sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

DROGAS: NECESSIDADE DE CAMPANHAS INTELIGENTES

Imagem: http://revistanareal.blogspot.com
Gilberto Dimenstein é sempre referência em suas abordagens sobre problemáticas sociais. Ele não apenas aponta falhas no sistema, mas nos leva a refletir sobre formas possíveis de minimizá-las. Em seu artigo “A ilusão da operação militar no Rio” (Folha de S.Paulo, Cotidiano, 5/12/2010), Dimenstein comenta que a operação lançada no Rio de Janeiro contra os traficantes é, até aqui, um êxito militar, mas uma incógnita no que diz respeito à redução do consumo de drogas.
Para o cronista, dezenas de milhares de policiais podem prender traficantes todos os dias, mas não vão extinguir a lei da oferta e da procura: quanto maior a repressão, maior o valor dos produtos e, portanto, a atratividade do mercado e, é claro, maior a propina.

Segundo Dimenstein, o melhor e mais difícil jeito de reduzir o dano é atacar o consumo, para que pessoas que eventualmente usem drogas não abusem.

“Não há ainda no Brasil campanhas contra a dependência química com a inteligência e o charme utilizados para prevenir o câncer de mama ou o HIV. Ou então as campanhas pela defesa do ambiente: recentemente, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) divulgou que a Amazônia teve, neste ano, o menor desmatamento de sua história. Algumas das melhores cabeças publicitárias do mundo se envolveram na questão ecológica”, declara o articulista.
Em sua opinião, é bobagem tentar fazer campanhas moralistas, sombrias, quase terroristas, contra o vício. “Outro erro é tentar colocar num mesmo saco todas as drogas. Qualquer droga é perigosa – aliás, excesso de açúcar e excesso de sal também matam. Maconha, porém, não é igual a cocaína, a crack ou a heroína”.

Dimenstein conta que o que de fato funciona contra o abuso do álcool e das drogas, como mostram inúmeras pesquisas, é aliar informação a estímulo aos jovens para montarem seus projetos de vida. “Os projetos educativos que funcionam ensinam, em essência, que a liberdade é um maravilhoso vício”.

LEGALIZAÇÃO

“A longo prazo, a única solução sustentável é legalizar as drogas, fiscalizar a sua fabricação para reduzir seus efeitos deletérios e gastar com prevenção e tratamento as verbas arrecadadas com as vendas”, admite o cronista.

“Qualquer medida agora seria uma insanidade e, de resto, não encontraria respaldo na opinião pública. É algo para ser realizado aos poucos, em meio a um entendimento entre vários países. Especialistas lembram que as medidas liberalizantes poderiam inicialmente contemplar a maconha, que, segundo todos os estudos científicos, é menos perigosa do que o álcool e o cigarro”, complementa Dimenstein, gdimen@uol.com.br

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Revisão do texto: Márcia Navarro Cipólli, navarro98@gmail.com

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