quinta-feira, 18 de setembro de 2014

“A ESSÊNCIA DO AMOR”

O amor não tem nada a ver com o outro. Compreenda a natureza do amor e como nutri-lo.

Tom Simões, tomsimoes@hotmail.com, jornalista, Santos (SP), Brasil


NOS ÚLTIMOS ANOS, citando a obra “Budismo Moderno”, nosso conhecimento tecnológico moderno aumentou consideravelmente e, como resultado, testemunhamos um extraordinário progresso material, porém não houve, correspondentemente, um aumento da felicidade humana. No mundo de hoje, não há menos sofrimento nem menos problemas do que antes.

Por outro lado, copiando o psicanalista Francisco Daudt, na crônica “Lei de Pedro Aleixo” (Folha de S.Paulo, 17/9/2014), o programa inato mais espetacular com que a natureza nos dotou é o de aprendizado. “Não há nada igual em complexidade e beleza. É ele que forma aquilo que somos, o que chamamos nosso ‘Eu’. Através da Identificação. Ela começa com a simples imitação, foi assim que aprendemos a falar. Mas imitar alguém que admiramos, alguém que nos toca pela integridade, pela ética, pela postura, pela sabedoria, pelas virtudes cultivadas, nos leva a um processo de incorporação autoral: aquilo que absorvemos, e que se sintoniza com o que temos de melhor, deixa de ser do outro, torna-se fragmento, não de uma colcha de retalhos, mas da trama inconsútil que nos constitui. Disse Paulo Freire: quem aprende bem algo com alguém, desse algo, ou desse alguém, torna-se coautor.

Permita-me então, leitor, copiar um trecho do meu inspirado filósofo Osho, da obra “A Essência do Amor”. Permita-me, ‘tornar-me coautor’ de sua sabedoria. Impossível alguém não se identificar inteiramente com a descrição de Osho sobre o amor. Mas esse trecho é apenas uma parte dessa obra; o leitor deverá lê-la na íntegra, como também oferecê-la de presente a amigos. Certamente ele estará contribuindo para mudar o modo como as pessoas se relacionam com os outros. Basicamente, aprendemos com o filósofo como nos tornamos uma pessoa com quem o parceiro pode continuar crescendo e se transformando.
Osho, filósofo indiano, conhecido por sua revolucionária contribuição à ciência da transformação interior, continua a inspirar milhões de pessoas no mundo todo que buscam uma nova maneira de abordar a espiritualidade e instrumentos para vencer os desafios diários da vida contemporânea. O jornal ‘Sunday Times’, de Londres, apresentou-o como uma das mil personalidades mais influentes do século XX, e o romancista Tom Robbins considerou-o o ‘homem mais perigoso desde Jesus Cristo’.

Vejamos então o que Osho tem a nos ensinar sobre a essência do amor:

“O AMOR precisa ser uma realidade na sua vida, não só um poema, não só um sonho. Ele tem de ser concretizado. Nunca é tarde demais para viver o amor pela primeira vez. Aprenda a amar. Poucas pessoas sabem amar. Todas elas sabem que o amor é necessário, todas elas sabem que, sem amor, a vida não tem sentido, mas elas não sabem amar. E seja o que for que elas façam em nome do amor, não é amor, é sempre outra coisa diferente. É uma mistura de ciúme, ódio, possessividade, dominação, ego. Todos esses venenos destroem o verdadeiro néctar do amor. Amar significa livrar-se de todos esses venenos e, depois disso, aos poucos você começará a ver um novo tipo de amor brotar dentro de você.
Não é preciso perfeição para fluir e crescer no amor. O amor não tem nada a ver com o outro.
Uma pessoa amorosa simplesmente ama, assim como uma pessoa viva respira, come, bebe e dorme. Exatamente desse modo, uma pessoa realmente viva, uma pessoa amorosa, ama. Você não diz, ‘A menos que o ar não esteja perfeitamente puro e despoluído, não vou respirar’. Você continua respirando mesmo que more em Los Angeles; você continua respirando mesmo que more em Mumbai. Continua respirando onde quer que vá, mesmo com o ar poluído, envenenado. Continua respirando! Você não pode parar de respirar só porque o ar não está em condições ideais. Se está com fome, você come alguma coisa, seja o que for. Uma pessoa viva e amorosa simplesmente ama. O amor é uma função natural.
A segunda coisa a lembrar é: não espere perfeição, do contrário, amor nenhum fluirá de você. Do contrário, você será ‘desamoroso’. Aqueles que exigem perfeição são pessoas muito ‘desamorosas’, neuróticas. Mesmo que consigam encontrar um companheiro, elas exigem perfeição, e o amor é destruído por causa dessa exigência. Assim que um homem passa a amar uma mulher ou uma mulher passa a amar um homem, começa a exigência. A mulher começa a exigir que o homem seja perfeito, só porque ele a ama. Como se ele tivesse cometido um pecado! Agora ele tem que ser perfeito, tem que se livrar de todas as suas limitações – de repente, só por causa dessa mulher? Agora ele não pode mais ser humano? Ou ele tem que se tornar sobre-humano ou tem que se tornar um impostor, alguém falso, trapaceiro. Por isso, a segunda coisa a lembrar é nunca exigir perfeição. Você não tem o direito de exigir nada de ninguém. Se alguém ama você, seja grato, mas não exija nada – porque o outro não tem obrigação de amá-lo. Se uma pessoa ama, trata-se de um milagre. Emocione-se com o milagre.
Preocupe-se com a sua alegria. Preocupe-se totalmente com a sua alegria, preocupe-se apenas com a sua alegria. Todo o resto é secundário. Ame – como uma função natural, tal como respirar. E quando amar uma pessoa, não comece a fazer exigências, do contrário, desde o início vai começar a fechar as portas. Não tenha nenhuma expectativa. Você não pode ter expectativas.
Como o amor pode crescer? Ele precisa de um clima de amor, precisa de um clima de gratidão. Precisa de uma atmosfera em que não haja exigências, não haja expectativas. Essa é então a segunda coisa a lembrar.
E a terceira é: em vez de pensar em como receber amor, comece a amar. Se você dá, você recebe. Não existe outra maneira. As pessoas estão mais interessadas em receber, em se apoderar. Todo mundo está interessado em receber e ninguém parece gostar de dar. As pessoas só dão alguma coisa com muita relutância – se dão, é só porque querem receber algo em troca; é quase um negócio, um comércio. Elas estão sempre querendo ter certeza de que vão receber mais do que dão – aí será um bom negócio, vai valer a pena. E a outra pessoa está fazendo a mesma coisa.
No início, será difícil, porque a vida toda você treinou não para dar, mas para receber. No início, você terá que lutar com a sua própria armadura. A sua musculatura se tornou rija, o seu coração se tornou uma pedra de gelo, você se tornou uma pessoa fria. No início, será difícil, mas cada passo o levará mais longe e, pouco a pouco, o rio começará a fluir.
Tornar-se indivíduo, isso é a primeira coisa. A segunda é: não espere perfeição e não peça nada, não exija nada. Ame as pessoas comuns. Não há nada de errado com as pessoas comuns. As pessoas comuns são extraordinárias! Todo ser humano é único e exclusivo; tenha respeito por essa originalidade.
O amor não pode ser aprendido, não pode ser cultivado. O amor cultivado não será amor coisa nenhuma. Não será uma rosa de verdade, será uma flor de plástico. Se você aprende alguma coisa, isso significa que ela veio de fora; não é um crescimento interior. E o amor tem que crescer interiormente para ser autêntico e verdadeiro. O amor não é um aprendizado, mas um crescimento. O que você precisa fazer não é aprender maneiras de amar, mas desaprender maneiras de ‘desamar’. Os obstáculos precisam ser removidos, as pedras têm que ser retiradas do caminho, para que ele possa fluir. Ele já existe – escondido atrás de muitas pedras, mas a sua nascente já existe. Ele é o seu próprio ser.”
E então, leitor, apenas reflita se é possível ler algo dessa natureza e não pensar produtivamente a respeito: livrar-se desses tais venenos que comprometem obrigatoriamente a relação a dois.
Porque, como ensina o mestre Osho, o início será difícil, porque a vida toda treinou-nos não para dar, mas para receber. Mas as sábias palavras de Daudt: “O programa inato mais espetacular com que a natureza nos dotou é o de aprendizado” dão conta da capacidade do ser humano de ser o autor da sua própria TRANSFORMAÇÃO. Isso me faz lembrar também outra obra do filósofo indiano, “A jornada de ser humano”, quando ele diz: "O que quer que você tenha feito de sua vida foi sua própria escolha. Mesmo no inferno você tem uma escolha – em toda parte você tem uma escolha. Sua vida é sua própria criação. Uma vez que reconheça isso, toda mudança é possível”.

 ·         Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

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