Teoria de Christopher Langan, considerado um dos homens mais inteligentes do mundo
Tom Simões, jornalista e divulgador
científico, Santos (Brasil), 14 de dezembro de 2025
“A mente que se abre a
uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”, lembra Albert
Einstein, físico e matemático alemão, embora não havendo registro confiável
de que ele realmente tenha dito ou escrito. Mesmo assim, o sentido da frase é
claro: quando você entra em contato com uma nova ideia, um novo conhecimento ou
uma nova perspectiva, sua compreensão do mundo se expande – e não volta ao
estado anterior.
O enigma da existência desperta em nós a busca pelo sentido de nossa breve passagem pelo mundo. O ser humano está longe de descobrir a natureza da existência e da morte. Filósofos como Friedrich Nietzsche, Jean-Paul Sartre, Martin Heidegger e Simone de Beauvoir, dentre outros, contribuem para essa reflexão, enfatizando a subjetividade humana, a angústia e a busca por significado.
A morte é vista como uma
parte inerente da condição humana. Pensar sobre ela pode ajudar a enfrentar desafios
com mais clareza e resiliência. A consciência da finitude da existência prova a
importância de a gente viver plenamente e buscar propósito em nossas ações e
relacionamentos. A impermanência pode acionar a lógica e a criatividade,
levando à redescoberta de si e à criação de novos significados para a vida,
mesmo diante do sofrimento e da perda, segundo a perspectiva da psicologia e
teologia.
Christopher Michael Langan nasceu em 1952 em San
Francisco, Califórnia. Criado numa família pobre e instável, enfrentou
dificuldades na infância, incluindo violência doméstica e falta de apoio
educacional apropriado. Desde muito cedo demonstrou inteligência
extraordinária.
Ele é tido com maior QI do
mundo, alguns pontos superiores a Albert Einstein, como alguém citou. Langan
acredita que a morte é outra dimensão do Universo, descreve a realidade como um
‘sistema computacional’ em que a consciência humana ou ‘alma’ é reciclada para
um novo estado de existência após a morte. Em sua concepção, a morte
representa o fim da relação da criatura humana com o corpo físico, mas não o
término da sua existência.
O QI de Einstein o
coloca na categoria de gênios. Embora Einstein nunca tenha feito um teste de QI
formal, especialistas baseiam suas estimativas em dados históricos e
biográficos. Portanto, só é possível fazer especulações e estimativas acerca da
sua pontuação de QI. Einstein é possivelmente o cientista mais famoso de
todos os tempos, e suas teorias desafiaram e mudaram os nossos conceitos sobre
a realidade, originando uma nova era no mundo da física.
Quem é Christopher
Langan?
O consolo do garoto
prodígio veio na forma de livros, e a biblioteca escolar tornou-se seu refúgio.
Assim, ele se debruçava vorazmente em matemática avançada, física, filosofia, latim, grego
e outros assuntos acadêmicos.
Langan se tornou conhecido tanto
por seu alto QI quanto pela vida distante do mundo acadêmico. Criador de
cavalos e ex-segurança, ganhou notoriedade ao obter resultados impressionantes
em testes que medem níveis elevados de inteligência. No entanto, sua pontuação
não foi reconhecida por organizações como a ‘Mensa’, que considerou o teste não
confiável. A ‘Mensa’ é uma organização
internacional que reúne pessoas altamente inteligentes em todo o mundo e cujo
objetivo é promover o desenvolvimento da inteligência em benefício da
humanidade por meio de pesquisa e apoio. No entanto, a ausência de formalidade oficial
não impediu Langan de dedicar décadas para explorar temas complexos,
como a natureza da realidade e o que acontece após a morte.
Seria a morte física uma
transição para outra dimensão?
Esse é um mistério que
fascina a humanidade há séculos. Langan desenvolveu uma teoria que
mescla ciência, filosofia e ideias que ele chama de Modelo Teórico-cognitivo
do Universo (CTMU), que busca explicar a relação entre mente e realidade.
Ele propõe que o Universo é ao mesmo tempo uma estrutura física e cognitiva,
funcionando como uma espécie de ‘sistema autossimulador que une consciência e
cosmos.
Imagine esse sistema autossimulador
como uma espécie de arquitetura cósmica – uma estrutura que conecta a
consciência individual ao tecido do Universo. O assistente de Inteligência Artificial (IA) da Microsoft explora essa ideia em camadas: (1) auto: sugere que o sistema se gera e
se retroalimenta, sem depender de algo externo e (2) simulador: implica
que a realidade percebida pode ser uma projeção, uma experiência modelada.
Juntos, surge a ideia de um Universo que se simula a si mesmo, onde a
consciência é parte ativa do processo.
O uso da palavra ‘cosmos’
implica ver o Universo como um sistema ou entidade complexa e ordenada. O
cosmos pode ser visto como um campo de informação em constante atualização.
Cada ser consciente funciona como um nó dentro dessa rede, interpretando e
cocriando realidade. Assim, o Universo não é apenas matéria e energia, mas
também um processo de percepção. Nossas escolhas e percepções retroalimentam o
simulador, expandindo o próprio cosmos. Em outras palavras, o autossimulador é
uma metáfora poderosa para pensar o Universo como um sistema vivo, que se cria
e se experimenta através da consciência.
Apesar das ideias
controversas de Christopher Langan e de críticas à falta de base
acadêmica, sua teoria sobre a morte gera debates. Para ele, o CTMU, sua
principal obra, sugere que a realidade é uma autossimulação. Publicada em livro
em 2022, a teoria combina conceitos de física teórica, lógica e até
espiritualidade.
Segundo Langan, a
morte seria uma transição para outra dimensão. Ele descreve a realidade como um
‘sistema computacional’ em que a consciência humana, ou ‘alma’, se transfere
para outra dimensão ou plano de existência que não é possível ser acessada
enquanto viva. De acordo com essa visão, a morte representa o fim da relação do
indivíduo com o corpo físico, mas não o término da existência. Em sua visão, a
consciência retorna à origem da realidade, podendo até receber um ‘novo corpo’
para continuar sua experiência. Para esse estudioso, memórias podem ser
recuperadas, mas normalmente isso não ocorre, pois o apego ao mundo anterior
não faz sentido em uma nova realidade.
Langan crê que as visões
tradicionais de céu e inferno são muito simplistas, em comparação com sua
teoria, que aponta para uma transição a um estado de ser inteiramente novo. De
acordo com as ideias do autor, a morte não significa o fim da existência. Após
a transição para o novo plano de existência, o ser humano pode nem lembrar de
quem era antes. Para Langan, a morte é o término do relacionamento com o
corpo físico atual. Ao morrer, a criatura retorna para a origem da sua
realidade.
Após a morte, crê Langan,
a criatura humana entraria em um estado de meditação ou algo parecido,
observando as mudanças. No entanto, ela se manifesta dessa forma agora. Pode-se
imaginar que, em todas as existências, as reencarnações sejam simultâneas. Há
um sentido em que tudo ocorre ao mesmo tempo no domínio não terminal. Porém,
esse estado de ser não significa a vida após a morte. Seria como existir dentro
de um computador, onde tudo está ao seu redor, mas nada acontecendo ao mesmo
tempo. A vida após a morte é diferente. Envolve uma mudança profunda em toda
natureza do ser, movendo a ‘alma’ ou ‘consciência’ além do eu físico, ou
mental, admite Langan.
A ideia desafia visões
tradicionais de céu e inferno, propondo um estado de existência fora do alcance
da compreensão humana. Embora careça de validação científica, o trabalho de Christopher
Langan levanta questões envoltas em mistério sobre o que significa existir
e como compreender a morte.
Interessante refletirmos
sobre a expressão ‘Nada surge do nada’, relacionada ao princípio
filosófico de que nada pode existir a partir do nada. Parmênides, nascido
por volta de 530 a.C., filósofo grego, argumentou que a realidade é única e
imutável, e que tudo o que existe deve ter uma origem, sugerindo que a
existência é uma continuidade e não um surgimento súbito. Essa reflexão tem
sido objeto de discussões em várias áreas da filosofia e ciência, levantando
questões sobre a origem do Universo e a natureza da existência.
“A CRENÇA DE QUE APENAS OS
SERES HUMANOS SÃO CAPAZES DE EXPERIMENTAR QUALQUER COISA CONSCIENTEMENTE É
ABSURDA. [...] ATÉ MESMO UM VERME PODE TER UMA SENSAÇÃO MUITO VAGA DE COMO É
ESTAR VIVO”.
·
Frase
atribuída a Christof Koch, neurocientista
Há nessa ideia uma
provocação filosófica interessante. A questão da consciência em animais — e até
em organismos simples, como vermes — é um dos debates na filosofia da mente e
nas ciências cognitivas.
Apesar de sua inteligência
inquestionável, Langan não é isento de críticas. Segundo consta, ele
abandonou a faculdade duas vezes e não possui formação acadêmica formal em
física ou filosofia, áreas centrais para sua teoria. Ainda assim, sua
interpretação da realidade continua a atrair certa curiosidade.
Quando a nossa curiosidade
é ativada, somos menos propensos ao viés de confirmação (procurando
informações que apoiem nossas crenças, em vez de evidências sugerindo que
estamos errados) e a estereotipar pessoas. A curiosidade tem efeitos positivos
porque nos leva a gerar alternativas.
A consciência humana é
apenas uma das muitas formas de consciência do Universo conhecido. Langan
argumenta que o Universo é composto por informação estruturada como linguagem e
que essa estrutura permite a existência de uma consciência universal, ou
‘pampsiquismo’. Segundo a literatura, o ‘pampsiquismo’ é uma teoria segundo a
qual tudo o que existe tem alguma forma de consciência. Isso inclui animais e
plantas, mas também objetos inanimados. Essa ideia amplia o debate sobre a
relação entre ciência, espiritualidade e a busca por respostas definitivas
sobre a existência. Não estamos falando de uma dessas estranhas teses que saem
de algum canto esotérico, mas de uma abordagem apresentada por filósofos e
neurocientistas.
Durante uma entrevista
para o podcast Theories of Everything (Teorias de Tudo), Christopher
Langan comentou que as visões convencionais sobre a morte e a existência
são limitadas para lidar com toda a complexidade da fenomenologia, sendo
necessária uma interpretação ampla e minuciosa. Fenomenologia é o estudo de um
conjunto de fenômenos e como se manifestam, seja através do tempo ou do espaço.
Trata-se de uma matéria que consiste em estudar a essência dos fatos e como são
percebidos no mundo.
Embora tenha alcançado um
desempenho destacado no Mega Teste como um dos mais altos QIs já
registrados, certas ideias de Langan, como o CTMU, não obtiveram ainda validação
formal nas academias.
O chamado Mega Teste
ficou famoso por medir QIs extremamente altos, mas o Guinness Book não
mantém mais esse tipo de recorde. Entre os nomes associados estão Marilyn
vos Savant (1946, escritora e colunista da revista Parade estadunidense,
na qual responde a perguntas sobre matemática e ciência avançada) e Christopher
Langan, também citado em registros antigos. Desde 1990, o Guinness
descontinuou a categoria por considerar os testes pouco confiáveis.
Consciência cósmica
A propósito, em 1901, Richard
Maurice Bucke (1837-1902), psiquiatra canadense, cunhou o termo
‘consciência cósmica’ em seu livro Cosmic Consciousness. Ele descreve
essa experiência como uma expansão súbita da percepção, marcada por um
sentimento de unidade com o Universo, iluminação espiritual e compreensão
profunda da vida. A consciência cósmica é um estado de percepção ampliada em
que o indivíduo sente uma união direta com o cosmos, transcendendo o ego e a
consciência comum.
De acordo com Bucke,
há quatro características principais da consciência cósmica: (1) sensação de
imortalidade e eternidade, (2) experiência de luz interior ou iluminação, (3)
amor universal e compaixão (4) e clareza intelectual e espiritual. Para ele, esse
estado não seria apenas místico, mas parte da evolução da mente humana, ou
seja, um estágio posterior da autoconsciência, que envolve uma forma mais
complexa da consciência de si, caracterizada pela capacidade de autorreflexão,
prospecção (pensar no futuro), autobiografia (lembrar do passado) e integração
de emoções, intenções e valores pessoais.
Seu livro mistura
autobiografia (ele próprio relata uma experiência pessoal aos 35 anos) com
estudo comparativo de místicos e filósofos. Atualmente, há traduções em
português de ‘Consciência Cósmica’ em formato digital.
Ao descrever o fenômeno, Bucke
conclui tratar-se do próximo nível de consciência da raça humana. Menciona
que ao longo da história alguns humanos passaram por experiências que, embora
aparentemente diferentes, são de fato o mesmo fenômeno. Ele inclui em seu livro
o estudo que fez de vários grandes pensadores que passaram por tal experiência,
alguns seus contemporâneos (especialmente Walt Whitman), e também personalidades
históricas, como Siddhartha Gautama (Buda), Jesus, Paulo de Tarso
(São Paulo Apóstolo), Maomé, Plotino, Dante, Francis Bacon, William Blake e Sri Ramakrishna
Paramahansa, dentre outros.
Richard Maurice Bucke foi pioneiro, mas sua
teoria não é considerada científica no sentido moderno; é mais filosófica e
espiritual. Apesar disso, sua obra influenciou fortemente alguns estudos sobre
espiritualidade, psicologia transpessoal e filosofia da mente.
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Fontes consultadas
https://pt.wikipedia.org/wiki/Christopher_Langan
https://socientifica.com.br/qual-era-o-qi-do-albert-einstein/
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Dominic Albuquerque, maio 2022
·
Lucas Vasques, dezembro 2024
·
Gabriel Pietro, dezembro 2024
·
dezembro 2024
https://mgaconcursospublicos.com.br/qual-era-o-qi-de-albert-einstein/
·
Celso Portela, dezembro 2025
https://amenteemaravilhosa.com.br/pampsiquismo-uma-teoria-fantastica-sobre-a-consciencia/

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