“Consciente ou inconscientemente, todos nós trilhamos uma senda espiritual – um caminho de aprendizado, autoaperfeiçoamento e elevação, que nos permite expressar, cada vez mais, nossas melhores qualidades e virtudes”, ensina a Fraternidade dos Guardiães da Chama, www. summit.org.br
Para esse movimento espiritual, nem sempre, porém, a trajetória interna do nosso ser é clara para nós. “Ocupados com os desafios do dia-a-dia, sobrecarregados com solicitações materiais e cercados por um mundo em rápida transformação, acabamos deixando de lado nossa natureza espiritual. Às vezes, por falta de tempo, conhecimento ou visão, tomamos atalhos e desvios que retardam nossa evolução”, declara a Fraternidade.
Encontros que se justificam
Constantemente, a vida traz oportunidades para que cada um de nós possa encontrar os caminhos que nos são mais adequados. Mas são apenas “insights” no dia-a-dia que na maioria das vezes passam sem o registro da percepção comum. É assim com pessoas que cruzam com a gente. Apenas algumas, com o tempo, revelam-se amigos verdadeiros. E este é um assunto que dá muito que pensar.
Poucos ainda acreditam nos oportunos encontros pessoais regidos a partir de esferas superiores. É o que costumo denominar “encontros providenciais”. E, por saber disso, estou sempre atento ao que a vida me apresenta. Acredito que, de maneira geral, certos encontros não são por acaso, fortuitos. Assim como também não são obra do acaso os nossos relacionamentos familiares e no trabalho. Nossos ambientes e circunstâncias de vida nós “atraímos” ao longo de sucessivas vidas em função de comportamentos, bons ou maus, forças liberadas no Cosmo que desencadeiam o processo natural de causa e efeito. Este conceito newtoniano, cunhado para a física, certamente pode ser expandido e explicar a felicidade de uns e a desventura de outros.
Por vezes nos aparece alguém, conhecido ou desconhecido, que, de repente, tem algo de produtivo, de criativo a acrescentar... E frente a isso existem dois grupos humanos: os que se apercebem e refletem sobre as oportunidades criadas, e os que passam “dormindo” por essas propostas simplesmente “relampeadas” pelas forças universais.
“A vida é um caminho de vivências, de eventuais aprendizados. Eu imagino as frequentes oportunidades que surgem para o homem mudar para melhor, a maioria das quais ignorada como as ondas que tocam nossos pés em passeios à beira-mar. No entanto, tais ondas, sem cessar, desenham e redesenham os litorais. Os que não acolhem a mensagem escrita por elas na areia, os que não acolhem os achados mediados pelo ‘destino’, não se desvencilhando de sua ignorância diante dos fenômenos, podem ter de ser despertados por um tsunami existencial”, filosofa o amigo Roberto da Graça Lopes.
Boa companhia
Outro dia, ao reencontrar um conhecido na academia de ginástica, pessoa com quem muito me identifico, passamos algum tempo falando sobre Deus e a questão existencial. Ao nos despedirmos, imaginem, ele disse que a esposa gostaria que ele despertasse para a religiosidade. Acreditem, a conversa não foi intencional, mas não foi gratuita. Pergunto: o que regeu este encontro? Necessidade de um, disponibilidade e predisposição do outro?. Os Entes do Cosmo engendraram a conversa...?
Então, que bom quando podemos atuar como instrumento de despertamento para os amigos, o que nunca deixa de se constituir um aprimoramento pessoal e espiritual recíproco. A escolha de um amigo é de livre arbítrio. E, é claro, balizada pela simpatia interpessoal, apesar de também poder ocorrer um esforço consciente de uma das partes em fortalecer o relacionamento, pois está desperta sobre a possibilidade de crescimento recíproco, de prestação de um benefício.
O bom companheiro pode ajudar a expandir nosso lado espiritual, levando-nos a conciliar produtivamente as demandas do cotidiano e a nossa reação, que deve ser equilibrada, diante dos acontecimentos que nos afetam direta ou indiretamente.
Quanto mais investimos na leitura e no entendimento dos ensinamentos sagrados, tanto mais refinamos nossa percepção e nos surpreendemos com o valor prático e concreto desses ensinamentos no cotidiano.
Na obra “Deus é para todos”, que acabo de ler, o autor Swami Kriyananda, discípulo do mestre indiano Paramhansa Yogananda, diz o seguinte: “O destino de cada um é também a consequência de suas próprias ações do passado. No entanto, podemos mudar em boa parte o destino desencadeado por essas ações, ao elevar nosso nível atual de consciência”. Isto também nos faz lembrar Chico Xavier: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”. Frente aos amigos que a vida nos traz, temos de nos colocar como instrumentos para motivar, viabilizar e sustentar transformações, começos de um novo fim.
Segundo Swami Kriyananda, professor de meditação e de ioga e autor de dezenas de livros e canções, “Em todos os níveis de refinamento, o desenvolvimento também pode ser inspirado pela boa companhia. Essa influência é até mais importante que o sofrimento. As pessoas podem ser ajudadas em seu caminho rumo à maturidade espiritual, ao se rodearem de influências enaltecedoras. É especialmente útil prestar serviços a pessoas mais altamente evoluídas em termos espirituais”.
Quanto mais clara se torna a consciência do indivíduo, mais rápida se torna sua evolução psicológica, revela Kriyananda. Para esse autor, “A boa companhia estimula tal evolução; ela contrabalança as chicotadas da dor e do sofrimento, que conduzem uma pessoa a níveis mais elevados de compreensão. Caso se encontre no meio de pessoas pacíficas e harmoniosas, a pessoa pode ser inspirada a reconhecer que a felicidade existe nela mesma e não precisa ser buscada somente em circunstâncias externas”.
Kriyananda comenta também que a companhia que buscamos exerce uma forte influência nas imagens de felicidade que formamos na mente. “Se todos os nossos conhecidos consideram o objetivo da vida possuir uma gorda conta bancária, não será fácil tirar da cabeça essa forma-pensamento, ainda que nosso próprio desejo seja adotar um ideal mais expansivo. Se, por outro lado, as pessoas que nos cercam estão generosamente interessadas no bem-estar alheio, qualquer tentação de nossa parte em buscar somente a própria felicidade provavelmente se dissipará como a névoa matinal ao sol”.
Finalmente, o discípulo de Paramhansa Yogananda observa em sua obra que, no processo do desenvolvimento até a maturidade, o indivíduo sente um progressivo desejo de alcançar a verdadeira compreensão. “Enfim, consciente da gravidade e da frequência de seus erros, apesar do esforço aplicado – já que a ilusão é muito sutil -, ele começa a ansiar pela orientação de alguém que tenha, pessoalmente, alcançado a sabedoria. Terá muita sorte se lograr ser conduzido a tal pessoa. Se, além disso, aquela pessoa consentir em empreender a tarefa hercúlea de guiá-lo para fora do labirinto da ilusão, ele conseguirá, depois de grandes esforços de sua própria parte, alcançar finalmente a liberdade. Sem semelhante orientação, o caminho é infinitamente tortuoso e constantemente frustrante”.
A meu ver, haverá sempre alguém mais sábio ao lado de cada um de nós, disposto a compartilhar conosco o seu aprendizado. Quanto mais refinarmos nossa percepção e mudarmos atitudes, mais susceptíveis ficaremos para atrair os mais sábios e também mais interessados em compartilhar seu conhecimento.
Onde quer que cada um se encontre haverá sempre alguém disposto a ouvir e a estender a mão. É só uma questão de observar mais atentamente, incorporar humildade e se deixar impregnar pela ação da Providência Divina, permanentemente sustentando todo ser humano. Mas seria preciso que as pessoas não desperdiçassem as oportunidades de crescimento pessoal, especialmente o espiritual, o que geralmente ocorre por ignorância ou, o que é muito sério, por ausência de disposição para mudar.
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Foto: João, de camiseta branca, meu amigão mais novo (17), é um orgulho para mim. Frequentamos a mesma academia de ginástica. Seu carisma e maturidade surpreendem a todos, inclusive os mais velhos, como eu. João, certamente, é exemplo de um ser evoluído. Quem o conhece, e sua capacidade de gerar uma energia espiritual contagiante, há de concordar.
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