terça-feira, 16 de setembro de 2008

Será o fim do jornal? (*)

John C. Dvorak, zap!, revista info Exame, nº. 271, setembro 2008  

Cada vez mais as pessoas estão buscando informações na internet e uma das conseqüências disso é o declínio da popularidade (e do lucro) dos jornais impressos. Os próprios jornais podem se beneficiar desse fenômeno com suas edições on-line, mas eles aparentam não ter idéia de como fazer dinheiro na internet – ou pelo menos obter a mesma lucratividade do meio impresso. Sempre me pergunto se jornais e revistas evoluirão para uma forma mais moderna. Ou se apenas desaparecerão. Historicamente, novas mídias não eliminaram as velhas. A TV fez o cinema e o rádio mudarem para sobreviver.  O rádio abandonou as novelas e se concentrou em música, notícias e opinião. O cinema se modernizou. Mas alguns meios de comunicação morreram. Quando Gutemberg inventou a imprensa, os escribas que copiavam Bíblias à mão foram procurar emprego. Hoje, muitos repórteres de jornal procuram trabalho. Podem não encontrar, como aconteceu com os escribas. 

O impacto da web está mais para o da TV sobre o rádio que para o efeito profundo causado pela imprensa. Provavelmente, a maioria das pessoas pensa o contrário. A web é um mecanismo de distribuição de conteúdo mais barato, e não muito mais que isso. Com relação a jornais e revistas, a web é como uma impressora que ganhou um upgrade. Um mecanismo sem tinta. Então, por que os repórteres estão nessa situação? A mudança atual não seria similar à causada pela imprensa de Gutemberg? A analogia é falsa. Os jornalistas não encontram trabalho porque há uma abundância deles num mundo globalizado.  

Tudo o que você precisa fazer é usar sites como o Google News. Você procura um tópico e o Google diz onde estão outras 500 histórias sobre o assunto. Você explora o material e vê que a maioria delas diz a mesma coisa. Para que precisamos de 500 escoadouros de distribuição de um único artigo? Uma parcela muito pequena desse conteúdo é original. Se os Estados Unidos são o pior caso do impacto da web, é onde se pode analisar melhor o futuro do negócio de jornais e revistas. Os escoadouros com conteúdo original prosperam. Aqueles que compram conteúdo barato de agências estão sofrendo. O problema é que qualquer um pode fazer isso. Os jornais pioraram a situação demitindo repórteres que produziam conteúdo valioso. Baratearam seus produtos e afastaram mais consumidores. Nunca entendi que tipo de idéia fixa é necessário para piorar seu produto quando se está perdendo clientes. Alguns jornais se meteram em uma espiral descendente, seguindo a filosofia de baratear o produto, até que simplesmente fecharam. Alguém pode dizer: “Eles fizeram tudo que podiam para salvar seu negócio”. É risível. Apenas cortar custos não é “fazer tudo que podiam”. 

A pior parte da enrascada é que os representantes da velha mídia não escutam os da nova. Sou velho o bastante para conhecer bem ambos. A maioria dos executivos da velha mídia é tacanha sobre as mudanças. É por isso que a internet está matando os jornais e vai continuar até que eles se modernizem e, acima de tudo, gastem mais dinheiro em conteúdo único e original. Temo que poucos farão essa transição.

(*) Obrigado, mano Lineu (http://www.blogdolineu.blogspot.com), por colocar esta preciosidade em minhas mãos.

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