quarta-feira, 23 de março de 2011

DISPERSÃO MENTAL

Segundo o artigo “Dispersão mental causa infelicidade, aponta pesquisa” (“France Presse”, Folha de S. Paulo, Cotidiano (Saúde), 12/11/2010), um estudo divulgado, em novembro de 2010 nos Estados Unidos sugere que as pessoas gastam quase metade do tempo imaginando que gostariam de estar em algum outro lugar ou fazendo outra coisa, e essa dispersão da mente as torna infelizes. 

“A mente humana é uma mente dispersa e uma mente dispersa é uma mente infeliz”, escrevem os psicólogos Matthew Killingsworth e Daniel Gilbert, da Universidade de Harvard, na “Science”. 

Eles dizem que a habilidade de pensar sobre o que não está acontecendo é uma conquista cognitiva, mas tem um custo emocional. 

Segundo o artigo, o estudo acompanhou 2.250 pessoas por meio de seus iPhones. Um aplicativo foi instalado para perguntar aos voluntários seu nível de felicidade, o que estavam fazendo, se estavam pensando sobre aquela atividade ou sobre qualquer outra coisa – e, nesse caso, se o pensamento era agradável, neutro ou desagradável.

Quando os resultados foram computados, os cientistas constataram que a mente das pessoas estava dispersa 46,9% do tempo. “Nossa vida mental é permeada, em um nível significativo, pelo não presente”, disseram os pesquisadores. 

ESTADOS MENTAIS

Em “O vendedor de sonhos – a revolução dos anônimos”, Augusto Cury relata: “Ainda que uma pessoa seja abastada e jamais se assombre com os fantasmas financeiros, poderá se atormentar com fantasmas sociais: traições, decepções, injúrias, calúnias, perdas. Ainda que não tenha fantasmas sociais, poderá se perturbar com fantasmas mentais: culpas, angústias, complexo de inferioridade, timidez, obsessões, imagens mentais cáusticas. E ainda que não tenha fantasmas mentais, poderá se inquietar com fantasmas existenciais: morte, transcendência, ausência de sentido de vida. E ainda que não tenha fantasmas existenciais, poderá de desassossegar com a fragilidade do corpo, a fadiga, cefaleias, dores musculares, noites mal dormidas, pesadelos”. Para Cury, se as pessoas não reconhecerem seus fantasmas e seus transtornos, terão restrita habilidade para tratar dos outros.

“Qualidade de vida não depende de desenvolvimento exterior ou de progresso material, e sim de paz e felicidade interiores”, garante-nos Geshe Kelsang Gyatso em sua obra “Introdução ao Budismo”. Para o monge, é muito importante ser capaz de distinguir entre estados mentais agitados e pacíficos. Os estados mentais que perturbam nossa paz interior, tais como: raiva, inveja e apego desejoso, são denominados “delusões”. Eles são as principais fontes de todo o nosso sofrimento. “Talvez pensemos que o nosso sofrimento seja provocado por outras pessoas, pela falta de condições materiais ou pela sociedade, mas os verdadeiros causadores dessa dor são nossos próprios estados mentais deludidos”, escreve Gyatso.

O monge revela também que, normalmente, buscamos a felicidade fora de nós. “Tentamos obter as melhores condições materiais, o melhor emprego, elevada posição social e assim por diante; porém, por maior que seja nosso sucesso exterior, continuamos a experienciar muitos problemas e grande insatisfação. Nossa felicidade nunca é pura e duradoura”.

A prática da meditação consiste justamente em reduzir e, por fim, erradicar totalmente nossas delusões, substituindo-as por estados mentais pacíficos e virtuosos, lembra o monge.

TREINAMENTO

Em sua outra obra, “Compaixão universal”, Geshe Kelsang Gyatso orienta que, praticando o treino da mente, nossa mente permanecerá calma e estável, quaisquer que sejam as circunstâncias.

O monge budista revela que nossa mente atual é como um elefante selvagem, fora de controle e difícil de domar. “Governados por essa mente descontrolada, enfrentamos muitas dificuldades e problemas. Se disciplinarmos e apaziguarmos nossa mente selvagem, assumiremos o controle e, assim, ficaremos livres dos nossos problemas atuais. A princípio, pensamentos negativos ainda poderão surgir, mas já não terão poder sobre nós e não nos levarão a cometer as ações negativas, que são a base de todos os nossos problemas. Com esse autocontrole, estaremos sempre calmos e poderemos alcançar paz e estabilidade”. 

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Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

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