terça-feira, 18 de setembro de 2012

MANIA DE JUNTAR COISAS... INÚTEIS?

“O Universo opera por meio de trocas dinâmicas... 
dar e receber são diferentes aspectos do fluxo da energia universal”

EM NOSSO MEIO, há sempre alguém com mania de acumular coisas, acreditando ser possível um dia reutilizá-las. A pessoa guarda tanto, que não sabe o que tem e, quando lembra de algo, não sabe onde encontrar na sua bagunça. Desiste! Há quem diga que, no ser humano, essa característica pode estar ligada a algum tipo de carência durante a infância.

Esse alguém não consegue se livrar das coisas. Há ainda uma  particularidade: além do que a pessoa adquire ou daquilo com que é presenteada ao longo do tempo, ela acumula também objetos descartados por pessoas de seu relacionamento e até mesmo objetos achados na rua, em lixeiras etc.

A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, especialista em medicina do comportamento, www.medicinadocomportamento.com.br, explica que pessoas que têm mania de guardar coisas, mesmo que aparentemente não tenham nenhuma utilidade, e não conseguem se desfazer de nada, acreditando que um dia irão precisar de alguns desses objetos, mesmo os quebrados, demonstram um comportamento de “Colecionismo Compulsivo”, que é diferente do comportamento de pessoas que, pelo prazer do hobby, colecionam alguma coisa. Leia também: “Compulsão por armazenagem ou colecionismo”, www.ufrgs.br/toc/compulsao.htm

“Todos nós temos vazios interiores, mas alguns tendem a depositar em objetos uma parte de sua identidade. Essas coisas passam a ser uma extensão da própria pessoa. É por isso que para elas é tão difícil se desfazer dos objetos”, explica o terapeuta Geraldo Massaro, autor da obra “Insegurança: uma pedra no caminho da felicidade”.

Como todos os corpos no Universo, a Terra também não está parada. Ela realiza inúmeros movimentos, cujos efeitos sentimos no cotidiano. Eu imagino então que tudo na nossa vida é movimento. Eu uso determinada roupa. Quando desisto de usá-la, doo-a a alguém. Mas há quem deixe de usar e guarda no armário, pensando que um dia a peça possa ser novamente útil.

Eu penso que, quando deixamos de usar determinada peça do vestuário é porque, por exemplo, não gostamos ou enjoamos dela. E não adianta guardar, a peça já teve seu tempo na dinâmica da nossa vida. O correto é doá-la a alguém que possa reusá-la; para essa pessoa, a peça é uma novidade. Portanto, aquele  objeto ‘arquivado’ no armário passa a ter ‘movimento’ no corpo de outra pessoa. A vida é toda movimento. E quando a gente trabalha o movimento no sentido positivo, a Lei do Universo, da causa e efeito, beneficia naturalmente quem se doa desinteressadamente. Da mesma forma, no sentido contrário, o desejo de acumular objetos,  muitos deles inúteis, atravanca o fluir da energia em nós e, em última instância, acaba por prejudicar o nosso progresso pessoal e espiritual.      
Creio  ser possível que, quando nos alinhamos com a lógica existencial,  o ambiente começa a refletir nosso comportamento. Sem esforço e como  que por mágica,  atraímos o que precisamos. Somente quando temos um plano lógico para trazer significado à vida é que podemos realmente progredir.

De acordo como Deepak Chopra cita em “Criando prosperidade e as sete leis espirituais do sucesso”, que já mencionei em outro artigo, “O Universo opera por meio de trocas dinâmicas... dar e receber são diferentes aspectos do fluxo da energia universal. Em nossa própria capacidade de dar tudo aquilo que almejamos encontra-se a chave para atrair a abundância do Universo – o fluxo da energia universal – para as nossas vidas”.

CORAGEM E DISPOSIÇÃO PARA MUDAR

“Se conservamos coisas que não queremos ou não usamos mais, isso de fato nos custa algo a mais, nem que seja o tempo gasto organizando-as e contemplando-as”, escreve Carl  Richards em seu ensaio “O alto custo de se apegar às coisas” (Folha de S. Paulo, caderno “The New York Times”, 27/8/2012).

Carl se pega pensando: “Por que exatamente você tem o que tem? Do que poderia se livrar sem sentir falta? Ainda preciso disso? Quanto está me custando possuir isso?” Para o autor, talvez o apego às coisas venha em parte da noção de que precisamos estar preparados para tudo.

Para Carl, talvez seja útil pensar: “Tenho espaço - físico, emocional, mental – para trazer mais uma coisa para a minha vida?” Ele então dá algumas dicas para o maníaco reduzir suas posses: (1)  No fim de cada estação, reveja suas roupas. Se você não usou uma peça ao menos uma vez, livre-se dela; (2) Este processo vai gerar uma  pilha de coisas. Pelo que vale, não tente vender tudo. É mais um gasto de tempo. Então, se poupe da dor de cabeça, doe para uma instituição de caridade, orienta o autor.

Em “Ser como o rio que flui”, o escritor Paulo Coelho escreve: “Cada gesto do  ser humano é sagrado e cheio de consequências, e  isso me força a pensar mais sobre o que estou fazendo. Um pequeno gesto nos denuncia, de modo que temos que aperfeiçoar tudo, pensar nos detalhes, aprender a técnica de  tal maneira que ela se torne intuitiva. Intuição nada tem a ver com rotina, mas com um estado de espírito que está além da técnica. Assim,  depois de muito praticar, já não pensamos em todos os movimentos necessários: eles passam a fazer parte de nossa própria existência. Mas, para isso, é preciso treinar, repetir.”

Virtude, segundo o dicionário Wikipédia, é uma qualidade  moral particular. “Virtude é uma disposição estável a praticar o bem. A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem  o homem de bem. Segundo Aristóteles, elas se aperfeiçoam  com o hábito.” 

Para Paulo Coelho, um guerreiro  da luz, depois que cumpre seu dever e transforma sua intenção em gesto, não precisa temer mais nada: ele fez o  que devia.

VIVER É ALTERAR

Ás vezes me pego escrevendo coisas já ditas. Não me importo. Há referências da literatura que precisam ser citadas duas, três vezes... Dependendo do novo contexto, elas podem se encaixar como novidade para o meu leitor.

Em “The religions of man”,  clássico de Huston Smith, este afirma que “Todas as grandes religiões do mundo concluem que o maior problema do homem, desde o princípio dos tempos, é sua natureza autocentrada, seu orgulho, seu egoísmo”. Smith, citado em “O monge e o executivo”, de James C. Hunter, conclui que todas as grandes religiões do mundo ensinam a superar nossa natureza egoísta.

Há na obra de James Hunter a seguinte referência: “Uma vez perguntaram ao  dr. Karl Menninger, famoso psiquiatra, o que ele recomendaria a alguém que estivesse a ponto de ter uma crise nervosa. Ele  disse que a pessoa deveria sair de casa, ir ao encontro de alguém necessitado e ajudar essa pessoa.”

“A definição de insanidade é continuar a fazer o que você sempre fez, desejando obter resultados diferentes!”, escreve Hunter. Para ele, pequenos passos podem não fazer muita diferença numa jornada curta, mas, para a longa jornada da vida,  são capazes de  colocar a gente num lugar completamente diferente. MUDAR é uma questão de escolha. Como diz um provérbio chinês, ‘Uma jornada de duzentos quilômetros começa com um  simples passo’. De nada vale aprender bem, se você deixa de fazer bem, inspira-nos Hunter.

E então, sobre esse costume de acumular objetos, quase sempre inúteis, há algo de um autor desconhecido que diz: “Nunca devemos dar com o  interesse de receber. Temos que dar e pronto. Receber fica por conta do Universo, que nos traz de volta o que foi dado, através da fluência de nossas vidas. Nem sempre recebemos de volta da mesma pessoa. Às vezes damos para uns e recebemos de outros. Portanto, não nos cabe questionar.”

Na obra “O segredo”, a autora Rhonda Byrne cita Marci Shimoff: “Dar de coração é uma das melhores coisas que você pode fazer. A lei da atração irá captar esse sinal e conduzir ainda mais para a sua vida. Quando pensar que não tem o bastante para dar, comece a dar. Quando demonstrar fé partilhando, a  lei da atração dará a você mais para dar”.

O que tem a ver a mania de juntar coisas inúteis com tudo isto? O que é mais lógico e sensato? Eu prefiro guiar-me pela Lei Universal do movimento no sentido de procurar beneficiar o mundo como um todo! Livrar-me, por exemplo, de um objeto que não uso, doando-o a alguém que lhe dará um destino utilitário imediato, traz-me uma sensação incrível! Estarei eu sozinho com esta ideia?...

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Autor: Tom Simões, jornalista, tomsimoes@hotmail.com, Santos (SP), Brasil

Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

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