quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Maturidade: “... quero a essência, minha alma tem pressa...”

Que deliciosa surpresa! Na manhã deste domingo, 6 de junho, recebo do amigo Verani, J.R.: “O valioso tempo dos maduros”, poema de Mário de Andrade (1893-1945), que decido inserir na íntegra no blog, por me identificar com o que Mário descreve. Trata-se, a meu ver, de algo que deveria sim nortear a vida de todas as pessoas.
 
Infelizmente, no círculo social em que vive cada um de nós é muito difícil encontrar alguém com quem compartilhar a sabedoria de Mário de Andrade. Eu acredito que sempre exista sim, por perto da gente, alguém com as características especiais, mencionadas no poema, como uma oportunidade natural e providencial para o nosso crescimento pessoal e espiritual. Porém, infelizmente, poucos ainda desenvolvem essa capacidade de perceber sinais providenciais; a superficialidade do ser humano interfere na captação do que é verdadeiramente essencial, que faz valer a pena!
 
Tal reflexão me leva também a outra referência da literatura mundial: Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944): “Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”.

***

Vejamos o poema de Mário de Andrade (“O valioso tempo dos maduros”):


"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. 
As primeiras ele chupou displicente, mas, percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que, apesar da idade cronológica, são imaturas.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade...
Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E, para mim, basta o essencial."
 
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Foto (É pequeno, mas pia alto pacas): Pablo Basile, http://www.flickr.com/photos/pablobasile

Um comentário:

  1. Ô amigo, o poema não é de Mário de Andrade, mas sim de um escritor cearense chamado Ricardo Gondim: http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2011/11/falsas-citacoes-atribuidas-grandes-autores-circulam-na-internet.html. Sugiro corrigir no site para não configurar injustiça contra outro grande poeta e escritor que é o prof. Ricardo Gondim.

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