Sexalescente refere-se a uma
geração que expulsou da língua a palavra sexagenário (nascidos nos anos
60), simplesmente por não estar entre os seus planos atuais a possibilidade de
envelhecer
Tom Simões, 76, jornalista, Santos
(Brasil), 8 de junho de 2025
Sexalescência é um termo novo proposto
pelo equatoriano Manuel Posso Zumárraga, para identificar os adultos
com 60 anos ou mais, que vem se popularizando cada vez em alguns países da
América Latina e na Europa. Zumárraga é especialista em políticas
públicas e de seguridade social, com 20 anos de experiência. Os
sexalescentes gerenciam as novas tecnologias, são modernos, progressistas e
ansiosos por desfrutar da vida e aprender, sempre. O
termo tem inspiração na adolescência, quando as pessoas descobrem novas facetas
de si mesmas e começam a questionar tudo ao seu redor. Sexalescência implica
algo semelhante, uma redescoberta da vida, das paixões e do que realmente
conduz o idoso à autorrealização.
Como atual costume, essas pessoas estão estreando um novo ciclo de vida que ainda carece de nome, antes eram velhos ou velhas, hoje estão plenas física e intelectualmente. Lembram-se da juventude, mas sem nostalgia. Importa mesmo as oportunidades desse novo tempo. Zumárraga nos apresenta uma nova geração que não quer apenas viver mais — quer viver melhor, e com propósito.
Eu pratico musculação há muitos anos. O que me surpreende no tempo presente é a quantidade de pessoas da ‘terceira idade’ nas academias de ginástica. Antes, esses locais compunham-se basicamente de jovens, esportistas e pessoas preocupadas com a estética do corpo.
Por que então o crescente interesse
dos sexalescentes pela musculação? Partindo da própria recomendação dos
médicos, os idosos de hoje também estão cada vez mais conscientes, dada a
facilidade de acesso às redes sociais a tudo que existe. Com tanta
informação disponível, os sexalescentes reconhecem que os exercícios de força e
resistência trazem diversos benefícios: melhora o condicionamento físico, a
postura e a capacidade respiratória, acelera o metabolismo e diminui a gordura.
Portanto, é uma prática muito saudável capaz de fortalecer o corpo como um
todo, proteger contra doenças e promover o bem-estar físico e mental.
O marco legal para
considerar alguém como idoso no Brasil ocorria aos 60 anos. No
passado, era alguém com mais de 50 e no futuro breve, provavelmente, quem tiver
mais de 70 anos. O conceito de idoso vai
mudando de acordo com cada época e cada sociedade. Não se usa mais os termos
‘sexagenário’ e ‘terceira idade’, não por vergonha da idade, mas porque
simplesmente envelhecer não está nos planos da nova velhice.
As pessoas acima dos 60
anos estão inaugurando uma fase de vida inédita
A sexalescência descreve
homens e mulheres que gerenciam as novas tecnologias e são modernos, conectados,
progressistas, ansiosos por desfrutar da vida, aprender, viajar e conhecer
novas pessoas. Eles vivem de forma ativa e intelectualmente estimulante,
recusando-se a ser definidos como ‘idosos’.
Nesse sentido, a mulher
sexalescente é em especial um símbolo dessa transformação. Na década de
sessenta, ela se mostrava mais segura, recebendo mais influências externas.
Queria ser mais informada, politizada e moderna. E então pôde parar para
refletir no que realmente queria. Escolheu caminhos próprios: algumas foram
morar sozinhas, outras criaram filhos sozinhas, estudaram tarde ou escolheram
carreiras e práticas esportivas comumente masculinas. Mas muitas delas criaram
seu próprio ‘eu’.
Quem já ouviu falar de
mulheres ‘perennials’? Significa as gerações que não se identificam com a
meia-idade. Elas são chamadas de ‘ageless generation’, algo como mulheres eternas ou sem idade, porque com tênis,
jeans e camiseta não é fácil adivinhar quantos anos têm. “Pelo menos pelas
costas”, diz Rebecca Rhode, fundadora da SuperHuman, agência de
marketing que fez um estudo com 500 mulheres publicado no The Telegraph.
Na plenitude de sua vida,
as mulheres que nasceram nos anos sessenta e setenta se rebelam contra qualquer
definição cuja origem seja a idade.
Autossatisfação: estado de
contentamento consigo mesmo, onde a pessoa se sente realizada e feliz com suas
escolhas e conquistas
Longe dos escritórios
tristes, essas pessoas procuraram e encontraram há muito a atividade que mais
gostavam e ganham a vida com isso. Deve ser por isso que se sentem plenas, algumas
nem sonham em se aposentar. Os sexalescentes que já se aposentaram desfrutam
plenamente de cada um dos seus dias, sem medo da solidão ou do ócio. Aproveitam
cada dia com consciência e liberdade.
Mas outras características
já podem ser dadas como conhecidas: não são pessoas detidas no tempo e manipulam
computadores e celulares como se tivessem usado toda a vida. Escrevem-se e até
esquecem do telefone antigo para contatar os amigos. Geralmente estão satisfeitas
com o seu estado civil e, se não estiverem, não se preocupam em mudá-lo.
Diferente dos jovens, os
sexalescentes conhecem e ponderam riscos antes de agir. Quando algo dá errado,
não se desesperam, costumam refletir. Não invejam a aparência de jovens astros
do esporte, nem as mulheres sonham ter a figura de uma vedete. Em vez disso, conhecem
a importância de um olhar cúmplice, admiram uma frase inteligente e um sorriso
iluminado pela experiência.
Hoje, cada vez mais pessoas
de 60 e 70 anos celebram o sol todas as manhãs e sorriem para si mesmas com frequência,
como também fazem planos para si próprias, não para os outros.
A velhice é um dom de
maturidade e sabedoria
O Papa Francisco
morreu aos 88 anos, mas não antes de deixar uma mensagem sobre a morte e a velhice. Pouco
antes de sua última internação, ele deixou um texto inédito, que agora ganha
novos significados.
Em seu pontificado, Francisco
sempre abordou temas importantes para a reflexão. Um deles foi a velhice.
Muitas vezes, o Santo Padre ofereceu pensamentos
profundos sobre a importância deste assunto, no âmbito espiritual e
social. Francisco costumava destacar que a velhice não deve ser vista
como um período de declínio, mas sim uma fase cheia de sabedoria,
dignidade e potencial para promover aquilo que é bom, benéfico ou positivo.
Em suas catequeses, o Pontífice
enfatizava que a velhice é um “dom de maturidade e sabedoria para todas as
idades”. Ele observava que, em muitas culturas, os idosos são
marginalizados ou descartados, e alertava que essa visão empobrece a
sociedade. Para Francisco, a velhice representa uma fase da vida
que deve ser valorizada e respeitada, pois os idosos são como ‘raízes’ que
sustentam a árvore da sociedade, oferecendo orientação e estabilidade às
gerações mais jovens.
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Fontes consultadas:
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/21/estilo/1500664679_731997.html
https://www.a12.com/redacaoa12/santo-padre/as-reflexoes-de-francisco-sobre-a-velhice
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