quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

APOSENTADORIA SOB A VISÃO DE DIMENSTEIN

Ilustração: http://acaofuturo.blogspot.com/
Em seu artigo "A universidade do futuro é dos velhos" (Folha de S. Paulo, Cotidiano, 17/10/2010), Gilberto Dimenstein conta que, com base em uma investigação realizada nos últimos 20 anos com americanos acima de 50 anos de idade, cientistas da Universidade de Stanford, especializados em estudos de longevidade, sustentam que a aposentadoria prejudica a memória e, portanto, acelera a decadência do indivíduo. "A razão: a falta de uso tiraria o vigor do cérebro. Semelhantes conclusões são encontradas em pesquisas realizadas em outros 12 países europeus", escreve o cronista.


Dimenstein explica que esses dados foram divulgados na semana passada, no mesmo dia em que o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgou uma projeção sobre o envelhecimento da população brasileira – defendendo que O PAÍS DEVERÁ MUDAR URGENTEMENTE SUA VISÃO SOBRE O QUE É SER VELHO. "Num futuro breve, a idade média do nosso trabalhador será de 45 anos. Na apresentação dos dados, os pesquisadores daquele instituto relacionaram a aposentadoria como mais um estímulo de problemas como a depressão e o alcoolismo".


"Era da aprendizagem permanente"


Somos um país em que quase ninguém se escandaliza com o fato de que professores universitários se aposentam ainda jovens, comenta Dimenstein. Ele diz: entre nas grandes universidades americanas, incubadora da maioria dos vencedores do Prêmio Nobel, e veja o número de mestres e pesquisadores ainda trabalhando com mais de 80 anos de idade.


Segundo Dimenstein, se a idade média do trabalhador será de 45 anos, significa que haverá bem menos jovens e que as empresas terão de saber lidar com empregados mais velhos. "Serão demandados programas ainda mais intensos de reciclagem profissional. NÃO SE VAI PODER MAIS PARAR DE ESTUDAR".


Para mim, comenta Dimenstein, "ESSE SONHO DA APOSENTADORIA É UM PESADELO. É o que indica aquelas pesquisas sobre a memória. Deveríamos ensinar à criança, desde o berço, que A VIDA SÓ SE TORNA UMA BELA AVENTURA, COM SENTIDO, SE NÃO PARARMOS DE TER CURIOSIDADE, DE APRENDER E DE CRIAR. FAZER PLANOS PARA NÃO FAZER NADA É A MORTE".


Envelhecimento


"Podemos ver como nosso corpo muda ao longo das décadas, mas sentimos que continuamos a ser a mesma pessoa. Por exemplo, acho que eu ainda sou o mesmo homem que eu era no final da adolescência. Às vezes, eu ainda me comporto daquela maneira", inspira-nos Bruce M. Hood, em sua obra "Supersentido – porque acreditamos no inacreditável", que li recentemente.


Para Bruce, nossos conhecimentos, experiências, ambições e preocupações podem mudar durante os anos, mas a nossa sensação de identidade é constante. "Esse é um dos aspectos mais frustrantes do envelhecer. AS PESSOAS IDOSAS NÃO SENTEM QUE ENVELHECERAM; APENAS O CORPO É QUE O FEZ", argumenta o escritor.


Bruce diz também que "Nós tratamos os velhos de forma diferente, até mesmo de forma condescendente. Mas, em geral, as pessoas idosas sentem que elas não são diferentes do que eram quando jovens. Quando nos olhamos no espelho, podemos ver como os rigores do tempo e da gravidade agiram em nosso corpo, mas ainda sentimos que somos a mesma pessoa".


É assim que eu me sinto, permanentemente jovem, aos 62 anos. Trabalho desde os 18, portanto há 44 anos. E, graças a esta minha condição equilibrada, que engloba o físico, o mental e o espiritual, continuo, desde o início, com o mesmo vigor e amor pela atividade profissional. Na verdade, com a maturidade pessoal e profissional, experimento a fase mais estimulante e produtiva de minha vida.


Ainda ontem, 18 de outubro, admirei-me, ao saber que o bailarino russo Mikhail Baryshnikov também tem 62 anos. Ele, cada vez mais brilhante no palco, apresenta-se nestes dias, 19 e 20 de outubro, no Teatro Alfa, em São Paulo, com a bailarina espanhola Ana Laguna, 54. Os ingressos foram rapidamente esgotados.

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