Ubuntu significa: “Eu sou porque nós somos” (ditado africano), uma filosofia que acredita na cooperação para alcançar a harmonia e a felicidade de todos
Tom Simões, jornalista, Santos (Brasil), 21 de junho de 2025
Ubuntu é uma filosofia sul africana
que está profundamente ligada à essência humana, à solidariedade e à
convivência coletiva. Ubuntu não é apenas um conceito teórico, mas uma forma
de viver. Ele valoriza o respeito ao outro, a empatia, a generosidade e o bem
comum. É uma filosofia que reconhece que a humanidade de cada um está
interligada à dos outros.
O bem comum (também comunidade, bem-estar geral ou benefício público) é o que é compartilhado e benéfico para todos ou à maioria dos membros de uma determinada comunidade.
Ubuntu exprime um conceito moral, uma filosofia, um modo de viver que se opõe ao narcisismo e ao individualismo tão comuns em nossa sociedade capitalista. Pode ser uma alternativa ecopolítica para uma convivência social e planetária pautada pelo altruísmo, fraternidade e colaboração entre os seres humanos.
https://www.youtube.com/watch?v=XWDwGDNOCD8
(maravilhosa)
A jornalista e filósofa Lia
Diskin, dedicada a assuntos essencialmente humanitários, nos presenteou (no
Festival Mundial da Paz, em Florianópolis) com um caso de uma tribo na
África chamada Ubuntu. Ela contou que um antropólogo estava estudando os usos e
costumes da tribo e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo
transporte que o levaria até o aeroporto de volta para sua casa. Como tinha
muito tempo ainda até o embarque, ele propôs então uma brincadeira para as
crianças, que achou ser inofensiva.
Comprou uma porção de guloseimas
na cidade, botou num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo
de uma árvore. Daí ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse “Já”,
elas deveriam sair correndo até o cesto e a que chegasse primeiro ganharia
todos os doces da cesta.
As crianças se
posicionaram na linha demarcatória que o antropólogo desenhou no chão e
esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse “Já”, instantaneamente, todas
as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto.
Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre elas e os comerem felizes.
O estudioso foi ao
encontro delas e perguntou por que tinham ido todas juntas, se uma só poderia
ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces. Uma criança
simplesmente respondeu:
“Ubuntu, tio. Como uma de
nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?”
Ele ficou pasmo. Meses e
meses trabalhando nisso, estudando a tribo e ainda não havia compreendido, de
verdade, a essência daquele povo.
Muitas vezes trabalhamos
em cima de uma ideia ou uma convicção tão obsessivamente para ‘ajudar’ aqueles
que consideramos ‘carentes’ ou para mudar os ‘inferiores’ sem perceber que eles
têm o mesmo valor que nós. E até nos surpreendem, muitas vezes, com seu sentido
ético e a forma de se relacionarem.
De acordo com Lia Diskin,
falta ainda um pouco mais de tempo para compreendermos que não existe tal coisa
como uma hierarquia cultural, ou seja, expressões culturais boas e más, certas
ou erradas.
“Na ação de cada gesto ou
na consideração que fazemos do ‘outro’, só conseguimos olhar para o próprio
umbigo e, frequentemente, nos vermos como modelo e referencial. Olhamos as
outras manifestações culturais, outros valores ou outras práticas sociais pelo
nosso prisma, com os valores da nossa cultura.”
A isso a antropologia chama
de ‘etnocentrismo’, ou seja, a ideia de que determinado grupo étnico ou cultura
é o centro do mundo. É o pensamento de que uma cultura ou etnia é melhor ou
mais importante que as outras.
O
etnocentrismo envolve julgar a cultura do outro com base nas próprias crenças,
moral, leis, costumes e hábitos. Embora não necessariamente conduza à crença de
superioridade, coloca a própria etnia como eixo central da interpretação do
mundo.
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Fonte consultada:
https://ensinarhistoria.com.br/ubuntu-o-que-a-africa-tem-a-nos-ensinar/
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