terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Sobre o silêncio que provoca o outro construtivamente

Há coisas que não precisam ser ditas. Coisas que a gente evita verbalizar e podem ser mal entendidas, como comportamentos voltados a si mesmo, sem a preocupação com o outro.

Às vezes, palavras tornam-se desnecessárias. O silêncio fala por elas. Trata-se do silêncio imune de rancor, desprezo, mágoa, revolta ou algo parecido. Este tipo de silêncio traz um significado mais amplo, relacionado ao que é essencial na natureza humana. Um silêncio que incomoda, pois, repleto de significados, sinaliza a indiferença do outro, levando-o ao desconforto e, certamente, à auto-reflexão.


Qual a melhor escolha: silenciar, ignorar, dialogar...? Depende muito de cada pessoa. O que vale mesmo é a oportunidade da construção do ser melhor.

Às vezes, por ocasião de uma contrariedade, uma mágoa, o silêncio evita que o indivíduo se expresse fria e desnecessariamente, movido pela emoção. Pergunta-se o que dói mais, para quem experimenta o momento de desagrado: o silêncio ou o desconforto da palavra?

Há quem prefira dizer tudo de vez, geralmente com forte carga emocional, e acabar logo com a situação angustiante.

A opção pelo silêncio tem a ver com a natureza daquele indivíduo que prefere se calar diante da atitude injusta do outro que desagradou, ainda que sem perceber. Que bom quando o silêncio não se esvai automaticamente, originando o diálogo no momento propício.

O silêncio é importante quando o outro sabe que nos importamos verdadeiramente com ele e que nosso calar se faz ali presente para provocá-lo, de forma construtiva. Poucos entendem o silêncio por uma causa maior.

O causador do silêncio pode, aparentemente, disfarçar o seu comprometimento, mas, certamente, o reconhece em seu íntimo.

É melhor que o silêncio não permaneça como expressão de atitude mal resolvida, daí a necessidade de aclarar a razão de sua origem. Havendo a intenção de aprimorar um relacionamento, o silêncio pode significar sim um instrumento de reflexão e mudança positiva de comportamento do outro.

Assim, é muito bom quando o indivíduo expõe o real significado de seu silêncio ao indivíduo-objeto da circunstância, e ambos discutem e progridem reciprocamente como seres humanos melhores. Melhor ainda é quando não há necessidade nem do silêncio nem do desconforto para o entendimento recíproco.

É tudo uma questão de o indivíduo estar preparado para reconhecer erros e corrigir rumos.

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