sábado, 14 de junho de 2008

Sobre Randy Pausch

Especialista em realidade virtual, Randy Pausch, 47, tornou-se um fenônemo da internet. Quem fala sobre ele é Amarílis Lage, no caderno Equilíbrio da Folha de S.Paulo de 22/5/2008.

O que atraiu a atenção de milhões de usuários foi um vídeo da última aula que Randy ministrou na Universidade Carnegie Mellon, na Pensilvânia (EUA), em setembro de 2007. Naquela instituição, como em outras, o convite para que professores que estejam se afastando dêem uma palestra final é comum. Mas não com o tipo de tema escolhido por Randy: como realizar os sonhos de infância, escreve Amarílis.


Randy estava se despedindo não só da comunidade acadêmica. A lembrança que ele queria deixar ali era também para seus amigos e sua família. Embora visualmente parecesse forte e saudável, Randy estava com câncer pancreático, tinha dez tumores no fígado e lhe restavam poucos meses de vida. Mas logo avisou: não falaria sobre a doença, espiritualidade ou religião. O que vieram a seguir foram histórias sobre futebol americano, Jornada nas Estrelas e parques de diversões, que levavam a platéia às gargalhadas e, também, a algumas reflexões.

Após o sucesso estrondoso na internet, as lições de Randy chegam agora às livrarias brasileiras, com o lançamento do seu livro “A Lição Final”. Nos EUA, o livro vendeu até agora, em pouco mais de um mês, um milhão de exemplares, revela a jornalista Amarílis.

Se na palestra ele preferiu não falar muito da mulher, Jai, e dos três filhos, no livro Randy mostra como a perspectiva de uma doença terminal pode afetar a dinâmica familiar, conta Amarílis. Os efeitos vão desde a decisão de mudar de cidade (para que Jai e as crianças estivessem mais próximas da família dela quando Randy morresse) até as pequenas discussões do dia-a-dia: quando a mulher se aborrece, por exemplo, com as roupas que o marido espalha no chão. Jai não quer perder o pouco tempo que eles têm, discutindo sobre coisas como essas.

Em relação aos filhos, a preocupação é relacionada à capacidade de eles se lembrarem do pai: Dylan tem seis anos, Logan, três, e Chloe, um ano e meio. Randy chegou a levar o mais velho para nadar com golfinhos, na esperança de que isso gerasse no menino uma recordação marcante de algo que ambos viveram juntos. Aliás, a própria palestra, conta, foi motivada pelo desejo de que seus filhos pudessem saber melhor quem ele foi.


“A pretexto de promover uma palestra acadêmica, tentei me colocar dentro de uma garrafa que um dia aportasse à praia, para meus filhos. Se eu fosse pintor, teria pintado para eles (...) Mas, como sou professor, dei uma aula".
(trecho do livro)

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