quinta-feira, 8 de abril de 2010

A “aura” do Rio de Janeiro

Recentemente, alguém descreveu muito bem o Rio de Janeiro: o cantor Lenine (jornal “O Estado de S. Paulo”, suplemento, 6/2/2010).
 
“Na letra da música ‘Lá e Cá’, o cantor pergunta: ‘Você já foi até o Rio, nega? Não? Tem que ir”, mostra o artigo: “Carioca de coração”.  Conforme o jornal, a menção à Cidade Maravilhosa, feita em tantas outras composições do artista pernambucano, é fruto de sua paixão pela cidade, em especial pelo bairro onde mora, a Urca: “Sua relação com a cidade começou em 1977, numa visita a primos, um presente por ter passado no vestibular para a faculdade de engenharia química. Encantado, voltou em 1979 e fincou de vez o pé no Rio de Janeiro”.
 
Segundo “O Estado”, a música tem levado o cantor a várias partes do planeta, “mas nenhuma delas se compara ao Rio. O Rio é realmente uma cidade singular, com sua configuração geográfica, seus contrastes, o humor do povo... Além disso, em qual capital do mundo é possível alcançar cachoeiras, praias e montanhas em poucos minutos?”, diz Lenine.
 
Minha paixão pelo Rio
 
Eu também sou apaixonado pelo Rio. De tempo em tempo viajo para lá, para matar a saudade. Hospedo-me sempre no mesmo hotel, em Copacabana. Quando falo sobre isto, não raramente pessoas se surpreendem, perguntando se não tenho medo de ser assaltado e morto.
 
Para dizer a verdade, já fui assaltado em Santos, cidade onde resido, e minha filha, recentemente, na cidade de São Paulo, quando ela e vários moradores do prédio onde reside foram mantidos como reféns de quatorze assaltantes, armados com revólveres e metralhadoras.  Já frequento o Rio de Janeiro há muitos anos e, graças a Deus, daquele povo feliz e hospitaleiro, só guardo boas recordações.
 
Na academia onde pratico ginástica, um frequentador, de seus 60 anos aproximados, que odeia o Rio, provocava-me sempre que eu trajava uma camiseta regata com a inscrição: “Rio de Janeiro”. Eu já evitava usá-la na academia, por conta do certo desconforto que a pessoa me causava.
 
Um dia, ao chegar com a tal regata, fui surpreendido pelo homem: “Deveriam explodir uma bomba naquela cidade, para acabar de vez com todos aqueles bandidos”. Ao que retruquei: “Se um filho seu tivesse tido uma boa oportunidade profissional no Rio e lá fosse residir, ainda assim você imaginaria uma tragédia como essa?”
 
E não é que funcionou? Nunca mais fui importunado ao ir à academia com a minha regata preferida, que, por sinal, já apresenta alguns pequenos furos, de tanta puxada de ferro, na musculação. Ainda assim, não deixo de vesti-la. Em janeiro deste ano, nas férias, quando retornei ao Rio, comprei outra regata, na mesma loja, no Arpoador.
 
É claro que não se pode negar o lado da violência no Rio, como em muitas cidades brasileiras.  Mas com discrição e alguma orientação da própria população para “marinheiros de primeira viagem”, visita-se tranquilamente a cidade e logo se apaixona por ela, ficando o desejo de logo retornar. 
 
Quando estou no Rio, tenho a sensação de ser abraçado pela cidade. É comum andar nas ruas e, ao pedir uma informação, ser surpreendido com a reação receptiva dos cariocas. Normalmente, eles tratam a gente como se já fosse familiar. Agora, falar da beleza daquela paisagem e da sensação que traz a “aura” penetrante do local é difícil descrever. Só experimentando para crer. A paixão dos turistas internacionais pela Cidade Maravilhosa tem tudo a ver. Costumo dizer que o Rio de Janeiro é uma espécie de paraíso terrestre.
 
Para pessoas impressionadas com a violência da cidade, digo mais: se tivesse oportunidade, era lá que eu gostaria de viver no futuro.
 
_________
Foto: Antonio Gaudério, http://oglobo.globo.com (Blog do Noblat)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Para comentar mais facilmente, ao clicar em “Comentar como – Selecionar Perfil”, selecione NOME/URL. Após fazer a seleção, digite seu NOME e, em URL (preenchimento opcional), coloque o endereço do seu site.