“Em vez de política, prefiro falar de anjos.”

Alivia-me encontrar personalidades que também pensam assim. Fica mais fácil entender porque prefiro enxergar o mundo de forma mais positiva.

Carlos Heitor Cony foi muito
feliz no artigo "O barco e o sol", publicado na Folha de S. Paulo de 10/12/2006. "Não tenho saco para acompanhar com argúcia e interesse pessoal os fatos da política nacional, da nossa economia e da situação internacional. De vez em quando abordo um tema relativo a esses departamentos, que afinal, de certa forma fazem parte do meu cotidiano", escreve Cony.

Para ele, o atentado ao WTC o espantou, a invasão do Iraque o irritou, o Brasil na Copa do Mundo o decepcionou. Foram acontecimentos abordados à exaustão por todos os jornais e jornalistas, cada qual com sua visão particular, inclusive a sua, diz o colunista.

Para dar exemplos, Cony acrescenta: "Não tenho qualquer interesse em saber quem vai ser ministro disso ou daquilo, não torço por nenhum candidato e nenhum partido. Sou minimamente patriota para admitir que torço compulsoriamente pelo Brasil, pela paz universal ..."

"Em vez de política, prefiro falar de anjos", disse o holandês Cees Nooteboom, em referência a seu livro "Paraíso perdido", durante a Flip (Festa Literária de Paraty, 2008). Na mesma oportunidade, Lucrecia Martel, cineasta argentina, declarou que lê pouca ficção. Para Lucrecia, "A literatura que tem a pretensão da verdade, como a ciência ou a medicina, é mais excitante para mim". Selecionei ambas referências da Folha de S.Paulo de 4/7/2008.

Daí vem Cony, que me leva ao deleite: ... "Ontem pela manhã vi um barco solitário na Lagoa. Os remos encharcados refletiam o sol da manhã. Um espetáculo bonito em sua banalidade, logo me deu vontade de escrever sobre barcos de remos encharcados de água e de sol. Sei que não é isso que os leitores esperam de um cronista numa página de opinião... Assumo a culpa de preferir o barco e o sol."