação da mulher. ‘Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância, já que viver é ser livre.’ Manteve um longo e polêmico relacionamento amoroso com o filósofo Jean-Paul Sartre.



“NUNCA se faz tudo que é possível por alguém, sempre restam muitas recriminações a fazer.”


“A MORTE parece menos terrível quando se está cansado.”



“O IDEAL do amor e da verdadeira generosidade é dar tudo de si, mas sempre sentir como se isso não houvesse lhe custado nada.”

“QUERER ser livre é também querer livres os outros.”

   
“O HOMEM é livre; mas ele encontra a lei na sua própria liberdade.”


“EU PASSAVA muito bem sem Deus e, se utilizava o seu nome, era para designar um vazio que tinha, a meus olhos, o clarão da plenitude.”


“O ESCRITOR original, enquanto não morre é sempre escandaloso.”


“TODAS as vitórias ocultam uma abdicação.”


“VIVER é envelhecer, nada mais.”


“ERA-ME mais fácil imaginar um mundo sem criador do que um criador carregado com todas as contradições do mundo.”



“QUANDO se respeita alguém, não queremos forçar a sua alma sem o seu consentimento.”


“É O DESEJO que cria o desejável e o projeto que lhe põe fim.”


“SE NÃO foste feliz quando jovem, certamente que tens agora tempo para o ser.”




“AS OPORTUNIDADES do indivíduo não as definiremos em termos de felicidade, mas em termos de liberdade.”


“ATROZ contradição a da cólera; nasce do amor e mata o amor.”


“É NA ARTE que o homem se ultrapassa definitivamente.”


“NÓS, para os outros, apenas criamos pontos de partida.”


“NÃO SÃO as pessoas que são responsáveis pelo falhanço do casamento, é a própria instituição que é pervertida desde a origem.”

(falhanço: falhar, derrota, fracasso)






 “O QUE é um adulto? Uma criança de idade.”


“TODA A busca do ser está fadada ao fracasso; esse mesmo fracasso, porém, pode ser assumido. Renunciando ao sonho vão de nos tornarmos deus, podemos satisfazer-nos simplesmente em existir.”


“HOJE cedo (...) desejei ardentemente ser a garota que comunga na missa da manhã e tem uma certeza serena... No entanto, não quero acreditar: um ato de fé é o ato mais desesperado que existe e quero que meu desespero pelo menos conserve sua lucidez. Não quero mentir para mim mesma.”


“NÃO HÁ uma pegada do meu caminho que não passe pelo caminho do outro.”



  

“PARA QUE minha vida me bastasse, precisava dar seu lugar à literatura. Em minha adolescência e minha primeira juventude, minha vocação fora sincera, mas vazia; limitava-me a declarar: ‘Quero ser uma escritora’. Tratava-se agora de encontrar o que desejava escrever e ver em que medida o poderia fazer: tratava-se de escrever. Isso me tomou tempo. Eu jurara a mim mesma, outrora, terminar com vinte e dois anos a grande obra em que diria tudo; e tinha já trinta anos quando iniciei o meu primeiro romance publicado, ‘A Convidada’. Na minha família e entre minhas amigas de infância, murmurava-se que eu não daria nada. Meu pai agastava-se: ‘Se tem alguma coisa dentro de si, que o ponha para fora’. Eu não me impacientava. Tirar do nada e de si mesma um primeiro livro que, custe o que custar, fique em pé, era empresa, bem o sabia, exigente de numerosíssimas experiências, erros, trabalho e tempo, a não ser em virtude de um conjunto excepcional de circunstâncias favoráveis. Escrever é um ofício, dizia-me, que se aprende escrevendo. Assim mesmo dez anos é muito e durante esse período rabisquei muito papel. Não creio que minha inexperiência baste para explicar um malogro tão perseverante. Não era muito mais esperta quando iniciei ‘A Convidada’. Cumpre admitir que encontrei então ‘um assunto’ quando antes nada tinha a dizer? Mas há sempre o mundo em derredor; que significa esse nada? Em que circunstâncias, por quê, como as coisas se revelam como devendo ser ditas?”

  

“A LITERATURA aparece quando alguma coisa na vida se desregra; para escrever - bem o mostrou Blanchot em ‘O Paradoxo de Aytré’ - a primeira condição está em que a realidade deixe de ser natural; somente então a gente é capaz de vê-la e de mostrá-la.”



“ACHAR-SE situada à margem do mundo não é posição favorável para quem quer recriá-lo.”



“TODO homem que teve amores verdadeiros, revoltas verdadeiras, desejos verdadeiros, e vontades verdadeiras, sabe muito bem que não tem necessidade de nenhuma garantia extrema para ter certeza dos seus objetivos; a certeza provém das próprias forças propulsoras.”



“É DO conhecimento das condições autênticas de nossa vida que é preciso tirar a força de viver e razões para agir.”



“TUDO o que podemos dizer sobre nossas vidas, segundo me parece, não passa de palavras.”

   

  
“NÃO ACREDITO que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de se afirmar como mulher, mas de se tornarem seres humanos na sua integridade.”



“MESMO com toda libertação feminina, essa grande ‘paciência’ que nos caracteriza não deve nunca acabar. É uma riqueza de infinitos alcances que aumenta os poderes de paz do Universo.”



“É PRECISO erguer o povo à altura da cultura e não rebaixar a cultura ao nível do povo.”



“O OPRESSOR não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos.”



“O MAIS escandaloso dos escândalos é que nos habituamos a eles.”


“NO DIA que for possível à mulher amar em sua força e não em sua fraqueza, não para fugir de si mesma, mas para se encontrar, não para se renunciar, mas para se afirmar, nesse dia o amor tornar-se-á para ela, como para o homem, fonte de vida e não perigo mortal.”



“EU SOU incapaz de conceber o infinito, e ainda assim eu não aceito a finitude. Eu quero que esta aventura que é o contexto da minha vida continue sem fim.”



“QUANDO eu era criança, quando eu era adolescente, os livros me salvaram do desespero: me convenceram de que a cultura era o mais alto dos valores.”



“QUE COISA estranha um diário é: as coisas que você omite são mais importantes do que aquelas que você coloca.”



“SOU inteligente, exigente e engenhosa demais para alguém ser capaz de se encarregar completamente de mim. Ninguém me conhece nem me ama completamente. Só tenho a mim.”



“NA VERDADE, sou terrivelmente gananciosa – quero tudo da vida. Quero ser uma mulher e um homem, ter muitos amigos e ter momentos de solidão, trabalhar muito e escrever bons livros, viajar e me divertir, ser egoísta e altruísta… Seria difícil conseguir tudo o que quero. E quando não sou capaz de fazer tudo isso, fico louca de ódio.”



“DIANTE de si, o homem encontra a Natureza, tem possibilidade de dominá-la e tenta apropriar-se dela. Mas ela não pode satisfazê-lo. (...) Ele só a possui, consumindo-a, isto é, destruindo-a.
Nesses dois casos, ele continua só.”



***





Observação:



AQUI, o meu propósito é reunir material de interação social significativa que gere autorreflexão e, quem sabe, a conversação, usando as palavras para o conhecimento útil, aquele que, segundo Sócrates, nos torna melhores. É nessas buscas que percebo o quão incompleto é o conhecimento humano.

Quem sabe, algumas vezes poderei estar correndo o risco de atribuir frases não correspondentes a um ou outro pensador mencionado, apesar do meu rigor em relação às fontes de consulta. Neste sentido, o leitor poderá sugerir eventuais correções, contribuindo para o aprimoramento da informação.

Um amigo tranquilizou-me certa vez, mostrando que, mesmo se involuntário de minha parte, o pensamento não corresponder ao do verdadeiro autor, devo considerar o meu propósito e a essência da ideia.

Por outro lado, de cada autor, sintetizo apenas os pensamentos com os quais me identifico mais.


Tom Simões, tomsimoes@hotmail.com, março 2018

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