terça-feira, 19 de agosto de 2014

POR QUE SOMOS RELIGIOSOS E ACREDITAMOS EM DEUS?

Tom Simões, tomsimoes@hotmail.com, jornalista, Santos (SP), Brasil 



TRATA-SE de uma abordagem diferente sobre ‘religião’, que eu gostaria de compartilhar com o leitor. Ela foi publicada em http://livrespensadores.net/artigos/por-que-acreditamos-em-deus/ O texto que ora apresento é um resumo do artigo original. Na verdade, são muitas as informações disponíveis em qualquer área do conhecimento. Quando nos interessamos por determinado tema, precisamos pesquisar bastante, para ter fortes argumentos para defender uma opinião e, fundamentalmente, estruturar construtivamente a nossa vida. Lembrando Sócrates, citado no final do texto: ‘Uma vida sem questionamentos não vale a pena ser vivida’.

Vejamos então do que trata o referido texto:

“É MAIS FÁCIL ter fé do que raciocinar em busca da verdade. Todos nós somos ateus ou infieis, inclusive você. Se você não acredita na existência de um deus de outra cultura, por exemplo: deuses indígenas, orientais ou antigos deuses perdidos na história, certamente você será considerado ateu ou infiel, independentemente de sua crença.


Por que somos religiosos? Por que há tantos deuses? Em qual você deve acreditar? Por que você deveria acreditar? Por que temos fé? Por que queremos endeusar alguém? Por que alguns querem assumir a liderança como um deus? Por que tememos deus? Você concluirá que sua crença sempre será fundamentada na cultura a que você está submetido, bem como ter fé e seguir uma religião é um sentimento biológico de seres que vivem em grupo.

A religiosidade é um comportamento inerente ao ser humano - instintivo e transmitido de geração a geração, independentemente da cultura regional. Acredito que com o aprofundamento de pesquisas genéticas chegaremos a confirmar a associação desse comportamento a um gene específico do DNA humano. A religiosidade remonta aos primórdios do surgimento do ser humano social, quando o grupo necessitava de um líder forte para garantir a sobrevivência e perpetuação da espécie, por meio de um instinto básico de organização.

Tal comportamento pode ser observado em animais que vivem em grupo: lobos, leões, chimpanzés etc. Então, o animal humano não poderia ser diferente. O líder normalmente é o membro mais forte. Os demais permanecem submissos frente à liderança.

A vida em grupo gera características de comportamentos sociais que são transmitidas de geração a geração, assemelhando-se a características hereditárias. Tabus são criados e seguidos como princípio básico de legislação do grupo. Uma minoria mais forte se sobressai para que o grupo tenha uma organização coordenada. Os demais são condicionados naturalmente a aceitar a liderança. Esse condicionamento é o princípio do que entendemos como “fé”.

Submetido às perversidades da natureza, o ser humano sentia a necessidade de se proteger frente a seus medos, fraquezas, erros, limitações e falta de conhecimento. Uma liderança forte e naturalmente aceita como a de um pai se fazia necessária. Mas o pai físico não era eterno. Ele era normal e também sucumbia à natureza. À medida que a população foi aumentando, ficava cada vez mais difícil disponibilizar uma liderança física única e eficaz.

O ser humano precisava então de um pai que não errasse; que estivesse sempre disponível; que não morresse; que concedesse privilégios; que soubesse de tudo; que sempre perdoasse; que fosse único e atendesse a todos globalmente. Ou seja, o ser humano precisava de um pai perfeito, que não existia fisicamente. Daí a concepção de um ser espiritual, inicialmente concebido como um símbolo do desconhecido ou totens, evoluindo até a ideia de uma figura meramente humana denominada deus. Deus é uma necessidade instintiva e ilusória. É uma criação conceitual do ser humano e não uma entidade real. O conceito existe em todas as sociedades de seres humanos, sejam elas ocidentais, orientais, ou isoladas em tribos primitivas.

A concepção natural da religiosidade e a criação do conceito de deus são causadas por: instinto de organização grupal; sofrimento natural e social; necessidade de se proteger frente aos medos, fraquezas, erros, limitações e falta de conhecimento; necessidades e desejos além da capacidade individual; necessidade de perdão aos desvios de conduta moral; medo da morte e incapacidade de planejar a própria vida.

Ao longo do processo evolutivo, a civilização passou a ter mais conhecimento sobre questões até então incompreendidas, tratando-as de forma mais consciente e menos mística por meio de regras sociais estabelecidas em leis e administradas pelo novo líder: o Estado. Contudo, o Estado não teve e nem tem atualmente interesse em modernizar o comportamento religioso, preservando a fé, ou melhor, a submissão, conseguindo com isso controlar a população.

Concebida como conceito e não se enquadrando como entidade real ou fato observável, a metodologia científica de observação de fatos, questionamentos de causa/efeito, formulação de hipóteses, comprovação filosófica e histórica resulta na NÃO EXISTÊNCIA de deus.

Contudo, o conceito de deus existe, embora a partir de argumentos falsos. Porém é um conceito bem interessante para ser aplicado visando a “outros objetivos”. Alguns oportunistas descobriram que a religiosidade poderia ser sistematizada gerando riqueza e poder para os mesmos, bem como servir de ferramenta para subjugar os membros de seu grupo, facilitando a imposição dos governantes.

Surgiram então as religiões dogmáticas institucionalizadas. Os dogmas são redigidos em livros ditos “sagrados” como a bíblia, tora ou alcorão, formatando um sistema de conduta obrigatória baseado em tabus, fábulas e mitos e, quase nunca, em fatos. O conteúdo desses livros em si serve como prova incontestável dos conceitos de cada religião. A maioria dos seguidores acredita que neles se encontra a verdade absoluta para explicar a totalidade de suas vidas sem ser necessário questionar a lógica ou veracidade histórica. Porém, com a evolução da ciência, a interpretação literal desses livros evolui proporcionalmente, mas o instinto religioso ainda permanece.

As instituições religiosas tiveram seu valor no desenvolvimento humano em uma época passada. Elas podem evoluir quando fizerem as pazes com a ciência e se desligarem totalmente do Estado. Na ocasião, as escrituras sagradas precisavam tentar explicar aspectos além da religiosidade sem contar com recursos tecnológicos e descobertas científicas hoje disponíveis. As normas de conduta social serviram de base para a organização social quando os Estados ainda não estavam bem definidos com uma legislação humanitária.

Atualmente, o conteúdo extrarreligioso dessas escrituras encontra-se totalmente defasado e contraditório. O instinto básico de organização grupal está consolidado em leis da constituição de cada nação. As regras são claras, democráticas e dotadas de líderes capazes de administrá-las. Todos os fenômenos perceptíveis possuem explicação científica e são difundidos para toda população.

Uma nova redação, ou uma nova “reforma”, poderia acabar com as questões polêmicas, que geram tanto descrédito para as instituições religiosas, como o criacionismo e o fundamentalismo arraigado à política de Estado. Apesar de ser difícil modificar nossos comportamentos instintivos com esclarecimentos racionais, um processo evolutivo poderia ser desencadeado, e uma nova missão para a religião poderia ser traçada visando exclusivamente ao bem-estar social, à liberdade, ao relacionamento harmonioso e ao desenvolvimento do ser humano. Seria um processo natural, sem medo, sem repressões psicológicas, que, consequentemente, seria seguido por toda a humanidade, sem competições nem restrições à liberdade.

A busca pelo espiritual ou qualquer outra forma de manifestação extrafísica vai convergir os resultados para uma conclusão interessante: raciocínio e conhecimento. Essa é a única forma que temos de ir além de nosso corpo, alcançando aquilo que conceituamos como espírito e alma.

Consequentemente, se você possuir acesso a informações e liberdade de pensamento, apesar da sua religiosidade instintiva, a fé cega em religiões dogmáticas e a ideia de deus conceitual serão sucumbidas. O conhecimento é citado na religião ocidental atual como o maior inimigo da fé. Ter fé significa: ‘total submissão sem questionamentos’. Conforme Sócrates concluiu: ‘Uma vida sem questionamentos não vale a pena ser vivida’. Infelizmente, ao abrirmos mão desse nosso direito, estaremos perdendo: a admiração pela vida real e natural; a contemplação e o fascínio de nossa percepção e nossos sentimentos; a capacidade de impedir o mal; o prazer do sucesso em encontrar soluções para os problemas e desafios em busca do bem, do racional, da consciência, da perfeição e autorrealização; enfim, a essência da própria vida.”



Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

15 comentários:



  1. No meu entendimento, esse texto defende a posição de que a religião e a crença em Deus tiveram função apenas nos primórdios da organização humana. E que hoje tal crença pode ser substituída pela ciência, pela mente que engendra conhecimento. Mistura fé (colocada com função meramente sociológica, psicológica etc.) com a ideia de Deus. Considera que ter fé inibe o questionamento, daí a citação de Sócrates, interpretada simploriamente. E essa confusão leva a crer que só usufruiremos de tudo o que é listado no último parágrafo do texto, se abolirmos a fé e questionarmos. Talvez queira se referir à fé por vezes cega dos evangélicos, por exemplo. Mas não deveria generalizar. A meu ver, não tem identidade com a minha ideia de um Deus interiorizado ao Homem. Para o autor, o ser humano mental, lógico, se basta para alcançar tudo de que precisa. É basicamente um texto ateísta.

    * Roberto da Graça Lopes, Santos (SP)




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  2. “MAS será que Deus ou alguma Presença Divina tem influência sobre esse mundo? O teólogo David Ray Griffin afirma que sim. Segundo ele, existe uma influência divina, e ela emana de nossos corações. Quando escolhemos, através de nosso livre-arbítrio, expressar amor, fazemos com que se manifeste no mundo um Deus de puro amor. Não precisamos nos preocupar com que aparência esse Deus tem ou se Ele ou Ela vive em algum lugar. O que chamamos de Messias – ‘o prometido salvador’ – pode ser um projeto nosso, não necessariamente enviado dos céus. É uma escolha que fazemos coletivamente. O teólogo Griffin afirma que ‘Deus é persuasivo, não coercivo (que coage, que reprime, que obriga, que penaliza).” (da obra ‘Evolução Espontânea, de Bruce H. Lipton e Steve Bhaerman)


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  3. “[...] Como dizia Chesterton, autor inglês do século 20, não há problema em deixar de acreditar em Deus; o problema é que normalmente passa-se a acreditar em qualquer bobagem como história, política, ciência, ou, pior, em si mesmo, como forma de salvação. Eu acho que não há salvação para o homem.
    Existe também a literatura mística que descreve experiências diretas de Deus e que é marcada por grandes transformações na vida dessas pessoas, muitas vezes de modo enriquecedor. Sou um leitor apaixonado dessa tradição.[...]”

    fonte: Luiz Felipe Pondé, filósofo, “Por que a religião não é saída?”, Folha de S.Paulo, 25/8/2014


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  4. Correção do texto acima: "[...] Como dizia Chesterton, autor inglês DO INÍCIO do século 20...

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  5. “UM CERTO DIA, a professora perguntou às crianças quem saberia explicar quem é Deus? Pedro, um menino muito tímido, levantou a mão e respondeu: ‘A minha mãe me disse que Deus é como o açúcar no meu leite, que ela prepara todas as manhãs. Eu não vejo o açúcar que está dentro da caneca, mas se ela tira, o leite fica sem sabor.’” (Autor Desconhecido)

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  6. “Por ser ATEU e não acreditar em uma razão para estarmos aqui, tive uma vida muito triste, sem esperança.” Woody Allen, cineasta, em entrevista à Folha (Folha de S.Paulo, ‘Folha Corrida’, 31/8/2014)

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  7. “VOCÊ É VOCÊ MAIS O DEUS QUE HABITA SEU SER – Até há pouco tempo, a humanidade, mergulhada que estava nas dimensões materiais, tinha conhecimento especialmente do Deus que está no céu, na terra e em toda parte, ou seja, sabia do Deus transcendente. A grande novidade do terceiro milênio é a descoberta da existência do Deus imanente, o Deus que não somente rege o mundo exterior, mas também habita intimamente o âmago do ser humano. A esta região humana – tabernáculo do Altíssimo – alguns chamam de subconsciente, outros de supraconsciente, outros mais a denominam de Eu Superior. Jesus chamava de secreto. O secreto onde o Pai habita. Há os que falam em alma. Alguns simplesmente usam a metáfora do coração. Enfim, é a dimensão humana chegando ao topo da Divindade e a Divindade se fazendo presente na dimensão humana. O nome não importa. O desconhecimento desta verdade torna a criatura humana pequena, incapaz, indefesa, infinitamente distante da sua realidade. Por outro lado, quando cada indivíduo descobrir que ele é ele e mais o Deus todo-poderoso que habita seu secreto, acabarão os medos, as diferenças de classe, as frustrações, as angústias e os sofrimentos. Se Deus existe em você, em você também existem o poder e a sabedoria. Conclusão lógica.” (Lauro Trevisan, “Apresse o passo que o mundo está mudando”)

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  8. “Você não sabe o significado de ‘agnosticismo’. O simples fato de não ensinar religião não é agnosticismo. O simples fato de não acreditar não é agnosticismo. Se chamar isso de agnosticismo terá de pronunciar ‘agnosticismo negativo’. O agnóstico positivo é um buscador, e ele continua buscando, arriscando tudo para encontrar a verdade, a vida. É tão fácil ser um agnóstico negativo; para isso não é necessária muita inteligência. Ser um agnóstico positivo significa uma busca extraordinária. Você não tem de acreditar, e também não tem de desacreditar. A pessoa religiosa acredita em Deus, a pessoa irreligiosa não acredita em Deus, mas suas crenças e descrenças são apenas jogos mentais. Nenhum deles buscou, meditou, penetrou profundamente em seu próprio centro. Para ser um agnóstico é necessária uma imensa coragem, uma imensa energia, e também paciência. E quando o agnóstico chega ao centro de seu ser, certamente ele descobre que não há um Deus, porque, no momento em que você conhece seu centro, você conhece o centro de toda a existência. À medida que você se move para dentro de seu próprio ser, você está chegando cada vez mais perto do ser das outras pessoas. Finalmente, quando você atinge o centro, fica impressionado. Não há Deus, mas há uma extraordinária beleza, um incalculável silêncio. O agnóstico não pode nunca viver no desespero. Fica envolvido na grande busca do que significa tudo isso; não tem energia para o desespero, está canalizando todo o seu esforço para uma única dimensão: ele quer conhecer. O agnóstico não é o fim da busca. É apenas o começo. O agnóstico não pode dizer que não existe Deus, não existe céu, não existe inferno. Isso é o que o ateísta continua fazendo. Os ateístas têm probabilidade de algum dia entrar em profundo desespero. Quando a morte se aproxima, eles começam a tremer. Não acreditaram em Deus, desacreditaram da religião. Isso foi bom quando eles eram jovens, mas diante da morte quase todos os ateístas se tornam teístas, começam a acreditar. É um aritmética simples.” (Osho, filósofo indiano, 'A jornada de ser humano')

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  9. "Se eles fossem realmente agnósticos, agora já teriam descoberto o que é a verdade. A verdade é a divindade. Sim, há deus, mas há uma qualidade tão elevada, tão pura, tão inocente, tão fragrante, que, uma vez que a tenha conhecido, você terá conhecido tudo o que vale a pena ser conhecido. É uma qualidade." (Osho, filósofo indiano, 'A jornada de ser humano')

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  10. "O QUE QUER que você tenha feito de sua vida foi sua própria escolha. Mesmo no inferno você tem uma escolha – em toda parte você tem uma escolha. Sua vida é sua própria criação. Uma vez que reconheça isso, toda mudança é possível. As pessoas discutem todos os tipos de coisas e leem sobre todos os tipos de coisas, mas em geral nunca se preocupam consigo mesmas. Parece que elas se aceitam como algo terminado, e é isso que George Gurdjieff (um dos mestres mais importantes desta era) quer parar: não se tome como algo terminado. Olhe para dentro de si, busque quem você é, e busque se você existe ou se há apenas vazio dentro de você e algo tenha de ser feito para fazer a semente brotar, para cuidar da semente para que um dia ela possa desabrochar. As pessoas estão totalmente pobres em sua consciência e continuam acreditando que o Reino de Deus já está dentro delas. Com uma consciência deficiente você só pode ter um Deus muito pobre. Seu Deus é tão rico quanto a sua consciência, porque Deus é outro nome para a sua consciência." (Osho, filósofo indiano, 'A jornada de ser humano')

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  11. "PARA ALGUNS, nossa bondade é uma evidência da intervenção divina. O biólogo Francis Collins propôs que esta espécie de moralidade iluminada não poderia ser explicada pela evolução biológica, e deduziu que um Deus benevolente deve ter inserido um código moral em nós. O analista social Dinesh D’Souza concluiu que a melhor explicação para o ‘elevado altruísmo’ – a bondade para com os que não são nossos parentes, sem nenhuma recompensa genética ou material concebível –é, nas palavras de C.S. Lewis, ‘a voz de Deus em nossas almas’. E, em 1869, o codescobridor da seleção natural, Alfred Russel Wallace, observou que a humanidade transcendeu a evolução em muitos aspectos, inclusive em nossas ‘faculdades morais mais elevadas’, chegando à conclusão de que deve haver alguma inteligência superior moldando o desenvolvimento de nossa espécie." (Paul Bloom, psicólogo americano, 'O que nos faz bons ou maus')

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  12. “Será que Deus existe?”, João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo, 23/9/2014. “[...] Uma boa forma de responder à pergunta encontra-se na entrevista notável que o filósofo Keith DeRose, professor na Universidade Yale e um declarado agnóstico, concedeu ao ‘New York Times’. É impossível resumir aqui a complexidade da conversa. Mas é possível chegar ao ponto capital dela: quando existe uma imensa maioria de pessoas que acredita na existência de Deus, é preciso um argumento poderoso (e definitivo) para demonstrar o seu contrário. DeRose nunca encontrou esse argumento, apesar de conhecer o mais clássico de todos eles: como conciliar a existência de Deus com a presença do Mal no mundo? O filósofo não perde tempo com a resposta, claro. Mas um conhecimento vago da discussão teológica através dos séculos mostra como a existência de Deus não anula necessariamente o livre arbítrio das suas criaturas. Isso não significa, logicamente, que DeRose recusa a posição ateia e aceite a posição teísta. Pelo contrário: os argumentos cosmológicos avançados racionalmente pelos teístas – tudo tem uma causa; Deus é a causa das causas etc. – também não convencem o autor pela sua fraqueza, digamos, circular. EM QUE FICAMOS ENTÃO? Simples: em lado nenhum. Ou, dito de outra forma, Deus não é uma questão rigorosamente filosófica. E discutir a sua existência(ou inexistência) em termos filosóficos (leia-se: ‘racionais’) é um diálogo de surdos, que tentam falar racionalmente sobre um assunto do qual não possuem qualquer prova. Ou então é um diálogo de cegos, que insistem em descrever a paisagem que imaginam ter à frente. Deus é uma questão de fé – esse mistério e, para muitos, essa graça. E a ‘fé’ é um assunto ligeiramente diferente de equações matemáticas ou observações de telescópio. Um cientista que não entende isso não é apenas um ignorante em matéria religiosa. É sobretudo um ignorante em matéria científica.”

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  13. "Antes mesmo que a criança tenha feito perguntas, ela já recebe respostas cheias de filosofias, dogmas, ideologias. Essa é uma situação muito estranha. A criança não perguntou sobre Deus, e você vai ensiná-la sobre Deus. Por que tanta impaciência? Espere! Se a criança algum dia mostrar interesse por Deus e começar a perguntar, então procure responder às perguntas dela com base não apenas na sua ideia de Deus – porque ninguém tem o monopólio. Coloque diante dela todas as ideias de Deus que já foram apresentadas a diferentes pessoas em diferentes épocas, religiões, culturas, civilizações. Coloque diante dela todas as ideias sobre Deus e então diga: ‘Você pode escolher qualquer uma dessas, a que lhe parecer mais interessante. Ou pode inventar a sua própria, se nada mais agradá-lo. Se tudo lhe parecer ruim, e você achar que pode ter uma ideia melhor, então invente a sua própria. E, se achar que não é possível inventar uma ideia que não tenha falhas, então largue a coisa toda; não faz mal’. Uma pessoa pode viver sem Deus; não existe uma necessidade intrínseca. Milhões de pessoas podem viver sem Deus, portanto Deus não é uma necessidade inevitável para qualquer pessoa. Você pode dizer à criança, ‘Sim, eu tenho a minha própria ideia; e ela está incluída nessa combinação de todos os tipos de ideia que lhe apresentei. Você pode escolhê-la, mas não estou dizendo que a minha ideia seja a certa. Ela me parece boa; pode não parecer para você’." (Osho, filósofo indiano, 'A Essência do Amor')

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  14. "O AMOR é a única religião, o único Deus, o único mistério que tem de ser vivido, compreendido. Quando o amor for compreendido, você terá compreendido todos os sábios e todos os místicos do mundo." (Osho, filósofo indiano, 'A Essência do Amor')

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  15. “DEUSES – Hélio Schwartsman diz que nos últimos 10 mil anos a humanidade produziu pelo menos mil deuses e pergunta quem é o verdadeiro – Jeová, Amon Ra, Zeus ou outro (segundo o artigo ‘Deuses alheios’, Folha de SP, Opinião, 28/9/2014)? Provavelmente seja aquele que suscitou na humanidade o desejo de criar religiões que responsam à necessidade de se relacionar com o transcendente. As ciências buscam entender, sob diversos ângulos, as razões da busca por Deus e não sugerem que as religiões sejam meras ‘construções sociais humanas’, mas que o ser humano tem necessidade dessa busca.” (Elcio José de Toledo, Belo Horizonte, MG, Painel do Leitor, Folha de SP, 29/9/2014)

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