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Ao ler "A transparência veio para ficar" (jornal Folha de S. Paulo, Mercado, 13 de junho de 2010), de autoria de Fábio Barbosa, não resisti, pelo interessante conteúdo do artigo e, sobretudo, pela facilidade com que o autor transmite as suas ideias. Fábio, 55, administrador de empresas, é presidente do Grupo Santander Brasil e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
Uma das funções deste blog é divulgar preciosidades garimpadas de jornais (antes de irem para o "lixo...", no dia seguinte) que podem passar despercebidas, até mesmo de leitores assíduos, por conta da variedade de veículos jornalísticos à disposição. Preciosidades que têm tudo a ver com minha intenção ao criar este instrumento de divulgação: transmitir ideias que possam motivar o leitor a mudar atitudes e experimentar progressos pessoais.
Eis o artigo de Fábio Barbosa, colletti.barbosa@gmail.com :
"UMA VEZ por mês escreverei neste espaço, a convite desta Folha. Quero abordar aqui não apenas assuntos de natureza econômico-financeira, mas também grandes temas que impactam a maneira como vivemos e nos relacionamos com o mundo. Aproveito esta primeira coluna para falar desta época de aceleradas mudanças.
Vemos países emergentes conquistando interlocução de primeira linha, e vemos dentro de muitos desses países classes sociais emergentes sendo promovidas a consumidoras e a participantes ativas do processo político. São variáveis que determinarão uma nova dinâmica de poder, cujos impactos ainda estão para ser compreendidos.
Mas há outra mudança maior em curso. Independentemente de países ou mesmo de classes sociais, temos um amplo e crescente aumento do fluxo de informação. Nesta época de blogs e redes sociais (como Twitter, Facebook e Orkut), abastecidos por aparelhos celulares que são também gravadores e câmeras fotográficas, tudo se sabe e a informação flui em poucos segundos. Assim, entramos numa fase em que tudo o que um indivíduo ou uma empresa faz pode virar público instantaneamente.
Não existe mais o conceito de estar "on" ou "off". Estamos em "on" o tempo todo. O próprio jornalismo debate sobre o que é e o que não é jornalismo, visto que qualquer pessoa com uma conexão na mão pode publicar na web informações relevantes (e por que não?), confiáveis.
De certa maneira, podemos dizer que a luz está acesa, e aqueles processos que dependiam das sombras para sobreviver estão condenados a desaparecer. Isso é muito positivo, pois poderemos conhecer cada vez melhor as pessoas, as empresas e os governos como eles são, e não como eles gostariam que fossem percebidos.
Para alguns, isso representa preocupação. Para outros, cujas atitudes condizem com as suas palavras, isso significa oportunidade, na medida em que poderá mostrar nas suas diversas atitudes a validação dos valores que já expressa em palavras.
Sem dúvida é uma mudança muito grande na dinâmica de toda a sociedade e do próprio mundo dos negócios. Se focarmos especificamente nesse último, significa que teremos mais transparência nas relações de consumo e mais informações por parte das empresas. Isso permitirá um acompanhamento mais próximo da sociedade, levando empresas e setores empresariais inteiros a definirem seus padrões de ética, a estabelecerem sua autorregulação etc.
Do lado dos consumidores, isso exigirá também um grau de consciência e de conhecimento que lhes permita fazer críticas construtivas em todas as suas relações de consumo, processo que normalmente começa na relação de consumo de produtos e serviços (em que já temos notórios avanços), mas, idealmente, evoluirá também para a relação como consumidor de cidadania. Nesse ponto, mesmo que exista um "pagamento" por meio de impostos e do próprio voto, a verdade é que ainda não foram desenvolvidos mecanismos eficazes de proteção ao cidadão para que ele possa ter assegurada a qualidade do que "comprou".
Evolução da cidadania e da transparência é tendência irreversível. Por isso, lidar com um mundo mais transparente não será questão de opção, mas sim de reconhecer que palavras e atitudes terão que andar sempre juntas, pois estamos no modo "on" o tempo todo.
Não por acaso, nesse contexto, a falta de credibilidade nas empresas e nas instituições é um fenômeno global nesses tempos de crise. A sociedade se ressente da falta sintonia entre o que se diz e o que se faz. Por isso precisamos de líderes que se tornem referência em termos de transparência e que entendam o papel social das empresas e das instituições. Precisamos de líderes que encorajem a abertura e a discussão e estejam sempre em busca do diálogo com os vários públicos com os quais se relacionam.
Precisamos de uma sociedade com valores claros e que saiba reconhecer o benefício desse caminho. Em tempos de hipervelocidade de informação, a transparência será total, e todos sairemos ganhando."
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