sexta-feira, 30 de março de 2018

Susan Sontag, 1933-2004


Escritora, crítica de arte e ativista dos Estados Unidos. Graduou-se na Universidade de Harvard, destacando-se pela sua defesa dos direitos humanos.




“A INTELIGÊNCIA é uma espécie de paladar que nos dá a capacidade de saborear ideias.”


“FAÇA coisas. Seja curiosa, persistente. Não espere por um empurrão da inspiração ou por um beijo da sociedade na sua testa. Preste atenção. É tudo sobre prestar atenção. É tudo sobre captar o máximo que você puder do que está por aí e não deixar que desculpas e que a monotonia de algumas obrigações diminuam sua vida.”


 

Fonte dos pensamentos abaixo:
sintetizado por Tom Simões, com base em artigo de Francesca Angiolillo, ‘Encontros com Susan’, Folha de S.Paulo, 28/6/2015

   
“PARA MIM, a coisa mais terrível seria sentir que concordo com as coisas que já disse e escrevi – isso me tornaria ainda mais desconfortável, pois significaria que parei de pensar.”


“SINTO que estou mudando o tempo inteiro, algo difícil de explicar, porque as pessoas costumam acreditar que a atividade do escritor está ou ligada à expressão de si ou à criação de uma obra que convença ou mude as pessoas de acordo com as visões do escritor. Não acho que nenhum dos dois modelos faça sentido para mim. Quer dizer, escrevo em parte para mudar a mim mesma, de modo que não tenha que pensar sobre alguma coisa depois de escrever sobre ela. Na verdade escrevo para me livrar dessas ideias.”



“OLHA, o que quero é estar presente por inteiro na minha vida – ser quem você é de verdade, contemporânea de si mesma na sua vida, dando plena atenção ao mundo, que inclui você. Você não é o mundo, o mundo não é idêntico a você, mas você está nele e presta atenção nele. O escritor faz isso – presta atenção no mundo. Sou contra essa ideia solipsista de que está tudo na nossa cabeça.”

             ·         solipsista: a base do conceito solipsista é a negação de tudo aquilo que esteja fora da experiência do indivíduo. 


   
 “PRECISAMOS nos ver logo porque eu posso mudar demais.”

    
 “NÂO QUERO retornar às minhas origens. Acho que elas são apenas o ponto de partida. Minha interpretação é de que já cheguei longe demais. E o que me agrada é a distância que já percorri desde minhas origens.” 


“LER É minha diversão, minha distração, meu consolo, meu pequeno suicídio. Quando não consigo suportar o mundo, me enrosco a um livro, e é como se uma nave espacial me afastasse de tudo. Mas minha leitura não é nada sistemática. Tenho muita sorte de conseguir ler rápido, acho que, comparada à maioria das pessoas, sou uma leitora veloz, o que me dá uma vantagem grande de poder ler bastante, mas também tem suas desvantagens porque não me envolvo muito com aquilo, apenas absorvo e deixo digerindo em algum lugar. Sou muito mais ignorante do que as pessoas pensam. Se você me perguntar o que significa estruturalismo ou semiologia, não saberei dizer. Sou capaz de me lembrar de uma imagem numa frase de Barthes e ter uma ideia geral daquilo, mas não entender muito bem.”


Imagem: https://oglobo.globo.com/cultura/livros/as-facetas-menos-conhecidas-de-susan-sontag-1-14913616


“PEDIMOS tudo do amor. Pedimos que seja anárquico. Pedimos que seja o elo que une a família, que permite que a sociedade seja ordenada, que permite que todos os tipos de processos materiais sejam transmitidos de uma geração para a outra. Mas acredito que a conexão entre amor e sexo é muito misteriosa. Parte da ideologia moderna do amor consiste em assumir que amor e sexo andam juntos. Acho que eles podem andar juntos, mas acredito mais numa coisa em detrimento da outra. Talvez o maior problema dos seres humanos seja o fato de as duas coisas simplesmente não caminharem juntas. E por que as pessoas querem se apaixonar? Isso é muito interessante. Em parte, as pessoas querem se apaixonar da mesma maneira como voltam a uma montanha-russa – mesmo sabendo que seu coração vai se partir.”



“PENSO em mim mesma como alguém que se criou – é uma ilusão que funciona. Também penso em mim mesma como autodidata, apesar de ter tido uma excelente educação – Berkeley, Chicago, Harvard. Mas ainda acho que, em essência, sou autodidata. Nunca fui discípula nem protegida de ninguém, não fui lançada por ninguém, não ‘fiz minha carreira’ por ser amante, esposa ou filha de alguém: Nunca esperei que fosse de outra maneira.”



“NÃO QUE eu seja contra poesia – ao contrário, as duas coisas que mais leio são poesia e história da arte. Mas, na medida em que existe uma coisa chamada prosa e outra coisa chamada pensamento, acho que fico girando e girando em torno do problema do que é a metáfora. Não é como uma comparação: se você diz que uma coisa é como outra coisa, tudo bem, você deixa claro que são as diferenças... embora às vezes não fique claro, porque a poesia pode ser muito compacta. Mas quando você diz, por exemplo, ‘a doença é uma maldição’, vejo como um tipo de colapso do pensamento – é uma forma de parar de pensar e cristalizar as pessoas em determinadas atitudes.”


“AS PESSOAS dizem o tempo todo: ‘Ah, não posso fazer isso. Tenho 60 anos, estou velha demais’. Ou: ‘Não posso fazer isso, tenho 20 anos. Sou nova demais’. Por quê? Por que dizer isso? Na vida você quer manter o máximo possível de opções abertas, mas é claro que quer poder ser livre para fazer escolhas verdadeiras. Quer dizer, não acho que você possa ter tudo, e é preciso fazer escolhas. Os americanos tendem a pensar que tudo é possível, e eu gosto disso nos americanos [rindo]; nesse sentido me sinto muito americana.”


“A MAIORIA das coisas que faço, ao contrário do que pensam, é muito intuitiva e nada premeditada, e não aquele tipo de atividade cerebral calculada que as pessoas imaginam. Apenas sigo meus instintos e minhas intuições.”



“ANTES eu disse que a tarefa do escritor é prestar atenção no mundo, mas obviamente acredito que a tarefa do escritor, como a concebo em relação a mim mesma, também é manter uma relação agressiva e antagônica para com todos os tipos de falsidade. Acho que sempre deveria haver pessoas autônomas que, por mais quixotesco que pareça, tentam arrancar mais algumas cabeças (da ‘Hidra de Lerna’), tentando acabar com a alucinação, a falsidade e a demagogia, tornando as coisas mais complicadas, pois existe um impulso inevitável para tornar as coisas mais simples.”

            ·         Hidra de lerna: era um animal fantástico da mitologia grega, que habitava um pântano junto ao lago de Lerna. A hidra tinha corpo de dragão e sete cabeças de serpente, cujo hálito era venenoso e que podia se regenerar. A Hidra simboliza o nosso interior ruim, nossas paixões e defeitos, ambições e vícios, o que existe de ruim dentro do nosso mundo interior. Enquanto a hidra, que representa esse monstro interior, não for dominada, enquanto nossas vaidades, futilidades e ostentações não forem dominadas, as cabeças continuam crescendo cada vez mais.












***




Observação:



AQUI, o meu propósito é reunir material de interação social significativa que gere autorreflexão e, quem sabe, a conversação, usando as palavras para o conhecimento útil, aquele que, segundo Sócrates, nos torna melhores. É nessas buscas que percebo o quão incompleto é o conhecimento humano.


Quem sabe, algumas vezes poderei estar correndo o risco de atribuir frases não correspondentes a um ou outro pensador mencionado, apesar do meu rigor em relação às fontes de consulta. Neste sentido, o leitor poderá sugerir eventuais correções, contribuindo para o aprimoramento da informação.


Um amigo tranquilizou-me certa vez, mostrando que, mesmo se involuntário de minha parte, o pensamento não corresponder ao do verdadeiro autor, devo considerar o meu propósito e a essência da ideia.

Por outro lado, de cada autor, sintetizo apenas os pensamentos com os quais me identifico mais.


Tom Simões, tomsimoes@hotmail.com, março 2018

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