terça-feira, 27 de abril de 2010

TV: deficiente no aspecto educativo

Tenho pensado sobre a questão de como nosso tempo é precioso. E como as pessoas desperdiçam as horas de desocupação, deixando de investir em algo que possa enriquecê-las, transformando-as, talvez, em seres humanos melhores a cada dia. Até nossas opções de lazer ficam comprometidas quando o interesse determinado beneficia apenas o próprio indivíduo. É claro que cada um tem o direito de se isolar para uma “satisfação pessoal” ou, talvez, como uma espécie de fuga. O importante é quando a intenção em tudo que se faz é enriquecer-se com algo produtivo que possa ser compartilhado com o próximo. A meu ver, não se deve desperdiçar o tempo com satisfações ilusórias e individualistas, de caráter improdutivo, que não contribuam para o próprio crescimento, pessoal e espiritual.
 
Ainda que alguém esteja viciado em televisão, por exemplo, é preciso ao menos sintonizar algum programa que possa educar, contribuindo para despertar em si um processo de reflexão, autoconhecimento e mudança  comportamental: bons filmes, documentários educativos, algumas entrevistas..., algo que combine lazer com informação instrutiva. Infelizmente, a televisão brasileira pouco investe neste sentido, sobretudo em programas de grande audiência, acreditando não haver público interessado em informações produtivas passíveis de favorecer a autorreflexão e o amadurecimento.
 
Raramente consigo detectar na televisão a abordagem de um assunto que desperte o meu interesse. Porém, ainda hoje, 23 de abril, surpreendi-me com uma reportagem transmitida pelo Jornal Nacional, da Rede Globo. Neste dia, a Globo abordou, em pleno horário nobre, em um quadro especial, a história exemplar de um homem de 80 anos de idade, professor aposentado, cuja paixão é distribuir livros a pessoas carentes. Não lembro de detalhes, mas, além da imensa quantidade de livros que o professor mantém em sua casa, objeto de doação de ex-alunos, principalmente, existe até um ônibus que ele utiliza como biblioteca ambulante, para beneficiar quem mora em regiões carentes distantes. Sentir a satisfação daquele homem, ao distribuir os livros, foi algo emocionante.
 
Desejo crer que, sabe-se lá..., já exista até algum profissional consciente, interessado em experimentar a inserção de fatos exemplares como esse em programas de grande audiência. Se não existirem ainda pessoas preocupadas com isto na televisão brasileira, torço para que produtores passem a eleger também temas construtivos, que causem impacto e possam despertar o interesse do telespectador brasileiro, contribuindo indiretamente para a sua educação.
 
Neste sentido, novelas são ideais para servir como instrumento de conscientização, principalmente pela liberdade que proporcionam ao autor da plena criatividade. Como não aprecio tal gênero televisivo, acredito que algum autor já tenha até experimentado introduzir em sua história algum personagem interessante para desempenhar, indiretamente, o papel de educador.
 
Capacidade de superação contínua
 
É preciso mudar a maneira de enxergar o mundo. O homem precisa acreditar que não vive apenas para se ocupar com compromissos obrigatórios e lazeres descompromissados. Ele deve entender que precisa ir além, em ambas as atuações. É preciso entender que uma realização mais ampla do indivíduo só acontece quando ele vai além do cotidiano previsto, criando constantemente  novas possibilidades pessoais que possam surpreender o outro, seja ele de sua relação direta ou não, ou até mesmo um “imaginável” inimigo ou um estranho.
 
É assim que hoje concebo a vida. E então, quando sou recompensado por ações que pratico, decido compartilhar o aprendizado com alguém, para garantir que é possível sim descobrir a essência da felicidade, quando o foco da vida envolve a evolução contínua do crescimento pessoal e, consequentemente, a construção de um mundo melhor.
 
Portanto, é louvável exercitar a superação pessoal, enxergando-se o outro de forma diferente, livre da ideia pré-concebida, e mudando atitudes, ainda que com algum esforço e domínio diante da resistência, por exemplo, de um colega com o qual antipatizamos. Alguém que se dispuser a esse exercício poderá se surpreender com a sensível mudança do outro, que, na verdade, pode não ter mudado. O que realmente muda, numa experiência desta natureza, é a capacidade de superação contínua de cada um de nós de entender o outro, de forma a construir uma relação produtiva para ambas as partes.
 
Acordar e tomar consciência: eis o desafio. Ao se tornar mais atento e sensível a esforços experimentais, pode-se surpreender com alguns sinais que chegam para comprovar que há sim, a meu ver, uma conexão entre a elevação humana e a providência universal.
 
Mudar é uma questão de querer sair da improdutiva zona de conforto. É preciso despertar a poderosa força pessoal adormecida para experimentar indescritíveis sensações de bem-estar.
 
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Foto: Pablo Basile, Santos (SP), www.flickr.com/photos/pablobasile

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