terça-feira, 31 de outubro de 2017

NANISMO: NÃO APRENDEMOS A CONVIVER COM A DIVERSIDADE. NUM MUNDO AINDA TÃO EQUIVOCADO...

25 de Outubro: ‘Dia Nacional do Combate ao Preconceito contra as Pessoas com Nanismo


Tom Simões, jornalista, tomsimoes@hotmail.com, Santos (São Paulo, Brasil), outubro 2017


“[...] PELA primeira vez na história, o Brasil celebra essa data, junto com outros 28 países, incluída recentemente no calendário nacional em prol da luta pela igualdade de direitos e contra o preconceito contra quem tem nanismo. No último dia 31 de julho, foi sancionada a Lei nº 13.472/17, que institui o dia 25 de outubro para esse fim. Infelizmente, ainda precisamos conscientizar boa parte do Brasil e a celebração lembra as pessoas de olhar para o lado e perceber a diferença, como algo comum. Aliás, quem é igual? Cada um de nós é diferente em algum aspecto, e essa é a grande beleza da vida: convivermos e trocarmos experiências evolutivas distintas, um complementando com a sabedoria que o outro não tem. Assim é a rede da vida. Formada por conexões que são essencialmente humanas. Não fazem diferença as cores, as classes sociais ou a estatura quando estamos todos no plano humano. O que realmente faz a diferença é a união. Estamos aqui todos juntos para confirmar esta verdade. [...]”, escreve Rafaela Toledo,  https://somostodosgigantes.com.br/dia-nacional-do-combate-ao-preconceito-contra-as-pessoas-com-nanismo-2/

“APESAR de os humanos atuais serem o resultado de milhares de anos de evolução, ainda não somos o produto final do desenvolvimento da nossa espécie. Da idade primitiva à Nova Era, a Humanidade pouco evoluiu quanto às suas atitudes comportamentais. Não somos flexíveis com o próximo como deveríamos. Não aprendemos ainda a viver em comunidade e a conviver com a diversidade. Quando até mesmo os animais nos oferecem exemplos de conviver em harmonia.” (fonte: http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos/autoconhecimento/evoluir-para-viver-mais-e-melhor--35946.html) Num mundo ainda tão equivocado!

Pedro Capelache, ator, e outros ‘Pedros’ extraordinários estão por aí para cumprirem o seu papel no processo de conscientização da nossa ainda, no aspecto da humanização, primitiva Humanidade. Mas o Mundo avança nesse sentido. Porque a oportunidade que é dada hoje ao Pedro e a outros ‘Pedros’ e ‘Pedrinas’ é inédita. Porque a sociedade começa a experimentar uma verdadeira revolução contra as mais variadas formas de preconceito. Muitos seres humanos que até então viviam isolados estão tendo oportunidades: virando notícia, personagem de telenovelas, sendo colocados no mercado de trabalho... Essa mudança de realidade vai educando a sociedade.

“Agora está muito mais fácil passar informações da luta contra o preconceito, seja através do teatro, televisão, música, internet e outros veículos. Infelizmente, FALTAM (grifo dele) pessoas como você que apoiam, dão importância e se dedicam à luta contra o preconceito, não apenas do nanismo, mas de qualquer tipo de preconceito, revela Pedro Capelache.


Só os pais de um homossexual, por exemplo, são capazes de entender e respeitar o filho. Infelizmente, as pessoas só entendem e respeitam os ‘diferentes’ quando eles fazem parte da família. Quando não, divertem-se sem compromisso à custa desses alguéns, ou então passam indiferentes a eles.

“[...] O bullying acabou se integrando à cultura dos jovens. Tornou-se uma forma de os adolescentes descarregarem sua agressividade elegendo um, dois ou um grupo de bodes expiatórios. Que são intensamente gozados e vitimizados. E isso vai calhar com características psicológicas dessas vítimas. É como se houvesse indivíduos que têm vocação para ser bode expiatório, geralmente aqueles chamados de nerds, mais calados, com alguma deficiência”, revela o psicólogo Sérgio Kodato, 63, coordenador do ‘Observatório de Violência e Práticas Exemplares’, da USP de Ribeirão Preto, em entrevista a Paulo Saldaña, publicada na Folha de S.Paulo de 21/10/2017.



Para Kodato, este é um momento em que a questão moral precisa ser balanceada na escola. Mas tem ainda a questão da impotência e rejeição, seja da família ou dos professores. Geralmente, a discussão radical é de uma eliminação do opositor, para, na verdade, não lidar com o conflito.

“Sabe-se que diante de uma situação traumática, tende-se a esquecer e negar. O problema é que a situação traumática volta à  consciência. [...] É hora de falar sobre o assunto. É o momento de se preocupar e ver que o bullying está levando ao óbito. Todas as escolas deveriam se preocupar com mecanismos de mediação. Ter urnas, canal de denúncias, para que quem sofre ter a quem recorrer. Os conflitos devem ser resolvidos na sala, porque está se formando cidadania. E precisamos ensinar como encarar os conflitos de forma civilizada”, acrescenta o psicólogo Sérgio Kodato.  


Em ‘A Insustentável Leveza do Ser’, Milan Kundera sintetiza sabiamente a lamentável frieza humana: “Já havia compreendido que as pessoas se alegravam tanto com a humilhação moral do próximo, que jamais abriam mão desse prazer ouvindo explicações.” Pobre massa de ignorantes; o pior é que eles não dão conta da sua ‘suposta’ superioridade moral, social, intelectual ou de comportamento, assumindo atitude prepotente ou de desprezo com relação a outros. Eles desconhecem que os seus descendentes também poderão precisar que o Mundo os acolha com respeito e como verdadeiros irmãos, independentemente da sua condição biológica, mental, comportamental... Porque não há projeto para bebês nascerem modelados, segundo a vontade dos pais. Seremos sempre amados pela família, independentemente das nossas características físicas e comportamentais.

***

“CRIAMOS a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.” 

- Charles Chaplin, 1889-1977, inglês. Ele foi o gênio mais universal do cinema. Carlitos seduziu simultaneamente as massas e os intelectuais, fez rir e chorar as plateias de todo o mundo e, na linha do humanismo poético, o solitário tragicômico nos estimulou ao desejo das coisas que nunca perecem: a beleza, o sonho, a ternura, o sentimento de liberdade, a esperança...Sem dizer uma palavra, Chaplin dizia tudo através dos gestos.


              ·         Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli

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