Tom Simões, http://tomsimoes.criarumblog.com, com base na crônica de Contardo Calligaris, setembro 2008
Um filme imperdível, sobretudo pela sua capacidade de prender permanentemente a atenção do espectador e levá-lo à auto-reflexão. A história baseia-se no romance homônimo de José Saramago, com direção de Fernando Meirelles (que dirigiu “Cidade de Deus” e “O Jardineiro Fiel”). Segundo Arnaldo Jabor, “Ensaio sobre a Cegueira” é um filme profundo para quem sabe ver, para quem quer enxergar o melhor do mundo.” Para a revista Veja, “Uma excelente adaptação” e, para o próprio Saramago, “Brilhante”!
Conforme o “Guia da Folha”, a história passa-se em uma cidade assolada por uma misteriosa epidemia de cegueira. Isolados em um hospital, os contaminados começam a mostrar seus instintos primitivos.
Contardo Calligaris, em sua crônica “Ensaio sobre a Cegueira (Folha de S.Paulo, Ilustrada, de 18/9/2008), relata que a obra de Meirelles é fiel ao livro que a inspira, mas, para contar a mesma história, consegue inventar uma eloqüência própria, sutil e forte.
Contardo diz que a oposição caricata dos bons e dos ruins expressa a incerteza do espectador, do leitor e do autor: “Você, se, por uma misteriosa epidemia, o mundo ficar cego, se o reino da lei acabar e começar a idade da luta pela sobrevivência, de que lado estará? Do lado dos que inventarão novas formas de abusos ou dos que descobrirão novas formas de respeito e de vida comum? Uma vez perdida a visão, o que você enxergará no seu vizinho: mais uma mulher para estuprar e um otário para explorar ou um irmão, perdido que nem você?”
No “Ensaio...”, diferente do que acontece em muitas narrativas apocalípticas, narra o cronista, a heroína é uma mulher, e as mulheres são as depositárias da esperança; elas saem engrandecidas pelas provas da situação extrema.
São elas que, para o bem de todos, entregam-se aos estupradores, aviltando não elas mesmas, mas os que as violentam, com uma coragem que salienta a covardia dos maridos ciumentos ou zelosos de sua “honra”, escreve Contardo. São elas que sabem cuidar de uma criança ou matar quando é preciso. São elas que reinventam a amizade (em cenas memoráveis: a das mulheres lavando o corpo da companheira espancada à morte e a das mulheres no chuveiro).
Para finalizar, admite o cronista: “Aviso, caso, um dia, a gente tenha que recomeçar tudo do zero: em geral, as mulheres sabem, melhor do que os homens, o que é essencial na vida.”
Um filme imperdível, sobretudo pela sua capacidade de prender permanentemente a atenção do espectador e levá-lo à auto-reflexão. A história baseia-se no romance homônimo de José Saramago, com direção de Fernando Meirelles (que dirigiu “Cidade de Deus” e “O Jardineiro Fiel”). Segundo Arnaldo Jabor, “Ensaio sobre a Cegueira” é um filme profundo para quem sabe ver, para quem quer enxergar o melhor do mundo.” Para a revista Veja, “Uma excelente adaptação” e, para o próprio Saramago, “Brilhante”!
Conforme o “Guia da Folha”, a história passa-se em uma cidade assolada por uma misteriosa epidemia de cegueira. Isolados em um hospital, os contaminados começam a mostrar seus instintos primitivos.
Contardo Calligaris, em sua crônica “Ensaio sobre a Cegueira (Folha de S.Paulo, Ilustrada, de 18/9/2008), relata que a obra de Meirelles é fiel ao livro que a inspira, mas, para contar a mesma história, consegue inventar uma eloqüência própria, sutil e forte.
Contardo diz que a oposição caricata dos bons e dos ruins expressa a incerteza do espectador, do leitor e do autor: “Você, se, por uma misteriosa epidemia, o mundo ficar cego, se o reino da lei acabar e começar a idade da luta pela sobrevivência, de que lado estará? Do lado dos que inventarão novas formas de abusos ou dos que descobrirão novas formas de respeito e de vida comum? Uma vez perdida a visão, o que você enxergará no seu vizinho: mais uma mulher para estuprar e um otário para explorar ou um irmão, perdido que nem você?”
No “Ensaio...”, diferente do que acontece em muitas narrativas apocalípticas, narra o cronista, a heroína é uma mulher, e as mulheres são as depositárias da esperança; elas saem engrandecidas pelas provas da situação extrema.
São elas que, para o bem de todos, entregam-se aos estupradores, aviltando não elas mesmas, mas os que as violentam, com uma coragem que salienta a covardia dos maridos ciumentos ou zelosos de sua “honra”, escreve Contardo. São elas que sabem cuidar de uma criança ou matar quando é preciso. São elas que reinventam a amizade (em cenas memoráveis: a das mulheres lavando o corpo da companheira espancada à morte e a das mulheres no chuveiro).
Para finalizar, admite o cronista: “Aviso, caso, um dia, a gente tenha que recomeçar tudo do zero: em geral, as mulheres sabem, melhor do que os homens, o que é essencial na vida.”
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