Oliver Harden, escritor, artigo
publicado no Facebook, https://www.facebook.com/custodio.org, agosto 2025
Identifiquei-me bastante com a reflexão desse autor. Porque tenho a
ideia de Deus como uma Divindade adormecida na alma, aguardando ser despertada.
A alma é a essência imaterial e eterna que habita o ser humano, que nos torna
conscientes e capazes de amar, pensar e criar, sendo responsável pela comunhão
humana com o Ser Supremo. Esta abordagem sugere que, embora possamos não
perceber essa força interna, ela está presente, podendo ser despertada pela autorreflexão
mais profunda e significativa.
Nesse sentido, a boa ação humana, que nos torna melhores, tem um significado espiritual. Cada ação bem-intencionada pode ser entendida como uma luz que se acende em nosso interior. Então, à medida que despertamos para o processo de crescimento espiritual, despertamos a Divindade interior inspirando-nos a contínuos novos entendimentos. Nesse estágio, não há como retroceder.
Bem-aventurados os que limitam e destinam suas vidas para conhecer
a si mesmo, fazer ao outro o que gostaria que lhe fizesse; a conhecer e a se
integrar ao Todo que está em tudo.
Ninguém força ninguém a nada. Toda mudança ocorre de forma
espontânea. A mudança é tida como uma lei da vida. A capacidade de se adaptar e
evoluir é uma característica inerente ao ser humano. A história da filosofia é
prova desse conceito: pensadores imortais desafiaram compreensões existentes e
moldaram o mundo com suas sábias ideias.
A metafísica é um ramo da filosofia que estuda a existência do ser
e a natureza da realidade. Ela busca interpretar o mundo, explorando a
constituição e as estruturas básicas da realidade. Na filosofia medieval, a
metafísica era vista como um caminho racional para se chegar a Deus.
Tom Simões
Como descreve Oliver
Harden:
“A maioria deseja o milagre, mas não a intimidade com o sagrado. Quer a dádiva,
mas não a aliança; o efeito, mas não a causa; a luz, mas não a disciplina do
fogo que a gera. A maioria busca o gesto divino como quem exige um favor, não
como quem compreende a profundidade do vínculo que o torna possível.
Milagres sem aliança
Há um tipo de fé que se
alimenta do milagre como quem se alimenta de pão, mas recusa a mesa onde se
partilha o sagrado. É uma fé apressada, utilitária, emocionalmente intensa, mas
espiritualmente oca. Uma fé que exige resultados, mas não oferece presença. Que
ora como quem faz um pedido num balcão invisível, e espera o retorno com a
impaciência de quem já perdeu a capacidade de reverência.
Vivemos numa época em que
muitos querem o milagre, mas poucos desejam a companhia da divindade
Deseja-se a intervenção
celeste, mas não a escuta. O alívio da dor, mas não o silêncio que antecede a
sabedoria. O toque que cura, mas não a palavra que fere o ego. Há nesse tipo de
religiosidade uma espécie de consumo metafísico, como se o divino fosse uma
extensão do desejo humano, e não seu abismo redentor.
Há os que clamam por
respostas, mas não suportariam a voz de um Deus que dissesse: “Antes
do sim, quero o teu coração”. Porque o verdadeiro milagre, esse que não se
vê, mas que transforma, exige entrega. Não apenas pedidos, mas renúncia. Não
apenas bênçãos, mas compromisso. Exige não apenas que se olhe para o alto, mas
que se curve a alma.
O milagre, quando genuíno,
não é espetáculo, é consequência. Ele não é um fim em si, mas a manifestação
última de uma comunhão que já vinha sendo construída nos bastidores da alma. Por
isso mesmo, o milagre escapa aos impacientes, aos oportunistas da fé, aos que
confundem oração com barganha.
A maioria quer a luz, mas
não o fogo que a produz. Quer o fruto, mas não a poda. Quer ser tocada por
Deus, mas não transformada por Ele. Porque transformação dói. E o divino,
quando é real, não se limita a curar feridas, ele revela a causa delas. E aí está
o verdadeiro assombro, que nem sempre queremos saber.
Há uma diferença abissal
entre buscar a Deus e buscar algo de Deus
O primeiro gesto é
encontro, o segundo é consumo. E como toda lógica consumista, quando o pedido
não é atendido, o cliente muda de loja. Muda de credo, de templo, de
vocabulário, mas não muda de postura.
Talvez por isso tantos
clamem por milagres e tão poucos os reconheçam. Porque milagre, no sentido mais
elevado, não é aquilo que muda fora, mas aquilo que irrompe dentro. E para que
isso aconteça, é preciso mais do que desejo, é preciso aliança.
O milagre não é um prêmio,
é um transbordamento. Não é resposta a uma exigência, mas o eco de uma
intimidade. E a maioria, infelizmente, ainda quer o eco sem a voz, a dádiva sem
o doador, o efeito sem a causa.
Mas o sagrado, esse não se
presta a conveniências. Ele se revela, como sempre, aos que se aproximam
descalços”.
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