segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

O exercício do entendimento

Naquele dia, 20 de outubro de 2003, ao entardecer, regressando de ônibus, de São Paulo para Santos, senti-me incomodado durante toda a viagem, de cerca de uma hora de duração, com o passageiro sentado ao meu lado.

Ele era moreno, bem alto, e se debruçava de vez em quando sobre a poltrona a sua frente, aparentando quem sabe um ar de cansaço ou de tristeza.


O que na verdade me incomodava era um odor desagradável que o homem exalava. Isto me obrigou a passar todo o trajeto da viagem com o rosto virado para o lado contrário do homem. Certamente cheguei a me irritar com o seu desleixo.


Mais tarde, já em casa, ao me deitar, lembrei-me da imagem daquele homem. E pensei: o que estaria acontecendo com ele? Cansaço, dificuldade financeira, fome ou o quê? Quem sabe teve um trabalho forçado durante o dia e não teve tempo ou local adequado para tomar um banho? Será que estava sem rumo, ou talvez abalado com alguma triste notícia?


É com esse tipo de reflexão em cima de experiências do cotidiano que procuro exercitar o meu entendimento e tolerância.


Daí, naquela noite, veio então uma sensação forte, lá de dentro, que me inspirou a envolver aquele homem em um foco de luz intensa. Um foco de luz a iluminar o seu caminho. Pensei nisso e me tranquilizei.

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